01/08/2025 06h37
Resiliência não basta, é hora de gestão inteligente nas empresas
Anderson Ozawa*
Entre avanços tímidos e riscos persistentes, o primeiro semestre de 2025 foi um retrato claro da economia brasileira: lento avanço em meio às incertezas internas e externas. O Produto Interno Bruto cresceu menos do que o esperado, refletindo a combinação entre juros ainda elevados, consumo moderado e investimentos travados pela cautela empresarial. Embora o Banco Central tenha dado continuidade ao ciclo de cortes da Selic, os efeitos ainda não se propagaram com força suficiente para destravar o crédito e impulsionar a retomada.
A inflação segue controlada nos índices oficiais, mas com pressões localizadas nos setores de serviços e alimentos — pontos que afetam diretamente a percepção e o comportamento de consumo das famílias. O mercado de trabalho apresenta indicadores positivos na superfície, com redução do desemprego, mas com peso significativo da informalidade, o que exige uma leitura mais profunda da qualidade da ocupação e da produtividade real.
A travessia das empresas: estratégia, não sorte. O primeiro semestre revelou uma divisão clara entre empresas: aquelas com planejamento estratégico, governança de recursos, capacidade de execução e foco em resultados sustentáveis, ganharam tração, mesmo em cenário adverso. Já as que ainda operam com base em improviso, dependentes de conjunturas externas ou sem clareza de direção, ampliaram seu nível de exposição e fragilidade.
Mais do que nunca, o ambiente exige maturidade de gestão. A leitura fria dos indicadores macro não basta. É preciso traduzir cenário econômico em decisões práticas — seja ajustando portfólios, redesenhando estruturas ou reconfigurando o papel da liderança. Empresas resilientes já não são suficientes. Precisamos de organizações adaptáveis, disciplinadas e estrategicamente posicionadas. E conscientes.
Diante dos dados e da conjuntura atual, é possível projetar três cenários para os próximos meses:
1 - Cenário base (continuidade com cautela): queda progressiva da Selic, recuperação gradual da confiança e manutenção de políticas fiscais prudentes. Setores mais organizados e tecnologicamente atualizados tendem a liderar o ritmo da retomada.
2 - Cenário otimista: com melhora do ambiente externo (especialmente Estados Unidos e China) e avanço institucional interno, é possível vislumbrar aceleração do investimento privado, queda do custo de capital e melhora no nível de atividade a partir do quarto trimestre.
3 - Cenário pessimista: instabilidade política, fragilidade fiscal e choques externos podem pressionar o câmbio, elevar o risco país e reverter as expectativas positivas, especialmente nos setores mais sensíveis ao crédito e à confiança.
O Brasil não pode mais contar apenas com ciclos econômicos. O segundo semestre exigirá decisões embasadas, agilidade tática e profundidade estratégica.
Para os líderes empresariais, a mensagem é direta: em um ambiente onde as variáveis macro estão fora do nosso controle, a única vantagem competitiva real está dentro das empresas — e ela se chama gestão inteligente com governança eficiente de recursos.
*É CEO da AOzawa Consultoria, especialista em Prevenção de Perdas e Governança, consultor com mais de 40 programas de prevenção de perdas implantados com sucesso, palestrante, professor da FIA Business School e autor do livro “Pentágono de Perdas: Transformando Perdas em Lucros”
SOBRE A AOZAWA CONSULTORIA (www.aozawaconsultoria.com.br)
Fundada em 2014 pelo professor Anderson Ozawa, a AOzawa Consultoria é especializada em soluções estratégicas, com foco em transformação, governança e impacto sustentável. Atua com uma abordagem personalizada, unindo experiência executiva de alto nível a um profundo compromisso com a entrega de valor real aos clientes com o método Pentágono de Perdas.