Lauanda Gomes
PUBLICADO EM:
24/09/2025 09h31
Chuvas impulsionam início do plantio de soja no Brasil, mas produtores seguem atentos ao clima

Com o fim do vazio sanitário em algumas regiões produtoras de soja, alguns dos principais Estados que cultivam a oleaginosa já deram a largada nos trabalhos de plantio, e como acontece todo ano, a previsão do tempo é ferramenta imprescindível para os agricultores.
De acordo com Ludmila Camparotto, agrometeorologista da Rural Clima, o início da primavera irá coincidir com o retorno da umidade para grande parte das áreas produtoras do Brasil.
“Em Mato Grosso, onde o plantio já acontece em áreas do norte e noroeste do Estado, com essa previsão de chuva para a próxima semana, eu acredito que muita gente vai se animar a plantar”, diz Camparotto.
A despeito da previsão de umidade para algumas áreas produtoras no Brasil central, a meteorologista ressalta que as precipitações devem ocorrer de forma muito irregular.
“Olhando para a faixa mais central do país, principalmente Mato Grosso e Goiás, teremos uma melhor regularização das chuvas a partir do dia 15 de outubro, que é quando o plantio realmente avança”.
Em Mato Grosso do Sul, onde o plantio da soja está autorizado desde o último dia 16 de setembro, a especialista da Rural Clima também prevê chuvas, mas de forma irregular. Na semana passada, o governo estadual prorrogou até 30 de novembro o Estado de Emergência Ambiental devido às condições de seca extrema.
Prognóstico do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS (Cemtec/MS) aponta que o trimestre de outubro a dezembro será marcado por irregularidades nas chuvas, temperaturas acima da média histórica e uma provável influência do fenômeno La Niña.
“Se tivermos a combinação de chuvas abaixo da média, aliada às altas temperaturas, teremos um solo com menos umidade, o que pode provocar falhas na germinação, atraso da emergência das plântulas e estabelecimento das áreas. Já se o cenário for de chuvas acima da média, podemos ter excesso de umidade no solo, o que pode prejudicar a semente e atrasar a entrada das máquinas no campo”, destaca, em nota, o coordenador técnico da Aprosoja/MS, Gabriel Balta.
Decisões dos produtores
Atentos às previsões nesse início de plantio de soja, os produtores olham para o céu para decidir se colocam ou não a semente no solo. Além do clima, a escolha da semente de soja adequada também influencia diretamente no potencial produtivo da lavoura.
Sadi Beledeli vai semear 1.400 hectares em Sorriso (MT). Ele, que manterá a mesma área plantada no ano passado, já semeou 5% do esperado.
“Tivemos chuvas aqui na semana passada que não estavam nos mapas, mas ela não aconteceu de forma generalizada. A previsão mostra que essa chuva pontual deve continuar, um cenário semelhante ao dos últimos anos. O nosso plantio deve se intensificar a partir do início de outubro”, afirma.
De acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), há 71% de probabilidade de confirmação do fenômeno, que pode começar a se formar em outubro e durar até fevereiro de 2026.
“Se o La Niña realmente acontecer não deveremos ter grandes problemas com veranicos. Também reduzem as chances de chuva intensa no período da colheita. Tomara que seja assim”, afirma o produtor.
Em Mato Grosso, a Conab prevê a semeadura de 13,13 milhões de hectares, aumento de 3,1% se comparado com o ciclo 2024/25.
Se por um lado o La Niña deixa o tempo instável no Centro-Oeste, o seu impacto pode reduzir as precipitações em áreas do Sul do Brasil. Esse é um quadro que já é relatado pelo produtor Wallace Lopez, de Campo Mourão (PR), que vai semear 200 hectares nesta safra, abaixo dos 320 plantados um ano atrás.
“O tempo estava bem seco nos últimos dias. Na nossa região ainda não choveu o suficiente para plantar. Alguns produtores se arriscaram, mas eu vou esperar a chuva chegar. Se fizer alguma área será só para testar a plantadeira”, destaca Lopes. Ele espera que, independente da presença ou não do La Niña, alcance bons rendimentos nesta safra.
“Mais do que querer, é uma necessidade conseguir um resultado melhor nesse novo ciclo. Estamos com chance de impacto do La Niña, que não é bom para o nosso clima, mas ano passado com El Niño também não foi. Eu espero uma melhora das condições para este ano”, afirma.
No Paraná, terceiro maior produtor de soja do país, a Conab estima crescimento de 1,3% na área plantada em 2025/26, que poderá abranger 5,41 milhões de hectares. koreoficial.com.br/

