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André Alves Moreira
PUBLICADO EM: 24/09/2025 14h36


De jovem para jovem: como entender o crédito sem cair em armadilhas financeiras



Educação financeira aparece como fator decisivo para transformar o crédito em trampolim de oportunidades — e não em sinônimo de dívidas

Segundo levantamento da Febraban, 61% dos brasileiros utilizam crédito com alguma frequência, seja no cartão, empréstimos ou financiamentos. O dado mostra que esse recurso já faz parte do dia a dia da população, tanto para manter negócios funcionando quanto para viabilizar projetos pessoais. Mas ao mesmo tempo, quase metade dos brasileiros (46%) ainda não têm, nem planejam contratar crédito, revelando insegurança ou falta de informação sobre o tema.

Essa contradição abre espaço para uma discussão essencial: afinal, o crédito é aliado ou inimigo? Para muitos jovens, a palavra ainda soa como sinônimo de dívida, mas quando usado de forma consciente, o crédito pode se transformar em uma ferramenta estratégica para crescer — seja para abrir uma empresa, investir em estudos ou organizar a vida financeira.

Educação financeira como divisor de águas

De acordo com Deivyd Barros, jovem empreendedor, investidor e fundador da Investeens, o que separa o crédito de ser um aliado ou um vilão é a educação financeira. "O problema não está no crédito em si, mas na forma como a gente se relaciona com ele. Se usado sem planejamento, ele vira um peso. Mas com informação, pode ser um trampolim para conquistar objetivos", explica.

Nesse cenário, a educação financeira deixa de ser apenas um conhecimento técnico e passa a ser uma ferramenta de autonomia. Para jovens que estão dando os primeiros passos no mercado de trabalho, entender juros, prazos e impactos no orçamento é fundamental para não cair em armadilhas.

O crédito como “máquina do tempo”

Uma maneira simples de enxergar o crédito é compará-lo a uma máquina do tempo. Na prática, você pega dinheiro emprestado de si mesmo no futuro — normalmente um mês à frente. Isso significa que, ao fazer uma compra no cartão hoje, você está comprometendo parte da sua renda futura. A reflexão que fica é: vale a pena antecipar um consumo sabendo que, em até 30 dias, a conta precisará ser paga?

Crédito para bens de consumo ou investimento?

O crédito pode ser um aliado poderoso quando usado de forma estratégica. Ele pode funcionar como uma solução de autofinanciamento para investir em conhecimento, comprar insumos para empreender, melhorar equipamentos ou até lidar com emergências de forma mais facilitada. A chave está em entender que não é apenas "pegar dinheiro", mas assumir um compromisso financeiro que precisa ser pago com planejamento.

Um ponto de destaque é como o crédito impacta os jovens empreendedores. Segundo o levantamento da Febraban, 40% das pessoas afirmam recorrer a esse recurso para manter os negócios funcionando. Para quem está começando, a tentação de pegar empréstimos sem avaliar riscos é grande, mas pode comprometer o futuro. "É preciso enxergar o crédito como investimento. Ele deve ser usado com um plano claro de retorno, não como um simples alívio imediato", comenta Deivyd.

O efeito bola de neve dos juros

Se os investimentos crescem lentamente, os juros crescem em ritmo acelerado — especialmente no Brasil. Para se ter uma ideia, os juros do cartão de crédito podem multiplicar em até 5 vezes a inadimplência em apenas um ano. Essa velocidade é muito maior do que qualquer investimento acessível à maioria dos jovens. Por isso, na juventude, quando a renda costuma ser mais limitada, cair no ciclo de juros pode comprometer seriamente o futuro financeiro.

Além do cartão e dos empréstimos bancários, existem hoje diversas modalidades que podem ser utilizadas de forma planejada, como os consórcios para imóveis, automóveis, equipamentos e até procedimentos de saúde. Deivyd reforça“Mas não adianta ter à disposição diferentes ferramentas sem saber como usá-las. A educação financeira deve ser o pilar central de toda decisão para que o crédito cumpra seu papel de acelerar conquistas, e não de criar dívidas impagáveis”, reforça o jovem.


 

 







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