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28/09/2021 09h25 - Atualizado em 28/09/2021 10h29
Preso, ex-prefeito alega que deu autonomia à equipe e acreditava em reserva
Maurílio Azambuja afirmou que dinheiro desviado dos cofres públicos era para pagamento dos servidores
Por Geisy Garnes e Helio de Freitas, de Dourados
Após uma manhã inteira de depoimento, Maurílio Azambuja (MDB) negou envolvimento no esquema que desviou mais de R$ 23 milhões do cofre público de Maracaju – cidade a 160 km de Campo Grande. Ao falar sobre o crime de corrupção, o ex-prefeito alegou que “deu autonomia” aos secretários e pensava que os cheques assinados por ele eram enviados para uma conta reserva, destinada ao pagamento dos funcionários.
Maurílio está preso temporariamente desde a noite de sexta-feira (24), após passar dois dias foragidos da polícia. Ele foi alvo da Operação Dark Money, que começou na quarta-feira, dia 22 de setembro, e levou outras sete pessoas para a cadeia por envolvimento no crime.
A investigação da Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) apontou que a organização criminosa, composta por servidores da prefeitura municipal, retiravam dinheiro dos cofres públicos aos poucos e enviavam para uma conta paralela. A polícia identificou a transferência de 600 cheques com valor médio de R$ 38 mil.
O ex-prefeito prestou depoimento ontem e segundo apurado pelo Campo Grande News, falou durante toda a manhã. Ao contar sua versão, afirmou que sabia da existência da conta e chegou a assinar alguns cheques, mas acreditava que os valores seriam destinados a uma reserva financeira para pagar folha e fornecedores.

Afirmou ainda que deu autonomia a três funcionários para fazer pagamentos abaixo de R$ 100 mil, que confiava neles e por isso apenas conferia valores e assinava cheques sem questionar o destino. Eram eles o ex-secretário de Fazenda e Administração Lenilso Carvalho Antunes, a ex-diretora do Departamento de Tesouraria Diana Cristina Kuhn e o técnico em edificações e integrante da Comissão Permanente de Licitações do município, Edmilson Alves Fernandes.

Equipes da Polícia Civil durante primeira fase da operação, realizada em Maracaju (Foto: Divulgação)
Maurílio garantiu que não controlava a equipe, não cuidava a aplicação das verbas, sempre assegurou a liberdade dos assessores e só agora, com a operação policial, descobriu as irregularidades, mesmo sendo ele o responsável por abrir a conta paralela, que nunca foi informada aos órgãos oficiais.
A versão do ex-prefeito, no entanto, não convence a polícia. Não há qualquer comprovação de que a conta reserva era para a folha de pagamento dos funcionários, ao contrário disso, os cheques assinados não passavam por órgãos de controle interno e externo e foram emitidos para pagamento de empresas sem qualquer lastro jurídico e até agiotas.
Agora, a equipes de investigação segue em busca de novos envolvidos no esquema e também procura o ressarcimento do dinheiro desviado do município. Além disso, a polícia já requisitou a conversão da prisão temporária de Maurílio em preventiva, que não tem prazo definido, mas ainda não há decisão judicial.
Já estão presos preventivamente Lenilso Carvalho, Daiana Cristina, Edmilson Alvez e o empresário Pedro Everson Amaral Pinto. Outros três investigados foram colocados em liberdade com uso de tornozeleira eletrônica: Fernando Martinelli Sartori, Moisés Freitas Victor e Iasmin Cristaldo Cardoso.
Balaço – Na primeira fase da operação, 26 mandados de busca e apreensão foram cumpridos pela polícia e resultaram na apreensão de smartphones, computadores, documentos, dez veículos, um barco com carretinha, joias, discos rígidos e várias cédulas de cheque, que somaram R$ 109 mil. Também foram recolhidos R$143 mil em espécie, uma arma de fogo e munições de vários calibres. Diversas contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas também foram bloqueadas.
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