- mell280
28/06/2025 08h04
Fraudes no azeite: como o consumidor pode comprar com segurança
*Karoline Albini Schast
O azeite de oliva é um dos alimentos mais valorizados por seus efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e cardioprotetores. No entanto, fraudes envolvendo esse produto são comuns no Brasil. Somente em 2025, a Anvisa já proibiu a comercialização de seis marcas por composição irregular e origem desconhecida.
Análises físico-químicas conduzidas pelo Ministério da Agricultura mostraram que os produtos, vendidos como azeite, continham óleos vegetais não identificados, como soja ou milho. Essas adulterações representam fraude econômica e risco sanitário, violando a legislação e enganando o consumidor.
Para se proteger, é fundamental entender como avaliar a qualidade do azeite e o que observar nos rótulos:
Atenção à acidez:
A acidez é um indicador químico que mede a proporção de ácidos graxos livres no azeite. Quanto menor o valor, maior a qualidade. O azeite extravirgem tem até 0,8% de acidez, o que reflete menor oxidação e melhor preservação dos compostos bioativos. O azeite virgem pode ter até 2% de acidez. Acidez elevada pode indicar defeitos na extração, fermentação do fruto ou contaminação.
Entenda os tipos de azeite:
- Azeite extravirgem: extraído a frio, sem aditivos, com sabor e aroma preservados. Ideal para uso cru e culinária saudável.
- Azeite virgem: também extraído por processos mecânicos, mas com maior acidez e menor qualidade sensorial.
- Óleo de bagaço de oliva (ou “óleo de orujo”): obtido a partir do resíduo da azeitona (casca e caroço), refinado com solventes. Tem menor valor nutricional.
- Óleo composto: mistura de azeite com outros óleos vegetais (como soja), geralmente com baixo custo — mas não é azeite de oliva puro.
Fique atento ao rótulo:
Verifique a origem do produto, data de envase, tipo de azeite e o número de registro no MAPA (Ministério da Agricultura). Frascos escuros e tampa inviolável ajudam a preservar a qualidade.
Desconfie de preços muito baixos:
Azeite extravirgem verdadeiro tem custo mais elevado. Preços muito abaixo da média indicam risco de fraude ou diluição com óleos mais baratos.
Embora o azeite de oliva extravirgem seja um aliado da saúde, seu valor está diretamente ligado à pureza e integridade do produto. Fraudes mascaram o consumo de óleos refinados com perfil inflamatório. Isso pode impactar negativamente pessoas com doenças cardiovasculares, síndrome metabólica e outras condições em que o azeite verdadeiro é recomendado como gordura funcional.
O Brasil, infelizmente, ainda enfrenta desafios na fiscalização e combate a fraudes. Por isso, cabe ao consumidor estar bem-informado e fazer escolhas conscientes — valorizando produtos certificados, marcas reconhecidas e rótulos transparentes.
*Karoline Albini Schast é nutricionista, especialista em comportamento e fitoterapia, além de professora do Bacharelado de Nutrição do Centro Universitário Internacional Uninter.