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Agronegócio brasileiro é importante para o G20 reduzir a fome no mundo


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  • mell280

05/02/2025 11h26

Agronegócio brasileiro é importante para o G20 reduzir a fome no mundo

Cintia Santos


 

 

João Guilherme Sabino Ometto*



Será importante que avancem, já em 2025, as ações da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada na Cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro, no final de 2024. O encontro, sob a presidência do Brasil, ganhou significado ímpar na história do grupo, ao abordar um dos desafios mais críticos da humanidade: a segurança alimentar. A expectativa é de que a iniciativa, proposta por nosso país, protagonista global do agro, tenha êxito, de modo que seja possível avançar de modo expressivo nessa agenda até 2030.
 

Foi bastante promissor o engajamento inicial de 80 nações ao projeto, visando enfrentar uma situação, já muito grave, que vem piorando nesta década, em contraste com as metas estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidos. Trata-se de uma inadiável prioridade, pois, segundo dados da própria ONU, cerca de 828 milhões de pessoas enfrentaram a fome em 2023, um aumento preocupante em relação aos anos anteriores. Além disso, aproximadamente 2,3 bilhões viviam em insegurança alimentar moderada ou grave.
 

As ações propostas na Cúpula do G20 são consistentes para enfrentar esses desafios. Dentre as principais iniciativas, entendo que as mais relevantes sejam a transferência de renda para 500 milhões de pessoas em países de baixa renda até 2030, a expansão de refeições escolares de alta qualidade para 150 milhões de crianças em regiões com alta taxa de pobreza infantil e a implementação de programas de inclusão socioeconômica de 100 milhões de pessoas, com foco especial nas mulheres. A origem dos recursos também está fundamentada de modo adequado, com financiamento por parte de organismos multilaterais de fomento, como o Banco Mundial (BIRD) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que se mostraram dispostos a oferecer crédito e doações para apoiar os programas.
 

Resta esperar que as medidas sejam cumpridas em termos concretos, ao contrário do que se observa, por exemplo, no contexto do combate ao aquecimento global, no qual o Acordo de Paris segue patinando desde sua instituição, em 2015, sem que os países ricos respeitem de modo pleno o compromisso assumido quanto ao aporte de recursos. Enquanto a questão segue sendo discutida e causando controvérsias, como na 29ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 29), no Azerbaijão, a elevação da temperatura da Terra vai se acentuando, causando cada vez mais enchentes, tufões e secas prolongadas, dentre outros fenômenos.
 

Além da proposta do Brasil ao G20, o País já vem contribuindo muito neste século para reduzir a fome, por meio do avanço do nosso agronegócio, que assumiu posição de destaque no cenário global. Cabe lembrar que somos uns dos maiores exportadores de alimentos, fornecendo comida para cerca de 1,5 bilhão de pessoas, com nossa produção de soja, milho, feijão, carne bovina, suína e de frango, dentre outros itens que brotam da terra.
 

Tal eficiência resulta de algumas décadas de inovação e desenvolvimento de tecnologias, possibilitando que tenhamos agricultura e pecuária sustentáveis. Adoção do chamado plantio direto, rotação de culturas, uso de bioinsumos, aumento da produtividade, permitindo colher mais em áreas cada vez menores, desenvolvimento dos créditos de carbono e Código Florestal rigoroso fazem do nosso agro uma referência mundial também em termos ambientais. Nesse aspecto, cabe destacar a importância do setor no processo de transição energética, como um dos maiores produtores mundiais de etanol e outros biocombustíveis, fator que se soma à criação da tecnologia dos motores flex e, mais recentemente, ao desenvolvimento dos carros híbridos.
 

No entanto, o agronegócio brasileiro ainda enfrenta alguns obstáculos que precisam ser superados para garantir seu avanço contínuo. Dentre os principais desafios estão a infraestrutura logística precária, em especial de transportes, que pressiona os custos e provoca desperdícios de produtos, e a dificuldade de acesso a crédito para financiamento das safras, principalmente para pequenos e médios produtores, que, aliás, são uns dos focos prioritários da proposta do Brasil ao G20. Também penso ser necessário promover a capacitação dos produtores rurais e ampliar cada vez mais o acesso do campo à inovação.
 

A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, se efetivada em termos práticos pelas nações signatárias, pode representar um grande passo na luta contra esses flagelos de nossa civilização. Com o aporte dos recursos anunciados no Rio de Janeiro, a implementação de políticas públicas eficazes, investimentos em tecnologias sustentáveis e o fortalecimento permanente do agronegócio, é possível vislumbrar, com responsável otimismo, um futuro no qual a insegurança alimentar e a miséria sejam erradicadas, garantindo uma vida digna para bilhões de pessoas em todo o planeta.
 

*João Guilherme Sabino Ometto é engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), empresário e membro da Academia Nacional de Agricultura (ANA).


 

João Guilherme Sabino Ometto. Crédito: divulgação










 


 





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