Na noite desta quinta-feira, dia 26, produtores das cidades de Maracaju, Sidrolândia, Ponta Porã e Dourados se mobilizaram para encampar um movimento em busca de soluções para a crise que o agronegócio enfrenta. A união dos produtores visa pressionar as autoridades a implementar medidas concretas para aliviar o endividamento do setor e garantir a sustentabilidade econômica das propriedades rurais.

O governador Eduardo Riedel recebeu recentemente uma comitiva de produtores rurais de Maracaju para discutir a proposta de alongamento das dívidas agrícolas. No encontro, com o governador que é produtor rural Valdenir Portela, o vice prefeito Mauro Christianini, Roney Pedroso, Irineu Busatto, presidente do sindicato rural Marco Antônio acompanhados do deputado estadual Paulo Correa,  que ficou acordado o apoio do Governo Estadual após estudo detalhado sobre o tema, com as negociações previstas para avançar após o dia 6 de outubro, em função do calendário eleitoral.

Valdernir Portela durante a reunião em Maracaju, lembrou que a proposta visa estender o prazo das dívidas agrícolas para 20 anos, com uma taxa de juros de 3% ao ano, além de garantir o apoio das instituições financeiras. Os produtores enfatizaram a importância de evitar a politização do assunto, buscando uma solução política viável e sustentável para o setor agrícola.

"Estivemos com, o governador Riedel também abriu diálogo com a Ministra do Planejamento, Simone Tebet, que demonstrou apoio à iniciativa. Ela solicitou um prazo de 30 dias para mobilizar produtores e municípios, enquanto o governo estadual prepara a documentação necessária para avançar com o projeto", disse Portela.


Segundo o produtor rural, o momento é de buscar, por meio do diálogo e do entendimento, soluções que atendam à classe. No entanto, ele ressalta que, caso não haja acordo, os produtores estão dispostos a realizar manifestações como “tratoraços” e “panelaços”, entre outras formas de protesto.

Representando o Banco do Brasil, a superintendente Juliana também participou do encontro, assim como presidente da Fundação MS Daniel Franco acompanhado do diretor Alex Melotto  manifestando o apoio da instituição ao projeto. Com isso, espera-se que o processo ganhe força em âmbito federal, garantindo o alongamento das dívidas e impulsionando o desenvolvimento agrícola.

A expectativa é que, após o período eleitoral, as negociações avancem em Brasília, com a apresentação formal da proposta ao governo federal.

A saúde do agronegócio

Produtividade Agrícola e Custos de Produção: Um Estudo sobre o Triênio

Roney Pedroso da MS Integração empresa de ´projetos agrícolas, apresentou durante o encontro um estudo aprofundado sobre a produtividade agrícola e os custos de produção dos últimos seis anos, com foco nas safras de 2018 até a atualidade. "Com a ajuda da Bruna, que agora faz parte da equipe, foram levantados dados de produtividade, custos de produção e preços de comercialização, fornecendo um panorama claro das mudanças ocorridas no setor agrícola", explicou Roney aos presentes.

O estudo segundo Roney foi dividido em dois períodos distintos: o primeiro que abrange as safras de 2018/2019 até 2020/2021, e o segundo trem, contemplando os últimos três anos, ou seja, de 2021/2022 até 2023/2024. "Nesse período, foi observado que o aumento dos custos de produção não foi proporcional ao preço de venda dos produtos, como soja e milho, o que impactou diretamente os produtores", frisou.

Para Roney, o aumento dos custos superou os ganhos com a comercialização, gerando um desequilíbrio que afetou a rentabilidade. Embora o aumento do preço da soja e do milho tenha aliviado parte dessa pressão, os custos continuaram subindo de forma mais acelerada, deixando os produtores em uma situação delicada.

Uma das questões centrais levantadas no estudo foi se o problema estaria na produtividade. Para isso, foi realizado um levantamento detalhado sobre a produtividade final, separando as diferentes regiões do Mato Grosso do Sul em Norte, Centro e Sul.

A região Norte, que abrange municípios como São Gabriel do Oeste, Costa Rica e Chapadão do Sul, foi destaque pelo grande potencial de plantio. Já a região Central, englobando grandes áreas de plantio e municípios como Alvorada e Paraíso das Águas, também apresentou dados relevantes. A região Sul, por sua vez, inclui Maracaju, Dourados, Ponta Porã, entre outros, com uma representatividade significativa na produção agrícola.

Esse estudo é apenas o ponto de partida para uma análise mais profunda dos sistemas de produção agrícola, visando entender os desafios e as oportunidades que o setor enfrentou nos últimos anos. Com base nos dados da ApoSor, CIGA e INS, a expectativa é que esse conhecimento contribua para a tomada de decisões estratégicas que possam equilibrar custos e melhorar a produtividade no futuro. Oportunidades de Financiamento e o Papel dos Instrumentos Financeiros no Agronegócio

No contexto atual, o mercado de capitais surge como uma alternativa viável para os produtores endividados. Através de mecanismos como os fundos de investimento, há a possibilidade de que esses organismos adquiram ativos agrícolas, zerando as dívidas dos produtores e utilizando as propriedades como garantia. Coube a Andre Dobashi vice presidente da Aprosoja - MS essa abordagem referente a crise no mercado agricola "não apenas alivia a pressão financeira sobre os agricultores, mas também os mantém ativos no mercado" disse André em sua fala.

André colocou que se destaca nesse cenário é a Cédula de Produto Rural com Direitos de Sustentação (CPR-DDS). "Esse mecanismo permite a transferência de recursos estrangeiros diretamente para os produtores, geralmente exigindo garantias reais, que podem incluir um conjunto de CPRs. A CPR-DDS, portanto, representa uma ponte entre o capital internacional e a produção rural, oferecendo uma opção de financiamento que pode ser menos onerosa" disse.

"Essas ferramentas financeiras são fundamentais para organizar e estruturar a demanda dos produtores, permitindo que levem suas necessidades aos ministérios responsáveis" finalizou.

Historicamente, iniciativas como o Programa de Estímulo à Agricultura (PESA) de 1994 e a securitização de ativos demonstraram como soluções financeiras podem ser desenvolvidas de maneira organizada para atender às demandas do setor agrícola.

É essencial que a construção de soluções fomentem o crescimento e a sustentabilidade do setor. O diálogo entre o setor privado e as instituições públicas será crucial para viabilizar essas iniciativas e garantir que os produtores tenham acesso aos recursos necessários para prosperar. Cerca de 600 produtores participaram do encontro, que foi realizado no Tatersal de Leilões do Sindicato Rural do municipio. Reinaldo Azambuja, Paulo Correa e o governador Eduardo Riedel encaminharam videos de apoio a classe para serem apresentados ao publico presente.