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tudodoms artigo: E, quando a notícia nos alcança?


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  • mell280

13/02/2025 16h18 - Atualizado em 13/02/2025 17h37

tudodoms artigo: E, quando a notícia nos alcança?

A violência sempre foi real, mas só dói de verdade quando nos atinge!

Hosana de Lourdes


Hosana de Lourdes é jornalista do portal tudodoms em Maracaju MS

Nós, jornalistas, estamos acostumados a correr atrás da notícia. Apuramos fatos, buscamos fontes, escrevemos histórias que, muitas vezes, retratam tragédias que não imaginamos viver ou testemunhar tão de perto. Mas e quando a pauta nos alcança? Quando, de repente, uma de nós se torna o centro da notícia, não por seu trabalho, mas por um crime brutal?

 
Hoje cedo, ao acompanhar o noticiário estadual e nacional, me deparei com manchetes que me atingiram como um golpe: “Morre jornalista esfaqueada pelo ex-noivo” e “Feminicídio: jornalista esfaqueada pelo ex-noivo morre na Santa Casa”. Em todos os veículos de imprensa da capital, essa era a principal notícia. O nome da vítima: Vanessa Ricarte, 42 anos, servidora pública no Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul.
 
Vanessa não foi assassinada ao acaso. Foi morta pelo machismo, pela violência que insiste em ignorar as vozes das mulheres. Horas antes de ser esfaqueada, ela fez o que tantas outras já fizeram antes: denunciou seu agressor. Foi até a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), registrou um boletim de ocorrência. Voltou para casa, acompanhada de um amigo, apenas para buscar seus pertences. E foi nesse momento que o ex-noivo, aquele que deveria ter sido contido pela lei, desferiu três golpes de faca contra ela, na região do tórax.
 
A sensação que fica é de impotência. De que não somos nada. De que valores mundanos importam mais do que a vida. De que o respeito, o direito de dizer não, ainda são ignorados por muitos. Vanessa não foi a primeira e, lamentavelmente, não será a última vítima desse sistema falho, dessa sociedade que tolera, que relativiza, que culpa a mulher, mas dificilmente pune o agressor da forma que deveria.
 
Feminicídios não são tragédias isoladas. São crimes anunciados, precedidos por ameaças, agressões, denúncias que nem sempre recebem a devida atenção. A morte de Vanessa não pode ser apenas mais um número. Precisamos falar, denunciar, cobrar. O silêncio nunca pode ser uma opção quando a violência persiste.
 
Que essa notícia, que hoje dói em tantos de nós, seja um alerta. Para que mais Vanessas tenham suas vozes ouvidas antes que seja tarde demais.
 
 
*Hosana de Lourdes é mulher, mãe, avó e  jornalista DRT 483/MS, no portal - tudodoms 




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