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Por 2 vezes, demora da Justiça beneficou homem preso em dia de duplo homicídio


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29/06/2020 11h11

Por 2 vezes, demora da Justiça beneficou homem preso em dia de duplo homicídio

Aos 19 anos, William Dias Comerlato foi preso vendendo drogas, mas não cumpriu. Desde os 28, tinha mandado por violência doméstica

Por Marta Ferreira


 Na última década, o tapeceiro William Dias Comerlato, 30 anos, foi duas vezes beneficiado com a liberdade, apesar de não ter o direito, caso a lei fosse cumprida ao pé da letra. Preso desde 9 de junho deste ano, ele estava na mesma viatura em que foram executados dois policiais civis, em Campo Grande, neste mês.

 
 
Além de ter mandado de prisão expedido pela Justiça em aberto havia quase dois anos, no dia das mortes, também já tinha sido preso por tráfico, aos 19 anos, mas se livrado de cumprir pena porque a Justiça demorou a publicar decisão sobre o caso e a pena perdeu a validade, ou seja, prescreveu.William estava nesta viatura, sendo transportado junto com Ozeias, que matou os dois policiais.  (Foto: Paulo Francis)
 
 
O mandado de prisão em vigor era de agosto de 2018, em razão de sentença condenatória por crime de violência doméstica, já transitada em julgado. Embora a defesa tivesse conhecimento da condenação, a dois anos de pena no regime semiaberto, William não havia procurado quitar sua conta com o Judiciário.  A defesa dele foi procurada, mas não respondeu aos chamados, via telefone e mensagem instantânea.
 
William só foi pego no dia da morte dos policiais Antônio Marcos Roque da Silva, 39 anos, e Jorge Silva dos Santos, 50 anos, por ser suspeito de envolvimento no roubo milionário de joias, em apuração pelos investigadores da Derf (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos), que acabaram mortos pelo porteiro Ozeias Silveira de Morais, de 45 anos, com tiros na nuca disparados de dentro do veículo.
 
Ozeias morreu no dia seguinte, durante o cerco feito por todas as forças policiais. Segundo informado, houve confronto no local onde foi achado, no Bairro Santa Emília, na madrugada de 10 de junho.
 
 
Ligação - Foi através de William a chegada a Ozeias. A reportagem apurou que houve a descoberta de que o tapeceiro estava oferecendo parte das joias roubadas em ambiente virtual. Antes de abordá-lo, como é praxe, a equipe da Derf checou se ele tinha alguma dívida com a Justiça e descobriu o mandado para cumprir a sentença.
 
Ninguém deu entrevista a respeito, mas as conversas que a reportagem teve indicam que a Polícia Civil costuma priorizar os casos de prisão em flagrante, os de preventiva e temporária, em geral os que ela mesma solicita, normalmente relacionados a crimes mais graves, como assassinatos. Determinações vindas do Judiciário, para cumprimento de sentenças, costumam ser executadas em situações como essa, de investigação de outro ilícito, ou quando a pessoa cai numa blitz, por exemplo.
 
Existem estimativas de que, no País  há tantos mandados de prisão a cumprir quanto pessoas atrás das grades. Em Mato Grosso do Sul, são cerca de 10 mil detentos no regime fechado. Haveria o mesmo tanto de ordens de prisão para serem cumpridas. Não há vagas, nem gente nas polícias disponível para tanto.
 
 
 




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