- mell280
31/10/2024 04h55
Prefeito "mais louco do Brasil" diz ser alvo de inveja e denúncias por ser popular
Alvo de operação do Gaeco, prefeito de Ivinhema disse estar de consciência tranquila, mas lamentou ter o nome sempre envolvido em polêmicas
Juliano Ferro (PSDB), conhecido como o prefeito "mais louco do Brasil", de Ivinhema, que foi alvo de operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) nesta quarta-feira (30), atribuiu as denúncias e investigações a pessoas que teriam inveja de sua popularidade e declarou ser inocente e estar de "consciência tranquila" e a disposição da Justiça.
"A minha vida nunca foi fácil e não é na política que ia ser, a vida é difícil. Toda vez que a gente cresce, toda vez que chega em um patamar que poucos vão chegar, a gente vira alvo de perseguição, alvo de inveja, de muitas coisas, porque, quantos políticos tem em Mato Grosso do Sul? E quem é o mais conhecido, que tem a maior rede social? Então tem gente que fica incomodado", disse o prefeito.
O vídeo foi postado no Instagram, onde Juliano Ferro tem mais de 767 mil seguidores.
Na operação de hoje, mandado de busca e apreensão foi cumprido na casa do prefeito, onde foram apreendidos documentos, celulares, dinheiro e cheques, em busca de evidências que possam comprovar o possível envolvimento de falsificação de documentos e transferência de uma caminhonete para uma pessoa que já estava morta há três anos, o que demonstra falsificação.
O prefeito disse ainda não ter muitas informações sobre a investigação, mas garantiu que está tranquilo e ressaltou que a operação não tem nenhuma relação com a administração municipal.
"Quero deixar aqui que não tem nada a ver questão de prefeitura, é sobre transferência de um carro. Eu mexo com carro há 20 anos, então não tem nada a ver com o Poder Público, com nossa administração, é sobre a transferência de um carro e deu todo esse bafafa", disse.
Conforme informações do Gaeco, a transferência de uma Dodge Ram, avaliada em R$ 300 mil, foi feita na agência do Detran de Maracaju, em junho de 2023. Mesmo com a venda realizada, o veículo continuou com o prefeito.
"Eu não vivo só de politica, eu vivo de sorteio de carro, vivo de compra e venda de carro, a gente tinha um dinheiro aqui, 70 e poucos mil levaram, levaram cheque nosso, levaram meu telefone, a gente fica um pouco triste porque équestão de uma transferencia de um carro e a gente passar por todo esse constrangimento, mas também compreende as autoridades", contou o prefeito, que também agradeceu aos policiais que teriam sido "educados e respeitosos" ao cumprir os mandados.
Juliano Ferro voltou a falar que nunca teve a vida fácil e que sabia que iria piorar ao entrar na política, mas que não esperava que fosse ser alvo de tantas investigações e denúncias.
"Nesses três anos e 10 meses [de mandato] eu nunca vi tanta coisa ruim envolvendo meu nome, tem a pandemia supervalorizou as coisas, supermercado as coisas caras e a prefeitura também comprou, aí esses dias teve investigação de superfaturamento de licitação de merenda. Lá atrás a gente faz sorteio de carro, mais um polêmica; uma pessoa vai presa aqui com envolvimento de tréfico e eu comprei uma casa e um carro mais uma polêmica, bloqueia minha casa, expoe meu nome e agora leva esse outro carro que veio dessa outra pessoa, até um disparo de fogo que eu dei em 2015 eu tô respondendo aqui, é muita coisa que envolve a gente, parece uma coisa esquisita, nunca vi tanta perseguição,é para tentar desanimar, porque eu nunca vi tanta polêmica envolvendo meu nome", lamentou.
Por fim, o prefeito afirma que tudo que envolve seu nome vira alvo de polêmica e cita novamente o fato de ter uma das maiores redes sociais de política no Estado, em número de seguidores, e também a aprovação da população, que o reelegeu com mais de 81% dos votos.
"Quando eu não era politico eu nunca passei por isso. Aqui em ivinhema é proibido soltar rojão, se eu der um peido alto vão achar que eu to soltando rojão e já entra com a denuncia. A gente tem pessoas totalmente desqualificadas, fakes, que é denuncia em cima de denúncia contra minha pessoa, isso deixa triste porque envolve o nome da gente, envolve a integridade, a moral, é muito complicado", acrescentou.
Ele finaliza dizendo que não irá desanimar ou baixar a cabeça e que os advogados já estão tomando providências sobre a investigação que culminou na operação de hoje.
"Deus está na proteção, tenho minha consciência tranquila", concluiu.
Operação Contrafação
As investigações do Gaeco, que culminaram na Operação Contrafação deflagrada nesta quarta-feira (30), revelaram que um veículo de luxo que pertenceu ao prefeito Juliano Ferro e, também, a um empresário local, que não chegaram a registrar a posse, "acabou tendo sua transferência efetivada, em sequência, para o nome de dois policiais militares deste Estado, baseada em documentação falsificada".
Apesar desta "venda", a caminhonete continuava com o prefeito.Em setembro deste ano, a Polícia Federal instaurou inquérito para investigar por que o prefeito Juliano Ferro não havia declarado à Justiça eleitoral a posse de uma Dodge Ram e de uma Silverado, avaliadas em R$ 800 mil que ostentava em suas redes sociais.
Ao prestar depoimento, no dia 3 de setembro, o prefeito disse que já havia vendido a Ram recentemente e que a Silverado não estava em seu nome e por isso não declarou à Justiça Eleitoral. Esta Silverado acabou sendo apreendida pela PF no dia 15 de outubro em meio a uma investigação relativa a uma quadrilha de narcotraficantes.
O prefeito admitiu que havia comprado a Silverado de Luiz Carlos Honório, preso em 8 de agosto acusado de ser um dos chefes de uma quadrilha do narcotráfico baseada em Ivinhema. Na investigação também apareceu a informação de que a casa do prefeito havia sido adquirida do mesmo comerciante, que seque preso.
Na Operação Contrafação foram cumpridos oito mandados judiciais de busca e apreensão domiciliar, a um mandado de busca e apreensão de veículo e intimações acerca da imposição de medidas cautelares alternativas diversas da prisão.
Durante o cumprimento das ordens judiciais, foram apreendidos R$ 79 mil em dinheiro, além de armas, carregadores e munições. Duas pessoa foram encaminhadas para a delegacia diante do flagrante por posse de arma. Uma deles, conforme apuração do Correio do Estado, seria um vereador recém-eleito e que trabalhava como uma espécie de segurança do prefeito Juliano Ferro.
Além da casa do prefeito, os promorotes do Gaeco fizeram buscas em um supermercado (Alvorada) e em uma loja de revenda de veículos, pertencente à mesma família. Desta loja eles levaram uma caminhonete semelhante à que teve a documentação adulterada, mas o Gaeco não confirmou se é o veículo que estava sendo utilizado pelo prefeito até meados de 2024.