- mell280
08/07/2025 09h36
Como se comportam os quase 60 milhões de investidores que o Brasil tem?
Estudo revela quem são, como investem e o que esperam os brasileiros que aplicam recursos no mercado financeiro
Mais de 59 milhões de brasileiros declararam ter algum tipo de investimento financeiro em 2024, segundo dados da oitava edição do “Raio X do Investidor Brasileiro”, levantamento realizado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com o instituto Datafolha.
A pesquisa, que ouviu 5.846 pessoas de diferentes classes financeiras e das cinco regiões do país, entre os dias 4 e 22 de novembro do ano passado, mostra que a proporção de investidores brasileiros segue estável em 37% da população, o mesmo percentual registrado na edição do ano anterior.
Apesar da estabilidade, o cenário de investimentos no Brasil é marcado por um potencial de crescimento: entre os brasileiros que ainda não investem, 18 milhões afirmam ter a intenção de ingressar no mercado financeiro este ano.
O resultado, no entanto, depende também da permanência dos atuais investidores, já que cerca de 14 milhões consideram interromper suas aplicações no mesmo período. Caso ambos os movimentos se concretizem, o saldo líquido será de um aumento de quatro milhões de investidores, elevando a participação total para 39% da população em 2026.
Perfil dos investidores
A pesquisa revela, ainda, que a maior parte dos investidores do país é composta por pessoas da classe C, que representam 46%, com ensino médio completo (42%), renda familiar mensal média de R$ 6.299 e residência na região Sudeste (51%).
A Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) destaca que investir é uma forma de construir patrimônio, pois permite rentabilidade ao dinheiro economizado. Dessa forma, é possível alcançar objetivos financeiros de curto, médio ou longo prazo, dependendo da estratégia utilizada.
Imóveis lideram planos para retorno dos investimentos
A pesquisa da Anbima aponta que os principais motivos que levam o brasileiro a aplicar seus recursos são o retorno financeiro (33%) e a busca por segurança (23%). A facilidade de investir aparece como terceira razão (14%), enquanto a formação de uma reserva de emergência tem ganhado espaço, passando de 6%, em 2023, para 9% em 2024.
Essas motivações influenciam diretamente os planos para o uso futuro do dinheiro investido. A compra de imóveis lidera entre os objetivos de quem aplica no mercado financeiro: 31% dos investidores afirmam querer adquirir um imóvel com os rendimentos, percentual que chega a 34% na classe D/E. Na sequência, 19% pretendem apenas manter os recursos aplicados, comportamento mais comum nas classes A/B, onde a taxa sobe para 24%.
A aposentadoria também é apontada como destino dos investimentos por 11% dos entrevistados, especialmente entre a geração X (44 a 63 anos) e os Millennials (29 a 43 anos), com índices de 12% cada.
Os boomers (a partir de 64 anos), por outro lado, além de preferirem manter os valores aplicados, são também os que mais utilizam os retornos financeiros em atividades de lazer, como viagens e passeios (15%).
A previdência privada é uma das alternativas apontadas pela Abefin para quem deseja complementar a renda da aposentadoria do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e manter estabilidade financeira no futuro. Como se trata de uma estratégia de longo prazo, a orientação é que o planejamento comece o quanto antes.
Orientações sobre investimento
Segundo informações da Bolsa de Valores (B3), o primeiro passo para alcançar resultados positivos com os investimentos é definir metas claras e compatíveis com a própria realidade. Entender o que se pretende alcançar com o dinheiro aplicado ajuda a manter o foco e a disciplina ao longo do tempo.
A Serasa também recomenda que, ao escolher qual aplicação investir, como renda fixa, ações ou fundos imobiliários (FIIs), o investidor também leve em conta seus objetivos. Quem pretende comprar um carro em dois anos, por exemplo, deve buscar produtos com baixo risco e liquidez, enquanto aqueles que pensam na aposentadoria podem optar por opções com maior rentabilidade no longo prazo, mesmo que envolvam mais volatilidade.
Além disso, para quem está começando a se arriscar no universo dos investimentos, a orientação da Serasa é priorizar produtos de renda fixa, como Tesouro Direto, CDBs e LCIs, por oferecerem previsibilidade, segurança e retornos mais estáveis.
Digitalização e acesso à informação moldam novos hábitos
Nos últimos anos, a conta digital corrente passou a ser uma das principais ferramentas para organizar as finanças, acompanhar investimentos e facilitar o controle do orçamento, com a vantagem de oferecer praticidade e tarifas reduzidas.
Esse movimento de digitalização de serviços também se reflete nos meios utilizados para investir. Os aplicativos de bancos se consolidaram como a principal ferramenta para aplicar dinheiro em 2024, com preferência de 49% das pessoas, um crescimento de quatro pontos percentuais em relação ao ano anterior, conforme o levantamento da Anbima.
Enquanto isso, o uso das agências bancárias presenciais vem diminuindo. Em 2023, 38% dos entrevistados investiam por meio de visitas às agências bancárias. Em 2024, esse número caiu para 33%.
A pesquisa também indica que os canais digitais são cada vez mais relevantes para quem busca informações financeiras. Entre os mais jovens, como a geração Z (de 16 a 28 anos), o YouTube (57%) e o Instagram (49%) despontam como as principais fontes de atualização. Já entre os boomers (a partir de 64 anos), a televisão ainda tem um papel importante (36%), seguida de revistas e jornais (18%).