04/02/2017 07h23
Sal e luz
Toda a mente humana alimenta um desejo insaciável de felicidade. Por maior que seja o esforço, por mais séria que seja a luta sempre permanece o desejo de ser melhor e de conquistar a mais confortável e a mais segura posição.
Existem desafios incontáveis interpelando e questionando. Ninguém poderá se contentar com o pouco e nem querer se instalar numa vida cômoda; também não poderá se refugiar numa religião ritual e de gestos vazios. Isso seria perder-se no cômodo e no superficial.
Para provar o valor e a grandeza de seu modo de ser precisará sair da mediocridade e abraçar o desafio de transformar continuamente a sociedade em que vive. Não é possível se acomodar. É preciso agir. E agir com a sensibilidade de um sábio e a simplicidade de um mestre.
Por falar em mestre, o Mestre dos mestres deixa transparecer em. seus ensinamentos uma proposta desafiadora. Compara as pessoas que se propõem atuar no seu reino com o sal e com a luz. Pede que sejam o sal que dá sabor ao mundo e exorta a serem luz que ilumina e aponta o caminho da realização plena.
Sabemos que o sal e a luz serão valores na medida da ação que exercerem e da missão que cumprirem. Tanto o sal quanto a luz tem sua medida própria. O sal não é para ser consumido como alimento, mas para dar o melhor sabor. E tem que ter a medida certa. Caso contrário será intragável.
A luz também não está para ser olhada diretamente. Se alguém fixar o olhar no sol ou numa lâmpada muito forte não enxergará nada e certamente estragará a própria vista. Não deverá olhar para a luz, mas para os objetos iluminados. Não deverá se alimentar do sal, mas usá-lo na medida certa nos alimentos.
Nessa comparação do sal e da luz, o Mestre quer esclarecer que seus seguidores deverão ser o sal da terra e a luz do mundo. Se em nossa sociedade existem tantos seres humanos que perderam o sabor da vida, da alegria e da paz é porque aqueles e aquelas que deveriam cultivar esse sabor se acomodaram e desistiram de sua missão.
Se em nossa sociedade existem tantos seres humanos vegetando nas trevas da ignorância, da pobreza e do desemprego, é porque os que deveriam iluminar essas mentes e esses corações se apagaram. Deixaram de difundir a luz que Deus lhes concedeu. Abandonaram a missão de instruir e de conduzir. Desistiram de sua crença e de sua religião.
Essa massa humana continuará faminta e sedenta até o dia em que esses corações bem alimentados e bem iluminados decidirem abandonar o comodismo e assumir sua missão. Essa missão é privilegio de quem, a partir da experiência pessoal de sentir a luz de Deus, mudou o conceito e renovou o amor, a fé e a esperança. Tudo mudou. Tudo transformou porque esse ser humano gerou dentro de si uma nova fé e uma nova confiança.
E a alegria retornou nessa casa. E a paz voltou em seu semblante. E o amor se renovou em seu coração. E foi o que o Mestre Jesus nos pediu: “Assim deve brilhar vossa luz diante dos homens, para que vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.” (Mt.5,16)