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Dora perdeu R$ 115 mil, mas recomeçou fazendo fonte de pedra


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  • mell280

12/08/2025 11h24

Dora perdeu R$ 115 mil, mas recomeçou fazendo fonte de pedra

Artesã constrói sozinha peças originais de pedra natural que chegam a custar R$ 28 mil

Por Natália Olliver


 Dora Carneiro, de 58 anos, não sabia fazer absolutamente nada do que faz hoje. De um dia para o outro, ela começou a fazer fontes ornamentais de pedra natural e nunca mais parou. O talento já estava ali, escondido em algum canto que, até agora, ela não sabe. Em 2002, a vida mudou, foi da venda de joias e de um prejuízo de R$ 115 mil que nasceu a oportunidade de fazer algo novo que ela não troca por nada.

 
 
O trabalho, todo manual, é feito solo e custa de R$ 380 a R$ 28 mil. Até para igrejas ela já construiu fontes. Segundo a artesã, ela não faz grandes projetos, conta mais com a inspiração e nunca repete o design.
 
“Uma fonte nunca fica igual a outra, faço sempre diferente. Não fiz nenhum curso e nunca achei alguém que me ensinasse também”. Foi após uma situação difícil e uma terapia de reiki  (terapia alternativa) que ela descobriu a vocação.
 
Campo Grande News
 
Há 13 anos no ramo ela não pensa em abandonar profissão (Foto: Marcos Maluf)
“Antes de eu começar a fazer fonte, eu vendia semijoia, ouro, prata há mais de 13 anos. Aí, um dia, me roubaram tudo. Eu ainda tentei vender por dois anos. Não consegui, fiquei muito ruim da cabeça, aí fui parando. Eu comecei a fazer um esboçozinho de uma fonte de pedra, dois jarrinhos, e também já sabia como, o que eu tinha que fazer: comprar uma bomba, colocar dentro de uma bacia. E foi por aí que deu início”.
 
As primeiras fontes que Dora fez, ela confessa que não ficaram boas, mas que se sentiu bem fazendo algo manual. O objetivo nunca foi fazer sucesso, mas ela recebe elogios pelo trabalho de coração aberto, inclusive as críticas quando elas aparecem.
Dora perdeu R$ 115 mil, mas recomeçou fazendo fonte de pedra
 
 
O trabalho é feito todo manual sem ajuda de terceiros (Foto: Marcos Maluf)
“Ficaram feinhas, e aí depois foi melhorando a qualidade, eu fui aprendendo um pouco mais. Nunca achei ninguém que me ensinasse a fazer, nunca fiz nenhum curso. E aí, de repente, eu faço fonte e elas vêm na minha mente, os modelos, tudo. No início eu tive dificuldades". A primeira grande fonte que fez foi no Parque dos Poderes.
 
Quando começou a fazer as fontes maiores, as fixas, Dora ia até o local, fazia o orçamento e muitos clientes acreditavam que, no dia seguinte, ela apareceria com uma equipe de trabalho. Mas o receio surgia quando percebiam que ela fazia tudo sozinha, desde carregar areia a preparar a massa.
 
Dora perdeu R$ 115 mil, mas recomeçou fazendo fonte de pedra
 
 
Estética das peças são fruto da inspiração e dos anos de carreira (Foto: Marcos Maluf)
Dora conta que já até tentou parar de fazer as fontes ao longo dos anos, mas que não consegue. “É o que mais me realizo, é o que mais me deixa feliz. Já estou chegando aos 60 anos, não sei até onde vou conseguir ir fazendo. Eu tive só um excelente ajudante nesse tempo todo, mas hoje não tenho mais, aí trabalho sozinha novamente”.
 
O trabalho não é só contratado por pessoas que querem enfeitar a casa ou ambientes externos, mas por clínicas e por quem tem dificuldades para dormir. O som ajuda a relaxar.
 
 “Já vendi fonte para pessoas que têm depressão, para ajudar. As clínicas também pedem muito. Faço em piscina, em fazendas também. Já fiz em Nova Alvorada, Aquidauana, Rochedo, Rio Verde, Porto Murtinho. Já até foi fonte minha para o Rio de Janeiro. Já fiz mais de 800 fontes nesse tempo”.
 
 
Dora perdeu R$ 115 mil, mas recomeçou fazendo fonte de pedra
Uma das fontes feitas por dora para enfeitar a area externa de clínicas (Foto: Arquivo pessoal)
Para ela, a hora que mais gosta é, de fato, colocar a mão na massa. Além de criar do zero a peça, ela também customiza as que já existem e conserta algumas.
 
“Gosto de criar porque o artesão tem isso, tem que inventar, criar coisa diferente. Eu sempre achei que daria certo porque as pessoas me falavam isso”.
 
O trabalho é algo que a mantém viva e enche de orgulho a si mesma. Dora relata uma vez em que fez um trabalho para uma igreja e viu um fiel rezando aos pés da fonte e da imagem que estava nela.
 
 
“Fiquei olhando aquilo que eu fiz, sem projeto nenhum, e alguém confiar em mim era valoroso. Fiquei olhando a forma que fiz, as pedras que coloquei. De repente, chega alguém que colocou a mão perto da fonte, que tinha uma santa, e aquilo me emocionou. Eu tive participação naquele momento. Isso, para mim, é gratificante demais”.
 
Confira a galeria de imagens:
 
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