01/11/2025 09h08
Mortos em megaoperação no RJ: 109 já foram identificados, sendo 78 com histórico de crimes graves
Entre os identificados, 54 são de outros estados (15 do Pará, 9 do Amazonas, 11 da Bahia, 4 do Ceará, 7 de Goiás, 4 do Espírito Santo, 1 do Mato Grosso, 1 de São Paulo e 2 da Paraíba. Complexos da Penha e do Alemão passaram a ser o QG do Comando Vermelho em nível nacional, disse secretário de Polícia Civil. A Cúpula da Segurança Pública do Rio de Janeiro divulgou, na tarde desta sexta-feira (31), uma atualização com 109 identificados, entre os 117 suspeitos mortos na megaoperação da polícia do Rio de Janeiro nos complexos da Penha e do Alemão na terça-feira (28).
As informações divulgadas até a última atualização desta reportagem indicam que pelo menos um terço dos presos na megaoperação são de outros estados do país.
A reportagem do RJ2 identificou 60 dos 113 presos. Pelo menos três tinham mandados decorrentes das investigações.
Outros três, no entanto, seguem foragidos depois da operação: Tiago Teixeira Sales (Gato Mestre), Anderson de Souza (Latrol) e David Palheta (Bolacha).
Segundo as investigações, todos eles atuavam como patrulheiros da área de mata da Serra da Misericórdia. A região de mata é apontada pela Polícia Civil como o principal ponto de confronto entre policiais e traficantes na terça-feira.
Chefes da facção em outros estados mortos:
- Chico Rato, de Manaus (AM);
- DG (BA);
- FB (BA);
- Fernando Henrique dos Santos (GO);
- Gringo, de Manaus (AM);
- Mazola, de Feira de Santana (BA);
- PP (PA);
- Rodinha, de Itaberaí (GO);
- Russo, de Vitória (ES).
Chefes estaduais do CV mortos na megaoperação — Foto: Arte/g1
Segundo Curi, os complexos da Penha e do Alemão passaram a ser o QG do Comando Vermelho em nível nacional, e o centro de decisão para todos os outros estados em que a facção criminosa tem atuação.
“A investigação e as informações de inteligência mostram que lá nos complexos da Penha e do Alemão são onde são feitos treinamentos de tiros, para os marginais serem formados aqui e voltarem aos seus estados de origem para disseminar a cultura da facção”, afirmou o secretário.
Desde terça, agentes do Instituto Médico-Legal (IML) do Centro do Rio realizaram uma força-tarefa para identificar os corpos. Além dos 117 suspeitos, 4 policiais, dois civis e dois militares, também morreram na ação, a mais letal da história do RJ. Os corpos dos agentes mortos já foram enterrados.
Mais cedo, em uma rede social, o governador Cláudio Castro disse que vai continuar trabalhando contra o crime organizado.
"Nosso trabalho é livrar a sociedade do tráfico, da milícia, de todo aquele que prejudica o nosso direito de ir e vir. Nós continuaremos trabalhando com técnica e respeito à lei, para que a gente possa estar devolvendo o direito de ir e vir", afirmou Castro.
Objetivo era desarticular o CV
A operação, que envolveu 2.500 agentes das polícias Civil e Militar, tinha como objetivo desarticular o Comando Vermelho e cumprir cerca de 100 mandados de prisão e 150 de busca e apreensão.
A ofensiva resultou em confrontos intensos, especialmente na Serra da Misericórdia, onde dezenas de corpos foram encontrados por moradores e levados até a Praça São Lucas, no Complexo da Penha, para facilitar o reconhecimento.
Moradores relataram cenas de horror. “Eu moro aqui há 58 anos. Nunca vi isso. Vai ser difícil esquecer. Essa cena aqui pra mim foi trágica”, disse uma moradora. Outro comparou o cenário a uma catástrofe natural: “A cidade tá igual tragédia, como quando tem tsunami, terremoto, com corpo espalhado em cima do outro”.
Principal alvo fugiu
O traficante Edgar Alves de Andrade, o Doca era o principal alvo da operação mas conseguiu escapar do cerco policial. O criminoso é considerado o maior chefe do Comando Vermelho (CV) em liberdade — na hierarquia, ele está abaixo apenas de Marcinho VP e Fernandinho Beira-Mar, ambos presos em penitenciárias federais.
Segundo Victor Santos, secretário de Segurança Pública do Rio, o criminoso usou "soldados" do tráfico para fazer uma barreira e escapar da operação. O Disque Denúncia do Rio oferece R$ 100 mil para quem tiver informações sobre ele.
Traficante Edgar Alves de Andrade, o Doca — Foto: Reprodução
Segundo consta em sua ficha criminal, Doca nasceu em 1970 em Caiçara — há divergências em registros das próprias autoridades se sua origem é Caiçara no Rio Grande do Sul ou Caiçara na Paraíba.
Ele entrou para o crime há pelo menos 20 anos. Em 2007, foi preso em flagrante por porte de arma e tráfico de drogas, na Vila da Penha, Zona Norte do Rio.
Balanço da operação
Operação com mais de 100 mortos na terça (28/10) mirou o Comando Vermelho nos complexos da Penha e Alemão — Foto: Reuters
- 121 mortes, sendo 117 suspeitos e 4 policiais
- 113 presos, sendo 33 de outros estados, como Amazonas, Bahia, Ceará, Pará e Pernambuco
- 10 menores infratores apreendidos
- 91 fuzis, 26 pistolas, 1 revólver apreendidos
- 1 tonelada de drogas apreendida

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