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30/06/2025 16h03 - Atualizado em 30/06/2025 17h15
Ato contra o feminicídio em Maracaju planta 17 girassóis e homenageia vítimas com nome e memória
Hosana de Lourdes
Maracaju, cidade a 160 quilômetros da capital Campo Grande, foi palco de um ato público comovente em memória das vítimas de feminicídio em Mato Grosso do Sul. No centro da cidade, na Praça Nestor Pires Barbosa, 17 girassóis foram plantados, simbolizando cada uma das mulheres assassinadas brutalmente este ano no estado.
O evento reuniu autoridades municipais, estaduais, representantes da segurança pública, movimentos sociais e a população. Em um dos momentos mais marcantes, a coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres, Jamaika do Carmo, abriu a cerimônia lembrando o nome de cada vítima, reforçando a necessidade urgente de romper o ciclo da violência:
01-Karina Corim, 29 anos – morta a tiros pelo ex-companheiro em Caarapó (01/02).
02-Vanessa Ricarte, 42 anos – morta a facadas pelo ex-noivo em fevereiro.
03-Juliana Domingues, 28 anos – indígena, morta com golpes de foice na cabeça, em Dourados (18/02).
04-Mirele dos Santos, 26 anos – morta a tiros pelo ex-marido em Água Clara (22/02).
05-Emiliana Mendes, 26 anos – estrangulada pelo companheiro em Juti (24/02).
06-Gisele Cristina Oliskowiski, 40 anos – morta em Campo Grande; corpo queimado pelo companheiro (01/03).
07-Andreia da Silva Arruda, 30 anos – morta a facadas em Nioaque (29/03).
08-Ivone Barbosa da Costa Nantes, 40 anos – morta com facadas na cabeça em Sidrolândia (17/04).
09-Thaciana Paula Lima, 39 anos – assassinada a tiros em Aporé, GO, mas natural de Cassilândia (11/05).
10-Simone da Silva, 35 anos – morta a tiros na frente dos filhos em Itaquiraí (14/05).
11-Olizandra Vera Cano, 26 anos – assassinada a facadas na Aldeia Taquaperi, Coronel Sapucaia (23/05).
12-Graciane de Sousa Silva, 32 anos – morreu após quatro dias de agressões, em Angélica (25/05).
13-Vanessa Eugênio Medeiros, 23 anos – vítima de feminicídio.
14-Sophie Eugenia Borges, 10 meses – morta asfixiada e carbonizada junto com a mãe, em Campo Grande (28/05).
15-Eliana Guanes, 59 anos – queimada viva em Corumbá pelo colega de trabalho (07/06).
16-Doralice da Silva, 42 anos – morta a facadas pelo companheiro em Maracaju (20/06).
17-Rose Antônia de Paula, 41 anos – morta a facão pelo companheiro em Costa Rica (27/06).

Durante o ato, a tenente Débora Gibin alertou sobre o ciclo da violência doméstica, que começa de forma sutil e tende a se repetir com mais gravidade:
“Temos não só a violência física, mas também a psicológica, moral, sexual, patrimonial. E o feminicídio é o fim desse ciclo. Começa com tensão, depois agressões, depois vem a fase da lua de mel. A mulher acredita na mudança… até que tudo recomeça, e sempre pior.”
A deputada estadual Lia Nogueira destacou a importância da união entre as instituições:
“Quando o trabalho é feito com união de esforços — sem vaidade, sem disputa de protagonismo — conseguimos formar uma rede real de enfrentamento e proteção. Essa vítima que perdemos, como disse a tenente, não tinha histórico. Foi surpreendida pela crueldade.”
O presidente da Câmara Municipal lembrou que o Legislativo tem atuado de forma mais próxima da população com ações em parceria, como a Câmara Itinerante e a mobilização no combate ao feminicídio:
“Ninguém chega a lugar nenhum sozinho. E é com essa visão que estamos construindo um trabalho em conjunto com a prefeitura, a assistência social, a Coordenadoria da Mulher e todas as frentes envolvidas.”
Encerrando as falas, a primeira-dama Meire Calderan, que lidera a campanha em Maracaju, falou sobre a importância da rede de proteção:
“Nós, da Coordenadoria da Mulher, somos incansáveis. Nosso trabalho é coletivo, é referência no Estado. Polícia, Judiciário, Saúde, Conselho Tutelar, bombeiros, todos estão juntos, sem ciúmes, sem disputa, com um só objetivo: proteger vidas.”
“Tenho orgulho da nossa equipe. Aqui, um liga pro outro, age rápido, protege. Essa é a força de Maracaju.”
O plantio dos 17 girassóis foi acompanhado por momentos de silêncio, lágrimas e aplausos. O ato serviu como um chamado à consciência coletiva e à ação permanente. Em Maracaju, a luta pela vida das mulheres não é apenas uma pauta — é um compromisso diário. A campanha em Maracaju é por "Feminicídio Zero".

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