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- mell280
26/06/2025 11h03
O IPCA-15 de junho confirmou mais uma leitura benigna da inflação no Brasil", diz Alexandre Maluf, economista da XP
Katia Hochman
O índice apresentou alta de 0,26% em junho na comparação mensal, abaixo da projeção da XP de 0,30%. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses recuou de 5,40% em maio para 5,27% em junho. A surpresa baixista em relação a nossa projeção foi explicada principalmente pelas variações menores do que o esperado em itens como condomínio, aluguel e passagem aérea.
Combustíveis, alimentação e energia elétrica
Dentre os destaques, a deflação nos preços da gasolina voltou a impactar positivamente o índice, refletindo os cortes promovidos pela Petrobras e a melhora dos preços internacionais do petróleo. Por outro lado, a energia elétrica teve aumento expressivo de 3,3% no mês, já antecipado pelo acionamento da bandeira vermelha.
No grupo de alimentação, houve deflação de 0,2%, com quedas acentuadas em arroz, feijão, tubérculos, raízes e legumes, especialmente tomate, hortaliças, frutas e ovo de galinha (com recuo de 7%). O leite também apresentou redução, assim como os óleos e gorduras, com destaque para o óleo de soja (-1%). Já o café teve alta de 3%, embora em desaceleração.
Bens industrializados e câmbio
Os bens industrializados mostraram mais uma leitura moderada, com alta de apenas 0,06% no mês, contra 0,41% no IPCA-15 anterior. Esse movimento reflete a apreciação do real, que passou de R$ 6,20 no fim de 2024 para a faixa de R$ 5,50 a R$ 5,60 atualmente. Com o petróleo abaixo de US$ 70, a expectativa da XP é de continuidade do arrefecimento nesse grupo ao longo do ano.
Serviços e núcleo da inflação
No segmento de serviços, o maior alívio veio da passagem aérea, que subiu apenas 0,80% (frente à projeção de 5%), contribuindo significativamente para a surpresa positiva do IPCA-15. Aluguel e condomínio também apresentaram variações menores, reforçando o movimento de arrefecimento nos serviços subjacentes, cuja média móvel trimestral anualizada caiu de 7,4% em maio para 6,15% em junho.
Serviços intensivos em mão de obra também cederam, passando de 6,4% para 6% na mesma métrica. Ainda assim, em 12 meses, essas métricas seguem elevadas: os serviços subjacentes estão em 6,7%. A XP acredita que haverá descompressão gradual, mas limitada, devido ao mercado de trabalho ainda aquecido e custos unitários do trabalho elevados.
A média dos núcleos de inflação também apresentou alívio na margem, indicando uma melhora relevante no curto prazo, embora ainda com níveis elevados em componentes sensíveis à política monetária.
Projeções e implicações
A XP projeta IPCA de 5,5% para 2025 e 4,7% para 2026, ambos com viés de baixa. A percepção de melhora no quadro inflacionário — impulsionada pelo câmbio favorável e alívio em preços administrados e serviços — pode abrir espaço para revisões baixistas nas expectativas de inflação e, eventualmente, até para discussões sobre cortes de juros mais cedo, embora esse ainda não seja o cenário base da XP.
Alexandre Maluf, Economista da XP.
