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Graziela Cristina
PUBLICADO EM: 22/01/2025 17h04


- Qual sua perspectiva para as taxas dos Treasuries ao longo de 2025 com Trump no poder?


Com a volta de Donald Trump à presidência, é preciso olhar além do barulho. Políticas como cortes de impostos e estímulos econômicos podem até gerar inflação no curto prazo, mas o mercado já precificou boa parte desse cenário. É possível que vejamos taxas mais altas no início do mandato, mas o efeito de longo prazo pode ser um ajuste para baixo, já que o impacto inflacionário dessas medidas costuma ser menor do que o alarde. O típico "sobe no boato, cai no fato" é bem provável que aconteça de novo.

- Considera a renda fixa pública americana um bom investimento atualmente?
Sim, Treasuries são sempre uma boa opção, especialmente como proteção cambial. Com o yield do título de 10 anos em patamares pré-crise de 2007 e a possibilidade de valorização do dólar, eles se tornam ainda mais atrativos. Mas é importante contextualizar: no Brasil, temos um juro real muito mais alto. Para quem busca diversificação e segurança, os Treasuries são uma peça importante, mas não a única. Além disso, bonds corporativos americanos podem ser uma alternativa interessante, com prêmios que compensam o risco adicional.

- Qual vencimento escolher? Há algum que seja mais vantajoso agora?
A regra é simples: nunca coloque tudo em um único vencimento. Para prazos curtos, títulos de vencimento menor são mais previsíveis e seguros. Já os prazos longos podem ser interessantes se a estratégia for carregar até o vencimento e aproveitar possíveis quedas futuras nas taxas. É questão de equilibrar os objetivos com o nível de risco que você está disposto a correr.

- Investidor pode ver Treasuries pagando 4,6%, 4,9% e automaticamente achar o investimento pior do que o Tesouro Prefixado, que paga 15%. O que ele deve considerar ao comparar essas opções?
Aqui é uma questão de entender o contexto. Treasuries oferecem segurança quase absoluta e podem ser beneficiados pela valorização do dólar, como vimos em 2024, quando o real perdeu 27% frente à moeda americana. Já o Tesouro Prefixado paga 15%, mas carrega riscos maiores, como volatilidade fiscal e econômica no Brasil. Comparar as taxas sem olhar o risco e a moeda é como escolher um carro só pela velocidade máxima, sem pensar em segurança ou consumo de combustível.

- Para o investidor iniciante é importante saber como investir nos títulos do Tesouro americano. Quais os principais e melhores caminhos, na sua opinião?
Pelo caminho mais simples: plataformas robustas como a da AUVP Capital permitem acesso direto a Treasuries. Outra alternativa são ETFs listados nas bolsas americanas, que podem ser comprados com facilidade e oferecem boa diversificação.

- No Brasil, quais os melhores indexadores e vencimentos para o momento?
IPCA é sempre um bom ponto de partida, principalmente para quem busca proteção contra surpresas inflacionárias. Para quem prefere algo mais dinâmico, os prefixados podem ser interessantes, já que o mercado acredita que a Selic atingiu seu pico. Qualquer melhora no cenário fiscal ou econômico pode reduzir as taxas, beneficiando quem entrar agora.

- Acha que o investidor deveria alocar na renda fixa local e dos EUA ao mesmo tempo? Vê uma mais vantajosa do que a outra?
Diversificação é a palavra-chave. Treasuries oferecem proteção cambial e segurança, enquanto a renda fixa brasileira traz um juro real muito alto, difícil de ignorar. Não é questão de escolher entre um ou outro, mas de entender como cada um complementa sua carteira. Alocar nos dois mercados é uma estratégia inteligente para reduzir riscos específicos e maximizar o retorno real.

- Em ambos mercados, ainda há receios de alta nas taxas que podem trazer perdas na marcação a mercado. Acha que as taxas atuais precisam ser aproveitadas ou vale a pena esperar por um momento de menor volatilidade?
As taxas atuais estão atrativas e momentos de volatilidade são ideais para quem tem estratégia. Em vez de tentar adivinhar o fundo do poço ou o pico do mercado, o melhor é manter aportes consistentes, ajustando conforme o cenário. No longo prazo, quem tem disciplina costuma sair ganhando.Mas no fim, é impossível prever o dólar e ainda mais complexo prever o futuro do Brasil nesse momento. Portanto, eu sigo sempre pelo equilibrio.

 









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