Começou na quarta-feira, 20 de agosto, e segue até domingo, 24, o Festival de Inverno de Bonito (Festin), que chega à sua 24ª edição como um dos maiores eventos culturais de Mato Grosso do Sul. A cidade turística recebe grandes atrações musicais, como Elba Ramalho, Titãs, Samuel Rosa e Jorge Aragão, que se apresentam no tradicional Palco Lua, reunindo moradores e visitantes em noites de muita música e celebração.

Mas o Festin vai além dos shows. Durante o dia, a programação se espalha pela Praça da Liberdade, onde acontecem oficinas culturais, apresentações de teatro, exposições de artes visuais e feira de artesanato, valorizando a produção local e regional.

Festival Lixo Zero e ações de descarbonização

Neste ano, o festival ganha um diferencial importante: o compromisso com a sustentabilidade. A meta é realizar um evento “Lixo Zero”, estimulando o público a separar corretamente resíduos em lixeiras espalhadas pelo espaço. O material coletado é encaminhado para reciclagem ou compostagem, transformando restos de comida em adubo e garantindo que plásticos, metais, vidros e papéis voltem para a cadeia produtiva. Apenas rejeitos sem reaproveitamento, como isopor, bitucas de cigarro e plásticos descartáveis de uso único, terão outro destino.

A Ciclo Azul, empresa socioambiental fundada por moradores de Bonito, é a responsável por liderar o gerenciamento de resíduos sólidos durante o festival e pelas ações de descarbonização na cidade. A empresa atua para maximizar o desvio de materiais de aterros e lixões, fortalecendo a rede local de catadores, cooperativas e empreendedores da economia circular.

A rede hoteleira de Bonito dá exemplo com o compromisso programa "Lixo Zero". Esse conceito nada mais é do que assumir a responsabilidade pelo lixo gerado ainda na fonte, garantindo que todo resíduo tenha um destino adequado. Com a separação correta já no momento do descarte, os hotéis passam a contribuir ativamente para a preservação ambiental, reforçando a imagem de Bonito como referência em turismo sustentável e comprometido com o futuro verde da cidade.

Segundo os organizadores, todo esse investimento gera impacto direto em Bonito, que possui apenas 24 mil habitantes, mas recebe cerca de 300 mil visitantes por ano. Reconhecida pela excelência no turismo de base natural, a cidade enfrenta desafios na gestão de resíduos, tratamento de efluentes e preservação das águas e da biodiversidade.

Beleza natural e compromisso coletivo

Bonito é hoje considerada uma das cidades mais belas do Mato Grosso do Sul e do Brasil, famosa por seus cenários naturais, como a Gruta do Lago Azul, suas cavernas, cachoeiras e aquários de águas cristalinas, que atraem turistas do mundo todo para o ecoturismo e a aventura. Nesse contexto, a transformação do lixo em novos materiais funciona como uma metáfora: uma “indústria de reaproveitamento” que garante a preservação desses tesouros naturais. Assim como os resíduos podem ganhar nova vida, a Gruta do Lago Azul e demais riquezas naturais de Bonito precisam ser conservadas para sempre, refletindo o compromisso do festival e da cidade com o meio ambiente.

Além de contribuir para a preservação, essa verdadeira indústria de reaproveitamento também gera emprego e renda para as pessoas que se dedicam ao trabalho da reciclagem, fortalecendo a economia local e dando dignidade a quem atua diretamente na proteção do meio ambiente.

Vozes do público e da organização

A paulistana Ana Cristina Fontes, 54 anos, que visita Bonito especialmente para o festival, destacou a importância desse compromisso ambiental:

— “Acho importante ter essa consciência e que ela venha somar para o crescimento, porque cada dia o festival ganha um número maior de frequentadores, um público maior, e isso impossibilita o festival de deixar de acontecer, tendo essa consciência ambiental”, afirmou.

O representante da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Eduardo Mendes, ressaltou a relevância da iniciativa:

— “A missão é ajudar Bonito e o estado de Mato Grosso do Sul a se tornarem referência em sustentabilidade e gestão ambiental, preservando rios, florestas e sensibilizando visitantes e moradores. Esse é um legado que vai muito além do festival”.

O prefeito de Bonito, Josmael Rodrigues, que acompanha de perto as ações realizadas pela Secretaria do Meio Ambiente, sob comando da secretária Ana Trevelin, também destacou o avanço do município na área de resíduos sólidos. Durante visita à unidade de tratamento de resíduos, onde materiais são triados e reciclados, ele reforçou a importância da Cooperativa Catadores Paraíso de Bonito:

— “A cooperativa tem um espaço físico estruturado, com máquinas e ferramentas de trabalho que promovem uma verdadeira indústria de reaproveitamento do material reciclável. Como bom exemplo, buscamos oferecer mais segurança, manutenção e melhorias estruturais. É preciso respeitar e oferecer condições dignas para as pessoas que trabalham e, ao mesmo tempo, garantir a conservação do meio ambiente. Os catadores são agentes importantes no auxílio à limpeza e merecem reconhecimento”, destacou o prefeito.

A Casa do Vidro, por si só, já se destaca por sua construção inovadora, utilizando garrafas descartadas em suas paredes, caminhos e diversos detalhes. Esse diferencial faz do local uma atração imperdível em Bonito, promovendo práticas sustentáveis, despertando o interesse dos turistas e gerando emprego e renda para o município. Essa é a indústria que vai levar Bonito para um caminho mais verde, mais ecológico e mais sustentável, tornando-o ainda mais um lugar bonito para se viver, conservando sua arte e sua beleza, e devolvendo a arte para a cidade. As visitas são realizadas durante o horário comercial, contribuindo para movimentar a economia local e incentivar a valorização de iniciativas ecológicas.

Assim, o Festival de Inverno de Bonito 2025 se consolida como um evento que celebra a diversidade cultural brasileira, impulsiona a economia criativa, fortalece o turismo sustentável e inspira a preservação de um dos cenários naturais mais belos do planeta.