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Brasil pode aproveitar momento energético para aquecer a economia e liderar transição energética global


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  • mell280

23/12/2024 09h45

Brasil pode aproveitar momento energético para aquecer a economia e liderar transição energética global

Renata Thomazi


Recursos naturais, talentos e urgência climática podem destacar o país em 2025; aumento de uso de termelétricas pode encarecer conta de energia

Apagões elétricos, queimadas fora do controle, chuvas intensas, mudanças regulatórias, conflitos geopolíticos e avanços tecnológicos, o ano de 2024 foi marcado por fatos que conduziram transformações e debates relevantes ao setor energético global, e o Brasil não ficou alheio a esse cenário.

Segundo Luiz Mandarino, especialista no setor energético e em inovação, co-fundador e COO do Energy Hub, o panorama brasileiro é desafiador, mas ainda assim, positivo. “Especialmente quando consideramos a aplicação de energias renováveis, avanço dos biocombustíveis e novas iniciativas de fomento a startups, como o NAVE, programa da ANP que envolve 8 (oito) grandes companhias do setor”. 

O NAVE foi lançado em agosto deste ano para destinar mais de R$ 26 milhões para startups que desenvolvam soluções em transformação digital, economia circular e descarbonização. A iniciativa alavanca a Cláusula de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) dos contratos de petróleo e gás, promovendo impactos positivos na economia nacional.

Impacto global

Mandarino afirma que nos quase três anos do início da guerra entre Rússia e Ucrânia (início em fevereiro de 2022), é notável o impacto devastador no mercado global de energia, elevando os preços e expondo a vulnerabilidade da dependência de combustíveis fósseis. “A insegurança energética fez com que países europeus, buscando mitigar os riscos, acelerassem os investimentos em energias renováveis, provocando uma reestruturação do comércio energético internacional, que obviamente refletiu no Brasil". 

Dentre os impactos referidos, Mandarino listou o aumento nos preços dos combustíveis fósseis e a necessidade de aceleração da transição energética do Brasil, uma vez que possui matriz energética diversificada, ganhando destaque no fornecimento de biocombustíveis, como etanol e biometano. 

O COO afirma que a reestruturação do comércio energético internacional gerou oportunidades para o Brasil expandir sua presença no mercado internacional, como no fornecimento de etanol, biodiesel e, mais recentemente, hidrogênio verde. “Dinâmica que posicionou o país como um player estratégico na descarbonização global", afirma. 

Ao revisitar fatos internacionais, o especialista destaca o retorno de Donald Trump à liderança dos Estados Unidos, trazendo incertezas sobre a manutenção dos acordos firmados durante a gestão de Biden para conter o aquecimento global. Conhecido por priorizar a expansão da produção de petróleo e gás natural e por flexibilizar regulações ambientais, o retorno de Trump sinaliza possíveis postergações nos esforços de redução de emissões. 

Em meio a esses fatos, Mandarino destacou avanços promissores, como o avanço da Inteligência Artificial (IA) e as tecnologias emergentes como Blockchain, a computação quântica e a computação sustentável que ganharam espaço. Considerada uma prioridade pela ONU para 2025, a computação quântica promete transformar setores críticos, como a modelagem climática, enquanto a computação sustentável busca reduzir a pegada de carbono com soluções mais eficientes.

Panorama verde e amarelo

No Brasil, o setor energético viveu um ano de grandes progressos. A expansão de 9,1 GW na matriz elétrica centralizada em 2024 reforçou o papel das energias renováveis na matriz energética do país. 

Além disso, a aprovação da Lei dos Combustíveis do Futuro, que incentiva o uso de alternativas como o biometano e o diesel verde, representa um avanço significativo rumo à descarbonização. “Iniciativas como a regulamentação da Energia Eólica Offshore abriram portas para novos investimentos e posicionaram o Brasil como protagonista na transição energética”. O objetivo é explorar até 700 GW de geração eólica no mar, impulsionando a industrialização e o fortalecimento da economia nacional.

Mandarino cita que produtos como o etanol, biodiesel e biometano têm se consolidado como rotas estratégicas para realizar a transição  dos combustíveis fósseis no transporte terrestre, aéreo e marítimo. O Brasil, um dos líderes mundiais na produção de etanol, registrou aumentos expressivos na exportação do produto, especialmente para países em busca de soluções sustentáveis. Essa expansão foi alavancada por políticas que incentivaram a diversificação da matriz energética e criaram um ambiente favorável para o mercado.

A regulamentação do Hidrogênio Verde foi outro marco histórico de 2024, segundo Mandarino, ao afirmar que o hidrogênio produzido a partir de fontes renováveis como biomassa, biogás e eletrólise de fontes renováveis, desponta como a próxima grande oportunidade na descarbonização industrial e do setor de transportes. 

Outro aspecto foi a aprovação do Mercado Regulado de Carbono, no qual empresas que emitem mais de 10 mil toneladas de CO₂ por ano devem monitorar e compensar suas emissões, visando uma transição para uma economia de baixo carbono até 2030. 

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar), os investimentos no setor já superaram R$ 200 bilhões, especialmente para os sistemas de geração distribuída. Mandarinoafirma que o setor de energia solar nacional tem se consolidado como uma das principais alternativas para a transição energética e a redução de emissões de carbono.

Mas, nem tudo é luz. Segundo Mandarino, a implementação da bandeira tarifária de escassez hídrica, anunciada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), afeta todos os consumidores brasileiros e força o Brasil a reduzir a geração hidrelétrica e aumenta a dependência de termelétricas, com custos mais elevados. A expectativa é que para cada 100 kWh consumidos, seja acrescentado R$ 14,20 à tarifa, pesando no bolso do consumidor brasileiro.

Essa medida reflete a necessidade de reduzir a geração hidrelétrica, devido à escassez de água nos reservatórios, e intensificar o uso de termelétricas, que possuem custos operacionais mais altos. “O impacto se traduz não apenas em maior pressão econômica sobre as famílias e empresas, mas também em desafios adicionais para a competitividade da economia nacional, ao aumentar os custos de produção em diversos setores, além de contribuir significativamente para o aumento das emissões de gases de efeito estufa (GEE)”, explica. 

Inovação e empreendedorismo

Startups desempenharam um papel decisivo na evolução dos biocombustíveis. Muitas delas estão criando soluções inovadoras para produção mais eficiente e custo-efetiva de biocombustíveis avançados. 

Mas ainda temos um grande desafio de acelerar a maturidade e a densidade das startups que operam no setor de energia e sustentabilidade no Brasil. Atualmente menos de 2% das startups do Brasil estão neste setor, a partir do monitoramento do Energy Hub. 

De acordo com Mandarino, "a colaboração entre startups e grandes corporações no setor energético é essencial para desbloquear o potencial energético brasileiros, e viabilizar uma  transição energética limpa e justa." Um exemplo é a iniciativa do veículo de investimento em startups Energy Hub Ventures, iniciativa que já estruturou 12 startups dedicadas ao setor energético nacional e sendo sócia de outras 8 startups em mais outras duas ventures builders de energia (Synergy Ventures e H2G Tech Ventures), somando 20 startups ao todo, alcançando um valuation (valor) conjunto superior a R$ 120 milhões.

Para 2025, Mandarino afirma que a expectativa é de uma aceleração ainda maior na adoção dos biocombustíveis, impulsionada por investimentos em infraestrutura e pelo crescente interesse global em energia limpa. Ele cita que o país têm recursos e talentos para consolidar sua posição como um dos maiores exportadores de soluções energéticas sustentáveis, mas que "é necessário investir em inovação, alinhado às demandas de mercado, para de forma estruturada, contribuir para o aumento da densidade e maturidade das iniciativas, contratando startups para  resolverem problemas críticos como a descarbonização, a digitalização e a descentralização da energia. 

Sobre o Energy Hub 

Reconhecido como o maior hub de startups de energia do Brasil, o Energy Hub promove iniciativas que conectam mais de 190 startups ao mercado, com 4 (quatro) grandes mantenedores do setor (Constellation, Energisa, Neoenergia e Repsol Sinopec),  realizam eventos de impacto como o Energy Hub Summit e colaboram com parceiros globais para acelerar a inovação no setor energético. 

A iniciativa integra o grupo Sai do Papel, que apoia startups, corporações e investidores com soluções inovadoras. Fundada por Carlos Júnior, considerado um dos dez melhores mentores do Brasil segundo a Associação Brasileira de Startups, e com Luiz Mandarino como COO e idealizador do Energy Hub Ventures, o grupo opera três unidades de negócios — SdP Innovation, SdP Capital e SdP Hubs — formando um ecossistema que já impulsionou mais de 200 empresas. A SdP também é responsável pela curadoria do Rio Innovation Week, maior evento de inovação da América Latina. Mais informações em www.saidopapel.com.br.


 

 





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