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Em agosto, o câmbio oscilou entre níveis de valorização e depreciação


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28/08/2025 11h09

Em agosto, o câmbio oscilou entre níveis de valorização e depreciação

Mariana Cruz - Jornalista responsável


Por Carlos Alberto Rodrigues, gerente de câmbio na WIT Exchange

Segundo Carlos Alberto Rodrigues, gerente de câmbio na WIT Exchange, o mês de agosto foi marcado por um movimento de volatilidade significativa - Créditos: Divulgação

  • Como você avalia o comportamento do câmbio ao longo de agosto? Houve fatores específicos que pressionaram a cotação do dólar frente ao real? 

O mês de agosto foi marcado por um movimento de volatilidade significativa. No começo do mês, tivemos uma trajetória de queda, quando o dólar registrou mínima próximo de R$5,39 pela combinação de 2 fatores: primeiro pelos juros elevados no Brasil, que mantém a atratividade do real para investidores estrangeiros e operações de carry trade; E o segundo pelas expectativas de corte de juros nos Estados Unidos, que ajudaram a enfraquecer a moeda norte americana em relação às divisas de países emergentes.

Porém, esse cenário acabou sendo revertido na segunda metade do mês, quando tivemos o dólar próximo de R$ 5,48. O principal motivo dessa depreciação do real foi o aumento da percepção do risco no Brasil, especialmente em relação à crise diplomática criada com os Estados Unidos, que anunciou tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros.  

O resultado foi um câmbio oscilando entre níveis de valorização e depreciação, refletindo tanto o ambiente internacional de política monetária quanto os riscos específicos relacionados à economia e à diplomacia brasileiras.

  • Qual foi o papel da política monetária dos Estados Unidos (Fed) e do Brasil (Copom) nos movimentos do câmbio em agosto? 

As políticas monetárias dos EUA e Brasil foram bem importantes nos movimentos do câmbio dentro do mês de agosto porque as expectativas do Federal Reserve de iniciar um ciclo de corte de juros nos EUA contribuíram para a desvalorização global do dólar, abrindo espaço para o fortalecimento de moedas de países emergentes, como o real. 

Já a decisão do Copom de interromper o ciclo de alta da Selic também mexeu com o mercado de câmbio. Com os juros batendo 15%, apesar da pausa nesse aumento da Selic, manteve o real atrativo para os investidores estrangeiros e reforçou a atratividade de se ter os juros ainda elevados por algum tempo no Brasil, ainda que esse movimento acabou sendo um pouco ofuscado por fatores externos. 

  • Quais são os principais fatores que podem influenciar o câmbio em setembro? 

Em setembro, ainda devemos ver o câmbio sendo influenciado tanto por fatores internos quanto externos. Dentre eles, podemos citar a crise diplomática com os Estados Unidos e os impactos que suas tarifas possam trazer ao Brasil, além das decisões de política monetária do Fed e do Copomque afetam a taxa de juros e o fluxo de capitais. E, por fim, o cenário político no Brasil e os dados econômicos aqui e em outros países que devem ditar os movimentos e volatilidade no mercado de câmbio.

  • Quais eventos explicam as flutuações observadas (por exemplo, queda até R$ 5, 392 em meados do mês, seguida de aumentos para cerca de R$ 5, 47–5,48)? 

Os principais eventos que determinaram as flutuações observadas no de agosto foram, por um lado, as expectativas de cortes de juros nos EUA pelo Fed, que atrai mais capital estrangeiro para o Brasil e fortalece nossa moeda, e, por outro, a crise diplomática entre Brasil e EUA, com o anúncio de tarifas em até 50%, que aumentaram a percepção de risco e ajudaram na valorização do dólar.

  • Qual foi o impacto da crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, especialmente a imposição de tarifas de até 50%, no comportamento do dólar? 

A imposição de tarifas pelos Estados Unidos, no contexto da crise diplomática, elevou a incerteza em relação à economia brasileira, gerando saída de capitais e maior demanda por proteção em dólar. Esse movimento resultou na desvalorização do real.

  • De que forma a decisão do Banco Central de interromper o ciclo de alta da Selic impactou o câmbio em agosto? Quais as expectativas do câmbio para a próxima Super Quarta? 

Impactou no sentido de sustentar a atratividade do real em relação ao dólar, uma vez que a expectativa era de possíveis cortes nos juros americanos. Assim, o Brasil se manteve atrativo para operações de carry trade e ajudou a conter pressões maiores de depreciação, mesmo em meio à crise diplomática com os EUA. 

Para a próxima Super Quarta, o câmbio deve reagir à combinação das decisões do Copom e do Fed: caso o Banco Central brasileiro mantenha a Selic alta e o Fed sinalize cortes de juros, o real tende a se valorizar; já um tom mais conservador do Fed ou sinais de flexibilização no Brasil podem favorecer nova alta do dólar.

  • Como o conjunto das decisões na super quarta pode influenciar o câmbio e o fluxo de capitais para mercados emergentes, especialmente o Brasil? 

Se o Fed cortar juros e o Copom manter a Selic alta, aumenta a entrada de capitais e o real tende a se valorizar; já um Fed mais conservador ou tendo sinais de afrouxamento no Brasil podem depreciar o real e valorizar o dólar.

  • Quais fatores sustentam a hegemonia do dólar hoje, mesmo diante de iniciativas como o BRICS Pay e o uso crescente do yuan e do euro? Em que condições outras moedas poderiam, de fato, reduzir a hegemonia do dólar?

Os principais fatores de sustentação da hegemonia do dólar hoje são, principalmente, o fato do dólar ser a moeda de reserva global, sendo amplamente utilizada no comércio internacional, investimentos e emissões de dívida de todos os países. Temos também a alta liquidez e profundidade dos mercados financeiros nos EUA, que trazem estabilidade institucional e econômica. Além disso, podemos citar a infraestrutura financeira mundial, que é fortemente dolarizada, desde contratos até sistemas de pagamento que integram e interligam o sistema financeiro global.

Dessa forma, para outras moedas e iniciativas conseguirem reduzir essa hegemonia, seria necessário uma forte aceitação e confiança global a essas novas alternativas, demonstrando todas as condições necessárias para isso. Também ter uma rede global de pagamentos confiável e altamente capilarizada é fundamental para poder integrar todos os países e se mostrar suficiente como alternativa aos sistemas baseados no dólar. Um movimento desses leva tempo e não reduziria em curto ou médio prazo a hegemonia do dólar.

Carlos Alberto Rodrigues, gerente de câmbio na WIT Exchange - Créditos: Divulgação

Sobre a WIT - Wealth, Investments & Trust

A WIT - Wealth, Investments & Trust - é assessoria, planejamento e execução para cuidar do patrimônio de pessoas, grupos familiares e empresas, de forma integral e sincronizada, apoiada por uma sofisticada estrutura de especialistas e de empresas que atuam de forma independente, porém complementar. O multi family office atua nas áreas de assessoria de investimentos; fundos exclusivos; câmbio e remessas internacionais; serviços financeiros e emissão de dívidas em mercado de capitais; ativos imobiliários e consultoria patrimonial. Atualmente, a empresa está presente em nas capitais de São Paulo e Paraná, em Curitiba, e em cidades do interior paulista: Campinas, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, São João da Boa Vista, Araçatuba, Votuporanga, Jundiaí e Itu.

 

 





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