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O QUE QUER JAIR BOLSONARO?


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26/01/2022 10h46

O QUE QUER JAIR BOLSONARO?



 

Bolsonaro quer ser reeleito presidente do Brasil. A maior parte dos analistas políticos aponta que isso é uma missão impossível.

O Presidente tem contra si a imagem de ditador, sua desastrosa condução da crise sanitária, a perda da bandeira da ética e principalmente o fracasso de sua política econômica, que levou o país à inflação e ao desemprego em massa.

Dessas variáveis, porém, a que mais ameaça sua presença no segundo turno é o fracasso econômico. A crise econômica deverá ser determinante para o voto dos brasileiros. Para a dura realidade dos preços e do desemprego, não há fakenews que possa resistir.

Recentemente bateu mais um desespero no Palácio do Planalto: as projeções do mercado para a alta do petróleo neste ano, que deve chegar a US$ 100 o barril, com isso o preço do litro da gasolina saltaria para R$ 8,00. Ainda haveria uma grande desvalorização do real frente ao dólar, obrigando o Banco Central a aumentar os juros.

Bolsonaro ainda tem pela frente algumas iniciativas de fôlego para tentar virar o jogo. Tem a seu favor o Auxílio Brasil de R$ 600,00 mensais, que tentará capitalizar politicamente e a mobilização do Brasil Rural. Segundo programado pelo Instituto Conservador Liberal, criado pelo deputado Eduardo Bolsonaro, teremos este ano a realização em todo o país, de Congressos do Brasil Profundo, testado no fim do ano passado em Rondonópolis, MT. É uma tentativa de organizar o campo conservador rural para apoio ao Mito. Será um belo dueto com as caravanas de Lula.

Mas, apesar disso, Bolsonaro deverá ser derrotado pela inflação nos supermercados e pelo preço nas bombas dos combustíveis.

Entretanto, a ninguém é dado o direito ser ingênuo de que tudo terminará por aí. Bolsonaro tem seu Plano B, a sedição.

Esse foi o caminho tentado por Trump, seu ídolo, quando derrotado.  O Bolsonarismo tentou antecipar isso com o fracassado golpe de sete de setembro. Na ocasião Jair Bolsonaro afirmou que não cumprirá decisões judiciais, ameaçou fechar o Supremo Tribunal Federal, disse que um dos ministros, Alexandre de Moraes, "açoita a democracia", chamou o processo eleitoral sem voto impresso de "farsa" e disse que apenas Deus pode tirá-lo da Presidência.

 Nada mais explicito a respeito do Plano B. É para essa questão que devem estar voltadas as preocupações das forças democráticas. Garantir as instituições e o processo eleitoral, para derrotar Bolsonaro e enfraquecer o bolsonarismo.

Mesmo que não seja eleito, Bolsonaro consolidará em torno de si uma massa fanatizada e armada de cerca de 20% dos eleitores, ou seja, cerca 30 milhões de pessoas, com forte apoio das forças de segurança e da milícia. Só para comparação, a população total da Hungria do primeiro-ministro Viktor Mihály Orbán, seu concorrente a líder mundial da direita, é de apenas 9.835.000 habitantes. Com esse apoio eleitoral, Bolsonaro seria forte concorrente nos principais países europeus.

Depois da queda de Trump, Bolsonaro será o mais forte representante da direita mundial, e já se articula para esse papel. Segundo professor da Universidade Federal do ABC o fundamento da política externa de Bolsonaro é "a aliança com a extrema direita mundial, para fazer do Brasil um polo de difusão dessa vertente". Através dos seus filhos, Bolsonaro tem se articulado com a direita mundial, participando de eventos, visitando e recebendo lideranças da direita francesa, alemã, espanhola, portuguesa e húngara.

Parece difícil imaginar que Bolsonaro possa tirar algum benefício da exploração dessa imagem de presidente mais extremista do mundo. Mas é nessa direção que seu comportamento está direcionado. Mobilizar a bolha bolsonarista para o que der e vier, para o primeiro, o segundo e o terceiro turno. É aí que mora o perigo.

FAUSTO MATTO GROSSO

Engenheiro, professor aposentado da UFMS

Membro do Grupo Conjuntura.

 





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