- mell280
23/06/2025 10h39
Reserva ambiental no Cerrado mineiro ganha projeto inédito de carbono

Localizado no Norte de MG, projeto é o primeiro de uma usina sucroenergética no bioma. Iniciativa é desenvolvida em área da Usina Coruripe, com assessoria do Itaú Unibanco, Reservas Votorantim e EQAO
Uma área de 15 mil hectares de Cerrado em alto nível de conservação no Norte de Minas Gerais receberá o primeiro projeto de carbono de uma usina sucroenergética no bioma. A iniciativa da Usina Coruripe, proprietária da área, poderá gerar 72 mil créditos por ano, que serão certificados dentro da metodologia REDD, direcionada a esforços de conservação florestal. Batizado de REDD Sertão Veredas, o projeto conta com assessoria de carbono do Itaú Unibanco, responsável pela comercialização, e da Reservas Votorantim e EQAO, encarregados da consultoria técnica e originação dos créditos.
O projeto será desenvolvido na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Porto Cajueiro, localizada no município de Januária (MG). O local integra o “Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu”, conjunto de territórios conservados na margem esquerda do Rio São Francisco com o objetivo de conciliar a proteção da biodiversidade à valorização cultural e social das comunidades. Existem evidências que demonstram que a região está sob pressão de desmatamento legal, o que traz adicionalidade ao projeto.
“A Usina Coruripe tem o objetivo de valorizar seus ativos ambientais, tornando-os economicamente autossustentáveis e, assim, desenvolver novas atividades socioambientais na região do Cajueiro. A Reserva está no bojo das nossas melhores práticas, por isso, aplicar um projeto de carbono com parceiros tão experientes é uma forma de reconhecer o trabalho que vem sendo feito no local ao longo dos anos”, diz Mario Lorencatto, presidente da Usina Coruripe.
Os créditos serão gerados com base na metodologia REDD (redução de emissões por desmatamento e degradação florestal), aplicada a áreas com alta pressão de desmatamento, e submetidos à Verra, principal certificadora internacional de créditos de carbono. Ou seja, reconhece áreas que, por lei, poderiam ser suprimidas, mas contam com o esforço conservacionista de manutenção da biodiversidade e, consequentemente, de sequestro e estoque do carbono. Em outra área menor, de 144 hectares, próxima à RPPN, será promovida a restauração florestal, com a aplicação da metodologia ARR (Afforestation, Reforestation and Revegetation), que reconhece iniciativas de captura de carbono através da recuperação de vegetação nativa.
“O Itaú Unibanco acredita no potencial transformador do mercado de carbono para criar os incentivos a fim de impulsionar uma economia de baixo carbono. Um mercado robusto, de alta integridade e interconectado com mercados globais, é essencial para alcançar as metas climáticas do mundo e promover a transição para uma economia verde. Entendemos que o mercado de carbono é uma ferramenta de financiamento climático, criando oportunidades econômicas para empresas e investidores”, diz Maria Belen Losada, head de produtos de carbono do Itaú Unibanco.
O projeto também se destaca pelo bioma escolhido. O Cerrado brasileiro é a savana mais biodiversa do mundo, com mais de 12 mil espécies de plantas e 300 mil de animais (incluindo mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes e insetos). Também é essencial para a regulação climática e hídrica de todo o país, já que abriga oito das 12 principais bacias hidrográficas, e está sendo apontado como o segundo bioma mais ameaçado por ações de desmatamento do Brasil.
“A Reservas Votorantim foi pioneira na geração de créditos de carbono REDD no Cerrado, ainda em 2022. Sempre acreditamos no potencial desse bioma, tanto pela alta capacidade de armazenamento de carbono no solo, quanto pelas particularidades que o tornam tão importante para todo o país. Agora, com o projeto em Porto Cajueiro, contribuímos com nossa expertise para o desenvolvimento de novas formas de gerar receita com a floresta em pé, garantindo a continuidade dos esforços conservacionistas por todo o país”, diz David Canassa, diretor executivo da Reservas Votorantim.
“O projeto que estamos desenvolvendo vai além do carbono. É um compromisso com um bem maior, que é a conservação das matas nativas, com a garantia dos serviços ecossistêmicos que elas nos oferecem, como o abastecimento hídrico, e o apoio às comunidades que dependem delas”, diz André Leal, head de Carbono da EQAO.
A RPPN Porto Cajueiro
Às margens do Rio Carinhanha, importante afluente do Rio São Francisco, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Porto Cajueiro conta com a presença de espécies típicas do Cerrado, como onças-pintadas, lobos-guarás, iraras, antas e jaguatiricas.
Entre as iniciativas desenvolvidas está o “Projeto Bicudo”, que leva o nome do pássaro que esteve na relação de animais extintos e não era avistado há pelo menos 30 anos. Hoje, são realizadas soltura e monitoramento da espécie, além de ações educativas com a comunidade sobre a importância da manutenção da biodiversidade local. O local também serve como base para órgãos de prevenção e combate a incêndios, além de desenvolver pesquisas em parceria com universidades.
Sobre a Usina Coruripe
A Usina Coruripe, controlada pelo grupo Tércio Wanderley, com sede em Coruripe (AL) e fundada em 1925, é a maior empresa do setor sucroenergético no Norte/Nordeste. Está também entre os maiores grupos do setor em Minas Gerais e é uma das 10 maiores do Brasil. Com quatro unidades em Minas Gerais (em Iturama, Campo Florido, Carneirinho e Limeira do Oeste), uma em Alagoas (Coruripe) e um terminal ferroviário próprio em Iturama, a Usina Coruripe possui capacidade de moagem de 16,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, produz mais de 1 milhão de toneladas de açúcar, cerca de 500 milhões de litros de etanol, com capacidade de armazenagem de cerca da metade dessa produção, e comercializa energia renovável produzida a partir da queima de biomassa.
Sobre a Reservas Votorantim
A Reservas Votorantim é uma empresa do portfólio da Votorantim S.A, gestora de territórios, e que atua como desenvolvedora de projetos para a economia verde, focada em soluções baseadas na natureza. A companhia tem aproximadamente 130 mil hectares de territórios sob gestão, onde desenvolve negócios sustentáveis orientados pelo conceito de múltiplo uso da terra, atuando em segmentos como crédito de carbono, reserva legal, biodiversidade, entre outros. Fundada em 2015 e lançada ao mercado em 2022, a Reservas Votorantim tem como foco gerar valor com a floresta em pé, provando que é possível combinar conservação e geração de receita com impacto ESG. Saiba mais em www.reservasvotorantim.com.br
Sobre a EQAO
A EQAO faz parte de um Grupo especializado na Jornada de Descarbonização, oferecendo soluções integradas e personalizadas para apoiar empresas em seus compromissos climáticos. Com uma atuação que vai da originação de créditos de carbono e certificados de garantia de origem, até estratégias de descarbonização sob medida para diferentes setores, suas iniciativas custo-efetivas combinam alto rigor técnico com inovação. A companhia é a mais longeva em atividade, com seus 25 anos de história ininterrupta e ampla atuação no mercado de carbono internacional. Possui presença consolidada em diversos países, tendo registrado mais de uma centena de projetos nos principais padrões globais (UNFCCC, Verra, Gold Standard e GCC), e assessorado mais da metade das Emissões dos créditos de carbono em projetos MDL brasileiros. Saiba mais em www.eqao.com.br.