- mell280
14/11/2025 04h28
FIINSA COP30 destaca que o futuro da Amazônia depende de uma economia que escuta o território
Festival reuniu lideranças tradicionais, investidores e empreendedores em Belém para debater um novo modelo de desenvolvimento para a região.
Belém foi palco, nesta semana, de um dos encontros mais importantes sobre o futuro da Amazônia. O Festival de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia (FIINSA COP30), que reuniu no campus do CESUPA mais de 350 lideranças tradicionais, empreendedores, investidores, gestores públicos e representantes da sociedade civil para discutir como o capital pode gerar desenvolvimento real — social, ambiental e econômico — na floresta.
Organizado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) e pelo Impact Hub Manaus, com correalização do CESUPA, o evento integrou a agenda de mobilizações da COP30, que acontece em Belém.
Logo na abertura, o FIINSA provocou uma reflexão direta: o futuro da Amazônia depende de um capital que saiba ouvir o território. No painel inicial, que abordou como garantir resultados reais por meio do investimento de impacto, lideranças indígenas, empresariais e sociais defenderam que não há sustentabilidade sem participação das comunidades locais.
Para Sandro Baré, do Fundo Indígena Podáali, é preciso mudar a lógica de quem investe: “Não basta colocar recursos na Amazônia, é preciso investir com a Amazônia. Sem diálogo com os povos da floresta, o impacto não é verdadeiro”, afirmou.
Na mesma linha, Paulo Reis, presidente da ASSOBIO, destacou que o desenvolvimento sustentável nasce do respeito à diversidade dos modos de vida amazônicos. “O capital precisa compreender a cultura, o tempo e o conhecimento de quem vive o território. Só assim o investimento se transforma em resultado”, disse.
A programação seguiu com o painel “Quem senta à mesa: equilibrando forças no ecossistema amazônico”, que discutiu a representatividade e o protagonismo da região nos processos de decisão. Bruna de Vita, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, defendeu que políticas públicas legítimas são aquelas construídas com quem vive o território. Noanny Maia, empreendedora da Cacauaré Amazônia, completou: “Equilibrar forças é permitir que quem produz na floresta tenha voz e espaço nas decisões sobre o futuro dela.”
A representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ellen Acioli, apresentou a perspectiva do setor financeiro, ressaltando que cerca de 60% das operações do BID voltadas à Amazônia estão ligadas à bioeconomia. Para ela, investir na região é investir em soluções baseadas na natureza e em modelos de negócio inclusivos, que geram renda e preservam a floresta.
O festival também foi marcado por falas inspiradoras de lideranças tradicionais e comunitárias. Luiz Suruí, do povo Paiter Suruí, lembrou que “não existe distância quando se fala em cuidar da terra”, reforçando a importância da união entre Norte e Sul do país em torno da preservação da floresta. Já Francisco de Assis, da Rede Terra do Meio, representante de comunidades amazônicas, defendeu que o saber tradicional e o conhecimento científico precisam caminhar juntos para que o desenvolvimento sustentável aconteça de fato.
Com painéis, feira da sociobiodiversidade e rodas de conversa, a FIINSA COP30 se consolidou como um marco na construção de uma economia amazônica viva e inclusiva. A mensagem deixada pelo encontro foi clara: a Amazônia não precisa apenas de investimento, mas de uma escuta ativa e de parcerias que respeitem o território, as pessoas e o tempo da floresta.
Mais sobre o FIINSA
O Festival de Investimento de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia (FIINSA) é uma realização do Idesam e do Impact Hub Manaus, com correalização do CESUPA. Possui patrocínio do Fundo Vale, Soros Economic Development Fund, Bemol, CNP Seguradora e Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio) da Suframa. O apoio é feito pelo Instituto Sabin, Bezos Earth Fund, Carbon Disclosure Project (CDP) e Amazon Investor Coalition. São parceiros o Projeto Saúde e Alegria, Associação dos Negócios de Sociobioeconomia da Amazônia (Assobio), Rede Amazônidas pelo Clima (RAC), Centro de Empreendedorismo da Amazônia, Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto, Instituto Conexões Sustentáveis (Conexsus), Instituto Arapyaú e Casa Amazônia.



