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O Brasil não precisa importar tecnologia para modernizar suas rodovias


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20/12/2025 08h57

O Brasil não precisa importar tecnologia para modernizar suas rodovias

Marcele Lettera


Pórtico com tecnologia da COMPSIS no Rodoanel Mário Covas

Por Ailton Queiroga, engenheiro e presidente da COMPSIS, empresa que opera o Free Flow no Rodoanel em São Paulo

Há um mito que insiste em resistir no imaginário brasileiro: o de que o País depende de tecnologia estrangeira para avançar em inovação. Trabalhei durante anos na Embraer e vivi de perto o poder da engenharia nacional e, desde então, tenho visto esse mito ruir diante da capacidade dos nossos profissionais de criar soluções de ponta, do zero, aqui mesmo.

Hoje, esse debate volta à tona com as ameaças de tarifaços sobre importações e as discussões sobre o Free Flow, o pedágio sem cancela que deve transformar o sistema rodoviário brasileiro. O tema não poderia surgir em melhor momento: o Ministério dos Transportes pretende fechar os quatro anos do governo Lula com um volume histórico de 36 concessões rodoviárias, que somarão juntas R$ 405 bilhões em investimentos. Deste montante, R$ 135 bilhões são referentes aos 13 processos ocorridos só em 2025, e outros R$ 158 bilhões já estão programados para outras 14 concessões previstas para 2026.

Os números reforçam um novo contexto da mobilidade no País, que exigirá soluções tecnológicas robustas, ágeis e adaptadas à realidade das nossas estradas.

E o Free Flow é um símbolo importante dessa virada. Trata-se de um modelo de pedágio eletrônico em que o motorista não precisa mais parar: câmeras e sensores identificam o veículo em tempo real, calculam a tarifa e fazem a cobrança de forma automática. Além de mais fluidez, é um sistema que concede menos emissão de poluentes e maior segurança viária.

Foi a crença no potencial do Brasil para a evolução tecnológica que nos moveu há mais de três décadas, quando fundamos a COMPSIS, em São José dos Campos. De uma pequena empresa que nasceu com o propósito de desenvolver sistemas eletrônicos de navegação para caças da Força Aérea Brasileira, avançamos para criar tecnologias de inteligência artificial aplicadas à mobilidade. Hoje, partindo de uma experiência robusta em soluções de sistemas de arrecadação, desenvolvemos e validamos  um Free Flow 100% nacional, desenvolvido para resolver os problemas reais das rodovias brasileiras, onde o tráfego pesado, as variações climáticas e a diversidade de veículos desafiam até as soluções mais sofisticadas.

Nosso sistema, por exemplo, é capaz de identificar com precisão veículos de passeio, caminhões e ônibus em condições extremas, chuva, alta velocidade, baixa luminosidade e até em situações que confundem sistemas convencionais, como caminhões com eixos suspensos ou rodagem dupla. Isso é fruto de um banco de dados treinado com milhões de transações reais realizadas no Brasil, algo que nenhum software importado é capaz de replicar com a mesma acurácia.

O desafio que o setor enfrenta hoje não é mais tecnológico. Ele é regulatório e cultural. Precisamos de um modelo de cobrança nacionalmente integrado, que permita a interoperabilidade entre concessionárias, a comunicação clara com o usuário e meios de pagamento acessíveis, seja tag, cartão ou Pix. Isso vai garantir confiança, transparência e adesão popular.

O Free Flow não é apenas uma mudança técnica; é uma mudança de mentalidade. Representa uma nova forma de pensar mobilidade, sustentabilidade e eficiência. E, mais do que isso, mostra que a inteligência brasileira tem todas as condições de liderar essa transição.

 







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