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55% dos colaboradores temem que a tecnologia possa tornar as relações de trabalho menos humanas


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  • mell280

17/09/2025 16h48

55% dos colaboradores temem que a tecnologia possa tornar as relações de trabalho menos humanas

Luisa Pereira


Crédito: Freepik

 

Enquanto gestores enxergam ganhos de eficiência, desafio do RH é equilibrar inovação e empatia para preservar a confiança e a cultura organizacional

 

 

A relação entre tecnologia e pessoas nas empresas nunca esteve tão em evidência. De um lado, líderes e executivos veem na Inteligência Artificial (IA) a oportunidade de otimizar processos, reduzir custos e aumentar a assertividade das decisões. De outro, parte significativa da força de trabalho demonstra preocupação com os impactos dessa transformação no dia a dia. Uma pesquisa da Gallup, realizada em 2024, revelou que 55% dos colaboradores temem que a tecnologia torne as relações de trabalho menos humanas, levantando um alerta sobre o risco de substituição do contato humano por interações digitais.

No Brasil, o cenário é ainda mais complexo. Segundo levantamento da Gartner, 70% dos líderes de RH afirmam que já utilizam ou estão em processo de adoção de IA em suas rotinas. A pressão por resultados ágeis, aliada à busca por eficiência, acelera a digitalização das práticas de gestão de pessoas. Nesse contexto, surge uma questão fundamental: como equilibrar o uso de novas tecnologias com a preservação de valores como empatia, diálogo e senso de pertencimento?

O dilema da eficiência versus humanidade

A automação de tarefas repetitivas, como triagem de currículos, agendamento de entrevistas ou análise de benefícios, trouxe ganhos evidentes para o setor de Recursos Humanos. As ferramentas de IA oferecem velocidade e precisão que dificilmente seriam alcançadas apenas por meio do trabalho manual. Isso libera tempo para que gestores se concentrem em atividades mais estratégicas, como desenvolvimento de lideranças e engajamento dos times.

No entanto, essa mesma automação pode transmitir aos colaboradores a sensação de distanciamento. Processos que antes envolviam conversas diretas com profissionais de RH muitas vezes são substituídos por chatbots ou sistemas automatizados. Para parte dos trabalhadores, isso representa um risco: o de transformar relações interpessoais em interações impessoais, onde sentimentos e contextos individuais perdem espaço para algoritmos.

Esse dilema reforça a necessidade de uma abordagem equilibrada. A tecnologia deve ser vista como suporte, não substituição, do elemento humano. O RH precisa garantir que a eficiência conquistada com a IA venha acompanhada de momentos de escuta ativa e contato direto, preservando a dimensão humana que sustenta a cultura corporativa.

Empatia como diferencial competitivo

Em um ambiente de transformações rápidas, a empatia ganha força como diferencial competitivo. Um estudo da Deloitte aponta que empresas que priorizam a experiência humana em suas estratégias têm 2,4 vezes mais chances de alcançar altos níveis de engajamento entre os colaboradores. Isso mostra que a tecnologia, por si só, não garante resultados: é a forma como ela é integrada às relações de trabalho que define o impacto no clima organizacional.

Nesse sentido, o RH brasileiro vem adotando práticas híbridas. Algumas empresas mantêm canais digitais para demandas rotineiras, mas preservam o contato pessoal em processos mais delicados, como feedbacks, avaliações de desempenho ou programas de bem-estar. Outras utilizam a tecnologia como ferramenta de apoio, mas reforçam a presença de lideranças próximas, capazes de interpretar sentimentos e contextos que nenhuma máquina seria capaz de traduzir integralmente.

A comunicação transparente também desempenha papel central. Explicar de forma clara quais processos são automatizados e como os dados são utilizados ajuda a reduzir a desconfiança dos colaboradores. Além disso, programas de capacitação em novas tecnologias permitem que os profissionais se sintam parte ativa da transformação, em vez de espectadores passivos.

Construindo confiança em um ambiente digital

O futuro das relações de trabalho não será definido pela tecnologia em si, mas pela maneira como ela será aplicada. A confiança surge como elemento-chave nesse processo. Colaboradores que percebem abertura para dialogar e que veem suas preocupações levadas em consideração tendem a encarar a inovação de forma mais positiva.

É nesse ponto que a Inteligência Artificial no RH encontra seu verdadeiro valor: não como substituta das interações humanas, mas como facilitadora de decisões mais rápidas e precisas, que liberam tempo e energia para relações interpessoais de qualidade. Quando bem aplicada, a IA permite que o RH antecipe tendências, identifique riscos e personalize jornadas de desenvolvimento, ao mesmo tempo em que fortalece a proximidade entre líderes e equipes.

O equilíbrio, portanto, não está em escolher entre tecnologia ou humanidade, mas em unir os dois aspectos. Empresas que conseguirem combinar eficiência digital com empatia genuína estarão mais preparadas para enfrentar os desafios da transformação do trabalho. Afinal, por trás de cada dado, processo ou algoritmo, há sempre pessoas e é nelas que reside o verdadeiro diferencial competitivo.

 

 

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