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- mell280
14/01/2017 07h57
O caminho do perdão
Venildo Trevizan
A humanidade está carente de perdão. Não apenas encontra dificuldade em perdoar os outros, mas principalmente em perdoar-se. E isso abre um vazio enorme em seu interior não permitindo sentir-se segura em poder conviver com os demais e com a própria natureza.
Sabemos que cada ser humano é uma originalidade. Não existe igualdade no pensar, no planejar, no agir e no executar. Cada qual tem sua maneira própria de encarar a realidade que envolve seu comportamento, suas emoções e suas ações. Cada qual tem sua dinâmica pessoal em coordenar e administrar seus sentimentos, seus anseios e suas aspirações.
E isso constitui um mistério muito pessoal. Maravilhoso seria se houvesse um jeito de penetrar nesse mistério. Aí só Deus. E ele não interfere e nem impõe absolutamente nada. Respeita o modo de ser, o jeito de conceber e a maneira de fazer. Não tolhe a liberdade de quem quer que seja, pois é pleno em misericórdia e perdão.
E permanece para o ser humano o desafio de entender a dimensão desse gesto de perdão. Sabe que não é fácil conviver com essas diferenças temperamentais. Sabe que não é fácil desligar das mágoas e das injúrias. Sabe que não é fácil superar o próprio orgulho. Sabe que não é fácil perdoar .Mas é preciso saber que o coração de Deus é diferente do coração humano. Ele é perene em sua bondade e é apaixonado em seu amor.
Por mais que o ser humano se esforce, sempre permanecerá a cicatriz de uma ferida não bem curada. Mesmo porque nenhum ser humano é perfeito em seu modo de ser e em seu jeito de fazer. Diferenças no caráter e no temperamento são elementos até importantes para uma boa convivência e um bom relacionamento...
O desconhecido que permanece silencioso no interior de cada ser humano é um fator decisivo para que o relacionamento seja partilhado no respeito e na aceitação, pois não há como entender. Será bem melhor respeitar e aceitar.
O sagrado nisso tudo estará na maneira de cultivar esse relacionamento. É comum as pessoas se relacionarem a partir dos defeitos. Não procuram conhecer as qualidades já que os defeitos aparecem com mais freqüência e mais força. É muito difícil encontrar duas pessoas que convivam e celebrem permanentemente as qualidades.
O comum é cobrar os defeitos em lugar de elogiar as qualidades. E isso tolhe a espontaneidade e a alegria no relacionamento, que passa a ser mais superficial do que sincero. E o perdão, quando se fizer necessário, se tornará difícil e melindroso. Sabemos, porém, que só haverá alegria e paz duradouras onde houver respeito e perdão sinceros.
O mundo padece da triste enfermidade da indiferença diante das pessoas acometidas pelo câncer do rancor e do ódio. Essa enfermidade, além de destruir sonhos, elimina vidas. Essa enfermidade é um terrível veneno que arrasa esperanças e ceifa projetos de amor e de alegria, de fé e de felicidade. É uma enfermidade que leva à morte a própria alma.
Só o perdão transformará essa triste e perigosa realidade. Só o perdão conseguirá refazer a convivência na harmonia e na paz. Só o perdão aproximará de Deus e abrirá o espaço sagrado da comunhão entre a criatura humana e o Criador divino.
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