- mell280
26/12/2024 08h58
Falta verde nas escolas de Campo Grande, e não há muitas praças e parques por perto que as crianças possam usar, aponta pesquisa inédita
Estudo realizado pelo MapBiomas, a partir de perguntas do Alana, analisou 20.635 escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental, em todas as capitais Quase um quarto (23%) das escolas de Campo Grande não têm áreas verdes. Por que isso importa? Porque, para muitas crianças, a escola representa o principal local para ter contato com a natureza, brincar e aprender ao ar livre – atividades nem sempre possíveis em outros ambientes em seu cotidiano. Essa ausência também não é compensada por praças ou parques próximos que possam ser acessados pelas crianças: a cidade de Campo Grande está entre as cinco capitais com os piores índices de distribuição de praças e parques ao redor de escolas. Praticamente metade, 46% das instituições de ensino, não tem áreas verdes por perto. O levantamento indica que cerca de 90% das escolas em áreas de risco estão dentro ou em até um raio de 500 metros de favelas e comunidades urbanas, e que 51% dessas escolas tem maioria de alunos que se declaram negros, percentual que cai para apenas 4,7% nas escolas com maioria de alunos que se declaram brancos, evidenciando a conexão entre desigualdades e fatores climáticos, bem como o racismo ambiental.
A falta de verde nas escolas é agravada por desigualdades raciais e econômicas, sendo maior para estudantes que vivem em favelas e comunidades urbanas, bem como para alunos negros. São eles também os que estudam em escolas localizadas em áreas mais quentes: cerca de 36% das escolas com maioria de alunos negros estão em territórios com temperaturas 3,57oC acima da média de temperatura da capital, enquanto 16,5% das escolas com maioria de alunos brancos encontram-se na mesma situação. Considerando que 80% das crianças e adolescentes no Brasil vivem em centros urbanos e passam boa parte do seu tempo na escola, se o acesso a áreas verdes não ocorrer ali, a natureza pode não fazer parte de suas vivências. Está cientificamente comprovado que o contato com a natureza melhora todos os indicadores de saúde e bem-estar de crianças e adolescentes, como imunidade, memória, sono, alívio do estresse, capacidade de aprendizado, sociabilidade e desenvolvimento motor. Em cidades cada vez mais cimentadas, com trânsito intenso e insegurança, têm sobrado às crianças e adolescentes o confinamento em espaços internos – e o excesso de telas. Segundo Maria Isabel Amando de Barros, especialista do Instituto Alana que esteve à frente do trabalho, toda a comunidade escolar deve ser incluída nessa transformação das escolas em locais mais verdes e resilientes. “Escolas são equipamentos numerosos, bem distribuídos pelo território, que funcionam como polos de irradiação de conhecimento e cultura em suas comunidades. Ter a natureza como centralidade e dar às crianças oportunidades para brincar e aprender com ela, contribui com a educação ambiental e climática, fomentando o protagonismo necessário para que crianças e adolescentes possam participar efetivamente da transição verde de nossas sociedades”, diz. Sobre o Alana
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