22/09/2025 05h57
Caminhada reúne familiares de pacientes em defesa da doação de órgãos
Participantes reforçam importância da educação e lembram que decisão em vida pode salvar até oito pessoas
Por Kamila Alcântara e Raíssa Rojas |
A 2ª Caminhada Passos pela Vida, realizada neste domingo (21) no Parque dos Poderes, em Campo Grande, reuniu profissionais da saúde, familiares de pacientes e representantes de entidades ligadas aos transplantes. O ato fez parte da programação do Setembro Verde e buscou sensibilizar a população sobre a importância de falar em vida sobre a doação de órgãos e tecidos.
Para a enfermeira Janaína Reis, que atua no setor de transplantes do Hospital Adventista do Pênfigo, o maior desafio ainda é convencer as famílias de que a morte de um ente querido pode significar vida para outras pessoas. “A maior dificuldade é as pessoas entenderem que, depois que um ente querido falece, ele pode salvar até oito vidas. Ainda precisamos sensibilizar mais a população em Mato Grosso do Sul para aceitar essa decisão”, disse.
Professor Carlão fará desafio de 400 km para incentivar doação de órgãos
A vice-presidente da Fratelo Transplantes, Marielly Vilela, reforça o alerta. Segundo ela, a falta de informação sobre como funciona o processo é a principal razão da recusa. “Apesar de estarmos entre os estados que mais doam, ainda temos uma taxa de recusa muito grande. Poderíamos ter números muito melhores se houvesse mais conhecimento”, afirmou.

Marielly Vilela, vice-presidente da Fratelo Transplantes (Foto: Raíssa Rojas)
Mesmo com os desafios, os números mostram avanços. Segundo Marielly, Mato Grosso do Sul ocupa hoje a quarta posição no País em transplantes hepáticos, em relação ao número de habitantes. Para ela, isso é resultado direto de ações de conscientização, como a caminhada. “É uma vitória para o Estado, mas precisamos ampliar para outros tipos de transplantes, como o renal”, destacou.
Entre os participantes, estavam médicos e radiologistas de hospitais da Capital. O diretor do Hospital Proncor Santa Marina, Luiz Fernando Elias, destacou a necessidade de mobilizar a sociedade. “A caminhada é um ato simbólico, mas conscientiza sobre o que significa doar órgãos. Precisamos educar porque falta muita informação, e isso pode salvar muitas vidas”, disse.

Diretor do Hospital Proncor Santa Marina, Luiz Fernando Elias (Foto: Raíssa Rojas)
O médico Bruno Alexandre da Silva, diretor de outra unidade, reforçou que a decisão deve ser registrada ainda em vida. “É importante colocar no papel a vontade de ser doador e comunicar à família. No momento da dor, essa consciência pode transformar a perda em esperança para outras pessoas”, concluiu.
Atualmente, é possível declarar o desejo em vida pelo AEDO (Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos) ou pelo e-Notariado. Nesses canais, o interessado preenche um formulário e a declaração é assinada digitalmente, podendo ser acessada por profissionais de saúde na Central Nacional de Doadores de Órgãos e Tecidos.

veja também
Rota Bioceânica na Japan House