- mell280
07/01/2025 16h14
Sugestão de pauta: Mudança de checagem de fatos na Meta levanta preocupações para o novo formato
Fontes: Marcelo Crespo, professor e coordenador do curso de Direito da ESPM; Bruno Peres e Rafael Terra, professores de marketing digital da ESPM
Nesta terça-feira, 07, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou o encerramento da checagem de fatos nos Estados Unidos. O executivo comunicou ainda que o programa será substituído pelo sistema de checagem por “notas comunitárias”, o mesmo utilizado pelo X (ex-Twitter).
Para Marcelo Crespo, professor e coordenador do curso de Direito da ESPM, esta substituição tem implicações políticas e legais de longo alcance, inclusive no Brasil. “No sistema anterior, a checagem dos fatos era realizada por terceiros independentes e tinha um foco técnico e não enviesado. Ao passar a contar com um sistema de “notas da comunidade” para avaliar o conteúdo, pode-se abrir um largo caminho para a manipulação organizada por grupos com pontos de vista enviesados. Em uma sociedade fortemente dividida, como o Brasil, a subjetividade dos participantes resultará em uma opinião muito mais favorável ao conteúdo dividido e desinformativo e muito menos à discussão.”
O professor destaca que, apesar da nova abordagem parecer inovadora, ela não dispensa os métodos que podem ser aplicados tecnicamente para enfrentar a desinformação de maneira eficaz. “No Brasil, essa mudança tende a reforçar o debate sobre a responsabilidade das empresas envolvidas, tornando a Meta ainda mais dependente da moderação responsável. Além disso, o sistema precisará ser lançado de maneira transparente e em conformidade com as normas nacionais. Esta alteração pode ter um impacto negativo significativo, tanto politicamente quanto legalmente.”
Bruno Peres, professor de marketing digital da ESPM, pontua que a decisão propõe uma abordagem diferente à moderação de conteúdo com uma ideia de promover maior liberdade de expressão, mas sem a confirmação de ser um sistema eficaz. “Não existem testes, estudos ou maiores explicações detalhadas que comprovem o fato, então isso levanta uma série de preocupações sobre a eficácia desse novo formato de combater a desinformação.” Peres destaca ainda que o movimento pode ter ligação política e que a falta de clareza na mudança levanta preocupações para o novo formato.
A decisão da Meta pode impactar a confiança dos usuários, de acordo com Rafael Terra, professor de marketing digital da ESPM. O professor reforça que a mudança pode intensificar a polarização nas redes, tornando ainda mais crucial que empresas e indivíduos atuem com ética para manter a confiança do público. “Embora a mudança promova maior participação, pode gerar preocupações sobre a credibilidade e o controle de desinformação. É um modelo que requer maturidade digital dos usuários para evitar manipulações e vieses.” O professor reforça que é preciso educar a comunidade para que esse sistema funcione adequadamente. Além disso, é importante ficar atento, pois a retirada de verificadores profissionais pode levar à amplificação de notícias falsas e informações prejudiciais. “Isso é especialmente perigoso em contextos políticos ou sensíveis.”
Os especialistas estão disponíveis para entrevistas sobre o tema.
Sobre a ESPM
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