“Tenho orgulho de ser quem sou. Tudo que consegui até aqui me deixa orgulhoso. Minhas dificuldades não são obstáculos, são características minhas que me ajudam a evoluir”, afirma Luís Felipe. Ele desenvolve uma cartilha em quadrinhos sobre fósseis do estado, unindo ciência, acessibilidade e linguagem inclusiva.
Outro protagonista é Héctor Ishikawa, também autista e bolsista no Bioparque, que atua diretamente no setor de manejo ao lado dos médicos-veterinários. Sua dedicação, foco e competência se destacam nas rotinas diárias do cuidado com os animais aquáticos.
“Ele tem um talento nato para o trabalho técnico e um senso de responsabilidade admirável. Sua presença fortalece a equipe e mostra como o ambiente inclusivo favorece o florescimento de habilidades únicas”, afirma o médico-veterinário, Edson Pontes.
A engenheira eletricista Carolina Ferro é autista e possui superdotação, no Bioparque a profissional desenvolve pesquisas na área de automação e Inteligência Artificial. “Eu fui contratada na época da obra para fazer o levantamento do equipamento e a licitação. Fui muito bem recebida pelos engenheiros que já atuavam no Bioparque. Atualmente atuo em pesquisa para desenvolver novas tecnologias”, contou.
O Bioparque tem investido em acessibilidade física, sensorial, comunicacional e atitudinal. Para a coordenadora de acessibilidade, Beatriz Marques Lunardi, isso representa um compromisso real com a diversidade.
“Não basta ter rampas e elevadores. É preciso formar equipes preparadas, acolhedoras, com sensibilidade para atender cada pessoa como única. Isso muda a experiência de quem visita o Bioparque”, explica.
A sala de acomodação sensorial também tem acolhido visitantes com Transtorno do Espectro Autista, como relatou Rafaela Molina, mãe da pequena Ana Beatriz, autista nível 2. “Foi acolhedor. Aqui receberam a Ana Beatriz do jeito certo. Ela se sentiu segura e respeitada”.
Essas ações fazem parte do programa “Bioparque Para Todos – Iguais na Diferença”, idealizado pela diretora-geral Maria Fernanda Balestieri, que busca garantir o direito ao lazer, ao conhecimento e à participação plena de todas as pessoas.
“No Bioparque Pantanal, nós não apenas abrimos portas, nós enxergamos pessoas.
Entre nossos colaboradores, temos profissionais autistas que nos mostram, todos os dias, que a diferença é uma força. Com seu olhar único, sua sensibilidade e dedicação, eles enriquecem nossa equipe, nossos processos e nossa forma de ver o mundo. Acreditamos que a verdadeira inclusão vai além de abrir portas, é valorizar, respeitar e criar condições reais para que cada pessoa possa florescer com dignidade. É assim que construímos um Bioparque vivo, humano e verdadeiramente acessível”, destaca Maria Fernanda.
Fotos: Eduardo Coutinho