“Sou cria de Mato Grosso do Sul, gosto de música raiz, fui criado no bailão e gosto de sanfona e viola”, foi logo dizendo o paranaense de Medianeira (PR), onde nasceu em 1981, emendando nas cordas o clássico “Menino da Portela” para fazer o público presente na Praça Generoso Ponce cantar em uníssono. Foi uma empatia de saída que durou todo o show, emocionando também Teló. “Minha nossa, vocês são incríveis”, repetia a cada manifestação dos fãs.
A reação de pelo menos 10 mil pessoas na praça era proporcional a alegria do cantor, que confessou estar motivado para subir ao palco e abrir um festival que considera emblemático para a música, independente de ritmos e fronteiras. “É um evento muito especial para a nossa cultura, sinto-me honrado e feliz de ser convidado e compartilhar esse momento”, disse, em entrevista nos camarins. “Me considero sul-mato-grossense, sou defensor do sertanejo raiz.”
Chalana, 70 anos
O show seria marcado por surpresas no palco, onde Teló recebeu convidados que conhecera pouco antes, como a violeira corumbaense Ivi Rondon, de apenas 17 anos. Nos camarins, onde se encontrou com o governador Reinaldo Azambuja e sua esposa Fátima, entre outros convidados, o cantor estava ligado no que rolava no palco antecedendo a sua entrada. “Quero salva de palmas para essa Orquestra de Câmara do Pantanal, foi emocionante”, pediu.
A orquestra a que se referia era um grupo de jovens do Moinho Cultural Sul-Americano, que já se apresentara até em Dubai, regida pelo maestro Eduardo Martinelli. Depois de “Menino da Porteira” e “Ai se eu te Pego”, o cantor voltou a sacudir o povão com “Chico Mineiro” e “Moreninha Linda”, homenageando Tonico e Tinoco, lembrando dos tempos do Grupo Tradição e dos shows no Barracão de Zinco e Muro Quebrado, em Corumbá.
“Foram músicas que marcaram o início de minha carreira solo”, comentou, para novamente mexer a plateia com a dançante “Fugidinha”. Para não negar seu lado “sul-mato-grossense” incluiu no repertório o hino “Chalana”, composta por Mário Zan na beira do Rio Paraguai. “Foi uma das primeiras guarânias e está completando 70 anos”, lembrou. “Essa música foi inspirada aqui, o que demonstra o quão esse Pantanal é especial, me orgulho de viver aqui”, confessa.
Convidados no palco
O show atingia seu ápice, o público duetava e Teló marejava os olhos, incontido, acompanhado por quatro excelentes músicos no baixo, violão, sanfona e bateria. Vieram outros clássicos, como “Fio de Cabelo” e “Telefone Mudo”, e o esquecimento momentâneo da letra de Trem do Pantanal. “Faz tempo que não toco”, desculpou-se. Ao chamar no palco a violeira Ivi Rondon, Teló pegou a sanfona de jeito e duelou com a viola em “Galopeira”.
A última etapa do show seguiu o repertório de “Bem Sertanejo”, com os sucessos “Boate da Zona Azul”, “Evidências” e “O Mar Parou”. Novos convidados sobem ao palco, desta vez a dupla Henrique e Natan. O primeiro (Henrique Golin) é amigo da família de Teló e se apresenta em bares e festas em Campo Grande; o segundo, é primo do artista. Antes de se despedir, o cantor pede salva de palmas ao governador Reinando Azambuja pela realização do Fasp 2022.
Fotos: Bruno Rezende