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O futuro da conectividade distribuída no Brasil: o papel do edge e das redes privadas no interior


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30/10/2025 08h23

O futuro da conectividade distribuída no Brasil: o papel do edge e das redes privadas no interior

Marcela Lima


Levar edge computing e redes privadas para cidades médias e regiões do interior é mais do que avanço tecnológico: é descentralizar oportunidades, impulsionar inovação e garantir competitividade nacional

(*) Carlos Eduardo Sedeh, CEO da SAMM
Nos últimos anos, a transformação digital deixou de ser exclusividade dos grandes centros urbanos e passou a se espalhar pelas cidades médias e regiões do interior do Brasil. O avanço de aplicações intensivas em dados, a demanda por serviços digitais de baixa latência e a necessidade de infraestrutura resiliente impulsionam uma nova etapa da conectividade: a era do edge computing distribuído, combinado a redes privadas de alta capacidade.
 
Segundo o IBGE, a população estimada do Brasil em 1º de julho de 2025 é de 213,4 milhões de habitantes; as 27 capitais estaduais concentram 49,3 milhões de habitantes, ou cerca de 23,1% da população — isto implica que aproximadamente 76,9% da população vive em municípios que não são capitais estaduais, o que reforça a importância de políticas de conectividade voltadas ao interior.

A concentração de data centers em grandes metrópoles aumenta a distância (física e lógica) entre onde os dados se geram e onde são processados, prejudicando desempenho e resiliência para aplicações sensíveis à latência. A construção de data centers regionais e a adoção de edge computing têm se mostrado estratégias essenciais para reduzir latência e ampliar tolerância a falhas.

De acordo com análises de mercado da Arizton, o mercado brasileiro de data centers foi estimado em valores na casa dos bilhões de dólares — diferentes relatórios da Arizton trazem projeções que variam conforme escopo (ex.: data center market ou colocation). Um levantamento recente da Arizton indica valores como USD 3,40 bilhões em 2024 com projeções para crescimento até 2030, e relatórios de colocation indicam crescimentos relevantes e projeções específicas por segmento. Por isso, ao citar valores para 2027/2028, a formulação mais segura é apontar para uma faixa entre USD ~3,7 bi e valores superiores até 2028–2030, dependendo do recorte do estudo (merc ado total vs. colocation).

Edge computing e redes privadas: a dupla que habilita o futuro

O edge computing aproxima o processamento dos pontos onde os dados nascem, reduzindo drasticamente a latência — crítico para telemedicina em tempo real, automação industrial, monitoramento agrícola por IoT e experiências imersivas no varejo.
Aplicações práticas:
  • Saúde - Hospitais regionais ganham telemedicina com diagnóstico em tempo real e integração com centros de referência, com menor dependência de links de longa distância;
  • Cidades Inteligentes – com semáforos e iluminação inteligentes, serviços interligados, contagem de fluxo de pessoa, segurança pública e transportes integrados no grip de conectividade, telemetria, entre outros serviços;
  • Agronegócio – Uso intensivo de IoT em propriedades, drones e automação com processamento local para reduzir perda de conectividade, permitindo ação em tempo real;
  • Indústria 4.0 - Parques industriais adotam robótica e manutenção preditiva sobre redes privadas (ex.: LTE privada e conexão 5G) para garantir segurança e performance;
  • Varejo e educação - Experiências personalizadas e ambientes imersivos viáveis com baixa latência e alta disponibilidade.

Escala e previsões de adoção
Relatórios de grandes consultorias e analyst firms mostram crescimento acelerado de investimentos em edge: a IDC projeta um aumento substancial em gastos com edge (estimativas globais apontam centenas de bilhões em alguns horizontes), enquanto organizações como Gartner citam que a parcela de dados processada fora de data centers centralizados deve crescer fortemente (em alguns resumos e citações do mercado aparece a projeção de ~75% dos dados empresariais processados na borda até 2025. Essas estimativas variam por fonte e por definição do que conta como “edge” ou “fora do data center”, então recomenda -se citar a fonte específica ao usar uma cifra pontual.

Desafios e modelos de viabilidade

Entre os desafios estão:

  • Alto investimento inicial em infraestrutura e conectividade local;
  • Falta de mão de obra especializada no interior para operar e manter nós de edge e redes privadas;
  • Necessidade de novos modelos de negócios (economias de escala regionais, parcerias público-privadas, e modelos as-a-service) que distribuam custos e riscos.


Por outro lado, há forte demanda reprimida: a maioria da população vive fora das capitais e muitos polos industriais/agropecuários/logísticos exigem baixa latência e maior soberania dos dados — um argumento econômico e de política pública para incentivar data centers regionais, private 5G e ecossistemas edge.

Conectividade como vetor de desenvolvimento
Levar edge computing e redes privadas para cidades médias e regiões do interior não é só tecnologia: é inclusão econômica e digital. Conectividade distribuída pode descentralizar oportunidades, atrair investimentos locais, fortalecer cadeias produtivas e criar um ciclo virtuoso de inovação e competitividade para o país. Essa agenda deve integrar as estratégias de desenvolvimento econômico e de soberania digital do Brasil.

 

 




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