- mell280
05/02/2025 05h45
Mudanças do vale-refeição e vale-alimentação acende alerta para aumento de custos das partes envolvidas
Diretor da Real Cestas afirma que alterações propostas não possuem efeito deflacionário
A equipe econômica do governo estuda mudanças no sistema de vale-alimentação e vale-refeição, incluindo a portabilidade e a interoperabilidade entre operadoras de benefícios. Com a portabilidade, o trabalhador poderia escolher a empresa responsável pelo pagamento do auxílio, semelhante ao que ocorre no setor de telecomunicações. Já a interoperabilidade permitiria que os cartões de uma operadora fossem aceitos em “maquininhas” de outras empresas, ampliando a rede de aceitação dos benefícios.
Enquanto o governo defende que essas mudanças podem aumentar a concorrência e reduzir custos, Gustavo Defendi, sócio-diretor da Real Cestas, empresa que atua há 25 anos no mercado de cestas básicas, de limpeza e de Natal explica que a implementação pode, na verdade, elevar os preços, dependendo do modelo adotado.
“As mudanças propostas não possuem qualquer efeito deflacionário. A depender da forma que forem implementadas, inclusive, podem levar a um aumento de custos para todas as partes envolvidas no mercado, porque sem uma estrutura adequada, a regulamentação pode gerar mais custos para trabalhadores, empregadores e estabelecimentos credenciados”, diz Gustavo.
O vale-refeição (VR) e o vale-alimentação (VA) não são benefícios obrigatórios, a menos que estejam previstos em convenção coletiva ou que a empresa tenha aderido ao Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), que concede incentivos fiscais às empresas que oferecem alimentação adequada aos empregados, permitindo a dedução dos gastos com alimentação no Imposto de Renda. No entanto, para usufruir desses benefícios, as empresas devem cumprir normas, garantindo que os auxílios sejam utilizados exclusivamente para a compra de alimentos e refeições.
O diretor da Real Cestas afirma que em paralelo, se a empresa fornece a cesta básica com os itens essenciais, não vai ocorrer o desvio de finalidade de fornecer alimentos e nem o poder de compra dos trabalhadores ficar reduzido para adquirir os produtos essenciais que precisa todos os meses.
“A cesta básica geralmente contém alimentos como arroz, feijão, macarrão, farinha, açúcar, sal, óleo, pó-de-café, leite em pó, entre outros itens essenciais. A quantidade e a composição podem variar de acordo com a região e a necessidade das famílias atendidas, por isso é possível fazer a personalização das cestas que será entregue ao colaborador, que não vai ter que se preocupar em pesquisar preços em diversos estabelecimentos, recebendo todos os meses esses itens essenciais”, enfatiza Defendi, que fornece mais uma média de 100 mil cestas básicas por mês a mais de 3 mil clientes.
O especialista em cestas básicas ressalta também que essas mudanças não aumentam o valor do benefício recebido pelo trabalhador, que permanece igual, apenas com a possibilidade de escolha de uma operadora diferente, favorecendo empresas com maior rede de estabelecimentos credenciados e aumentando a concentração no setor.
“Como os trabalhadores não têm acesso direto às taxas cobradas dos estabelecimentos, esse fator não influenciaria na decisão de troca de operadora, podendo resultar em pouca ou nenhuma redução de custos para os consumidores”, finaliza.
Gustavo Defendi é sócio-diretor da Real Cestas, empresa que atua há 25 anos no mercado de cestas de Alimentos, Higiene/Limpeza e de Natal