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- mell280
10/05/2025 10h35
Na era do WhatsApp, as ligações são ignoradas até onde não deveriam
Até em consultórios médicos a cena é a mesma: liga, toca, ninguém atende
Por Clayton Neves
A cena é conhecida e frustrante. O telefone toca, toca, toca... e ninguém atende. Em tempos de hiperconectividade, parece contraditório dizer que ficou difícil conseguir falar com alguém. Mas a verdade é que, diante do reinado do WhatsApp, até mesmo ligações para consultórios médicos, clínicas e prestadores de serviço passaram a cair em um limbo digital onde ninguém escuta, ninguém responde.
Kamila Monteiro, de 30 anos, viveu esse drama recentemente ao tentar agendar uma consulta dermatológica. “Eu peguei a lista de profissionais do plano de saúde, liguei para doze clínicas e nenhuma atendeu. Nenhuma”, conta.
A única forma de conseguir retorno foi recorrendo ao aplicativo de mensagens. “Eu só consegui marcar quando fui para o WhatsApp. Foi rápido até, mas por robô. Tive que digitar nome, dados do plano, até entrar um atendente de verdade”, detalha.
A substituição do telefone pelo WhatsApp parece inevitável, mas nem sempre funcional. “Tem situações que a gente precisa resolver de forma mais ágil. Eu não quero falar com o médico no WhatsApp pessoal dele, quero falar com a secretária, um profissional pra me atender. E no meu aso não fui atendida”, finaliza.

Izabela Rufino passou pela mesma situação e mais de uma vez. Em algumas ocasiões, tentava marcar consulta médica para a filha de 6 anos. “Você liga no número fixo que aparece na internet, mas ninguém atende. Aí você tem que ir no Instagram da clínica, achar o celular, tentar o WhatsApp, e ainda tem o robô. Tem que ficar digitando as opções e você nunca consegue o que precisa", relata.
Por causa da situação que irrita qualquer um, ela já desistiu do que lrecisava. "Várias vezes desisti. Tentava em outro dia, ou simplesmente ficava sem resolver mesmo", afirma.
O mais irônico é que, enquanto pessoas como Kamila e Izabela enfrentam o silêncio das linhas fixas, seus celulares não param de tocar, mas de números desconhecidos, operadoras insistentes, pesquisas de satisfação ou ofertas duvidosas.
Os famigerados call centers, muitas vezes automatizados, fazem dezenas de tentativas por dia, desgastando a relação do usuário com o próprio telefone. O resultado é uma espécie de aversão generalizada ao som de uma chamada de voz.
Mas essa nova rotina, em que se ignora o telefone e se prioriza o aplicativo, pode ter consequências sérias. O imediatismo das mensagens muitas vezes não dá conta da complexidade de uma conversa real. E, quando o assunto é saúde, tempo e clareza são fundamentais.
“Às vezes você precisa de uma informação rápida, que poderia ser respondida por telefone, e tem que ficar aguardando WhatsApp, internet...”, lamenta Izabela.
Em nome da praticidade, o contato humano está sendo empurrado para os cantos da tela, enquanto uma simples ligação atendida poderia fazer toda a diferença.
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