- mell280
11/12/2025 05h11
Justiça do Trabalho registra alta de 14,5% em ações por burnout; impacto chega a R$ 3,75 bilhões
Burnout no trabalho pressiona empresas a priorizar saúde mental e prevenção
A síndrome de burnout, caracterizada pelo estresse crônico causado pelo trabalho, segue em alta no Brasil, segundo levantamento da Justiça do Trabalho. Os dados indicam um aumento de 14,5% nas ações trabalhistas relacionadas à condição apenas nos primeiros quatro meses de 2025.
No total, foram registrados mais de cinco mil processos. Além dos impactos sobre os profissionais, o cenário gera prejuízos bilionários às empresas, com estimativa de passivo judicial de R$3,75 bilhões, o equivalente à cerca de R$368 mil por ação.
Ações ampliam risco jurídico e elevam custos nas empresas
O aumento das ações trabalhistas por burnout ampliou os riscos legais e financeiros para as empresas. Com o esgotamento profissional reconhecido como doença ocupacional, a Justiça do Trabalho reforça a relação entre ambiente de trabalho e saúde mental.
Na prática, se o trabalhador apresenta laudos médicos indicando burnout, cabe ao empregador comprovar que mantinha condições de trabalho adequadas. Diante disso, a ausência de políticas internas de bem-estar torna esse processo mais complicado.
As condenações podem envolver indenizações elevadas e custos adicionais quando o burnout é classificado como acidente de trabalho. Valores extras, como seguro e estabilidade provisória, podem ser aplicados após o retorno do funcionário.
Em 2024, foram registradas 16.670 ações relacionadas ao burnout, mais de 20 vezes o total de 2014. Além das perdas diretas, há danos à reputação: casos na Justiça afetam o clima interno, reduzem o engajamento e dificultam a atração de talentos.
Casos afetam rotina e reduzem produtividade nas empresas
O avanço do burnout compromete diretamente o desempenho das equipes. A Associação Nacional de Medicina do Trabalho estima que 30% dos profissionais brasileiros apresentam a condição, aumentando o risco de queda de rendimento e erros no dia a dia.
Entre os efeitos mais comuns que prejudicam a produtividade estão:
- Cansaço excessivo: reduz o ritmo de trabalho e aumenta o tempo necessário para concluir tarefas.
- Lapsos de memória: dificultam a concentração e geram mais falhas operacionais.
- Dores de cabeça frequentes: afetam a disposição e a continuidade das atividades.
- Irritabilidade: prejudica relações internas e compromete o trabalho em equipe.
Para as empresas, reduzir esses efeitos significa manter equipes mais estáveis e preservar a qualidade do trabalho. Estudos mostram que organizações que investem em saúde mental colhem resultados concretos.
Segundo uma pesquisa da Harvard Business Review, por exemplo, ações estruturadas de apoio elevam a produtividade em 20% e reduzem a rotatividade em 40%.
Atualização da NR-1 exige adaptação por parte das empresas
Prevista para entrar em vigor em maio de 2026, a atualização da NR-1 vai obrigar empresas a proteger a saúde mental dos trabalhadores. Até lá, as organizações devem se adaptar para evitar multas e outros prejuízos decorrentes ao adoecimento mensal e o eventual afastamento de funcionários, implementando medidas de prevenção.
Nesse contexto, canais de denúncias independentes ganham espaço como ferramenta, permitindo relatos sigilosos, identificando riscos com antecedência e reduzindo a subnotificação de casos sensíveis.
A prática fortalece a confiança dos colaboradores e alivia a sobrecarga do RH, segundo representantes do Canal da Ética, empresa especializada em canais de denúncia corporativos.
Programas de apoio, revisão de jornadas, capacitação de líderes e auditorias internas também são recomendados por especialistas para reforçar a prevenção. O acompanhamento do clima organizacional se tornou parte essencial desse processo.
Com a mudança na NR-1, as empresas precisam tratar a saúde mental como prioridade imediata. A regulamentação mais rigorosa tende a colocar o tema em destaque a partir do próximo ano, exigindo maior atenção e investimentos no ambiente de trabalho.



