30/10/2025 08h23
O futuro da conectividade distribuída no Brasil: o papel do edge e das redes privadas no interior
Levar edge computing e redes privadas para cidades médias e regiões do interior é mais do que avanço tecnológico: é descentralizar oportunidades, impulsionar inovação e garantir competitividade nacional
A concentração de data centers em grandes metrópoles aumenta a distância (física e lógica) entre onde os dados se geram e onde são processados, prejudicando desempenho e resiliência para aplicações sensíveis à latência. A construção de data centers regionais e a adoção de edge computing têm se mostrado estratégias essenciais para reduzir latência e ampliar tolerância a falhas.
De acordo com análises de mercado da Arizton, o mercado brasileiro de data centers foi estimado em valores na casa dos bilhões de dólares — diferentes relatórios da Arizton trazem projeções que variam conforme escopo (ex.: data center market ou colocation). Um levantamento recente da Arizton indica valores como USD 3,40 bilhões em 2024 com projeções para crescimento até 2030, e relatórios de colocation indicam crescimentos relevantes e projeções específicas por segmento. Por isso, ao citar valores para 2027/2028, a formulação mais segura é apontar para uma faixa entre USD ~3,7 bi e valores superiores até 2028–2030, dependendo do recorte do estudo (merc ado total vs. colocation).
Edge computing e redes privadas: a dupla que habilita o futuro
Aplicações práticas:
- Saúde - Hospitais regionais ganham telemedicina com diagnóstico em tempo real e integração com centros de referência, com menor dependência de links de longa distância;
- Cidades Inteligentes – com semáforos e iluminação inteligentes, serviços interligados, contagem de fluxo de pessoa, segurança pública e transportes integrados no grip de conectividade, telemetria, entre outros serviços;
- Agronegócio – Uso intensivo de IoT em propriedades, drones e automação com processamento local para reduzir perda de conectividade, permitindo ação em tempo real;
- Indústria 4.0 - Parques industriais adotam robótica e manutenção preditiva sobre redes privadas (ex.: LTE privada e conexão 5G) para garantir segurança e performance;
- Varejo e educação - Experiências personalizadas e ambientes imersivos viáveis com baixa latência e alta disponibilidade.
Escala e previsões de adoção
Relatórios de grandes consultorias e analyst firms mostram crescimento acelerado de investimentos em edge: a IDC projeta um aumento substancial em gastos com edge (estimativas globais apontam centenas de bilhões em alguns horizontes), enquanto organizações como Gartner citam que a parcela de dados processada fora de data centers centralizados deve crescer fortemente (em alguns resumos e citações do mercado aparece a projeção de ~75% dos dados empresariais processados na borda até 2025. Essas estimativas variam por fonte e por definição do que conta como “edge” ou “fora do data center”, então recomenda -se citar a fonte específica ao usar uma cifra pontual.
Desafios e modelos de viabilidade
Entre os desafios estão:
- Alto investimento inicial em infraestrutura e conectividade local;
- Falta de mão de obra especializada no interior para operar e manter nós de edge e redes privadas;
- Necessidade de novos modelos de negócios (economias de escala regionais, parcerias público-privadas, e modelos as-a-service) que distribuam custos e riscos.
Por outro lado, há forte demanda reprimida: a maioria da população vive fora das capitais e muitos polos industriais/agropecuários/logísticos exigem baixa latência e maior soberania dos dados — um argumento econômico e de política pública para incentivar data centers regionais, private 5G e ecossistemas edge.
Conectividade como vetor de desenvolvimento
Levar edge computing e redes privadas para cidades médias e regiões do interior não é só tecnologia: é inclusão econômica e digital. Conectividade distribuída pode descentralizar oportunidades, atrair investimentos locais, fortalecer cadeias produtivas e criar um ciclo virtuoso de inovação e competitividade para o país. Essa agenda deve integrar as estratégias de desenvolvimento econômico e de soberania digital do Brasil.



