- mell280
31/07/2025 20h12
Desvalorização do real e novas tarifas dos EUA acendem alerta no mercado cambial
Por Lucas Tavares, especialista em câmbio na WIT Exchange
Lucas Tavares, especialista em câmbio na WIT Exchange - Créditos: Divulgação
- Como você avalia o comportamento do dólar frente ao real ao longo do mês de julho?
Em julho, o dólar pressionou o real e subiu consideravelmente, algo que não acontecia recentemente, já que, desde o início do ano, o dólar vinha acumulando perdas frente ao real. O responsável por esse movimento foi o presidente americano, que, novamente utilizando-se da imposição de tarifas, anunciou uma alíquota de 50% sobre as exportações brasileiras. Ao longo do mês, o real perdeu em torno de 2% em relação ao dólar, uma desvalorização de aproximadamente 10 centavos.
- Quais fatores internos mais influenciaram a taxa de câmbio no período? E quais fatores externos?
Como fator interno, segue em pauta o risco fiscal e os ruídos da política econômica, principalmente relacionados às novas alíquotas de IOF, que tornaram o ambiente cambial mais inseguro.
Como fator externo, o que ditou a oscilação do dólar foi o anúncio das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, que provocou forte aversão ao risco. Do fechamento do dia 9 à abertura do dia 10, o dólar saltou cerca de 16 centavos e se manteve em patamar elevado até o fim do mês.
- Como o mercado reagiu às declarações ou ações do Banco Central e do governo federal em julho?
O Copom manteve a taxa Selic em 15%, algo já esperado pelo mercado, e ressaltou cautela diante das tarifas dos EUA, sinalizando que avaliará bem os impactos antes de iniciar cortes nos juros.
O governo impactou diretamente o mercado ao submeter a decisão sobre o aumento das alíquotas do IOF ao STF, que decidiu a favor do governo e, consequentemente, tornou as operações de câmbio mais caras.
- Quais são as suas projeções para o câmbio em agosto? Há espaço para valorização ou desvalorização do real?
Tudo dependerá, principalmente, de um acordo ou não sobre as tarifas que os EUA impuseram ao Brasil. Antes disso, especialistas já apontavam para a possível continuidade da valorização do real frente ao dólar, movimento que vinha acontecendo ao longo do semestre.
- Quais são suas expectativas com a implementação das novas tarifas comerciais dos EUA sobre produtos brasileiros? Como essa medida pode afetar o câmbio, tanto no curto quanto no médio prazo?
As tarifas impostas pelos EUA causaram impacto imediato no câmbio. No curto prazo, o que se espera é uma volatilidade extra e pressão de alta no dólar (real mais fraco). A incerteza comercial pesa sobre o sentimento do mercado e gera aversão ao risco.
No médio prazo, o efeito dependerá da reação global. Parte do impacto pode ser diluído se o Brasil conseguir redirecionar exportações para outros mercados. No entanto, também pode haver menor demanda para empresas exportadoras brasileiras e, com isso, menos entrada de dólares no país, pressionando ainda mais o real.
- Quais eventos do mercado financeiro devem gerar uma oscilação cambial no próximo mês?
Em agosto de 2025, os mercados estarão atentos aos dados econômicos dos EUA (como emprego e inflação), às declarações do Fed, que continuarão a influenciar o dólar global, e ao simpósio de Jackson Hole, que será realizado ao final do mês. Além disso, os dados econômicos da China também entram no radar.
No Brasil, teremos a prévia da inflação, a balança comercial de julho e o Relatório de Inflação a ser divulgado pelo Banco Central.
- De que forma as novas tarifas impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros podem impactar o câmbio?
Em resumo, as novas tarifas já elevaram a incerteza cambial no curto prazo, pressionando o dólar e fazendo o real perder valor, atingindo o pior desempenho dos últimos meses. No médio prazo, se mantidas, as tarifas tendem a reduzir a entrada de dólares via exportações, pressionando o real para uma desvalorização ainda maior.
- Caso as exportações brasileiras para os EUA sejam reduzidas, isso pode gerar menor entrada de dólares no país? Esse movimento tem potencial de pressionar o câmbio?
Sim. Se as exportações brasileiras para os EUA diminuírem devido às tarifas, haverá menor entrada de dólares no Brasil, o que pressiona o câmbio. Com menor oferta da moeda americana por meio das exportações, o dólar tende a se tornar mais escasso, encarecendo-se frente ao real. Assim, a retração comercial gerada pelas tarifas tem potencial de enfraquecer ainda mais o real.
Tarifas americanas sobre produtos brasileiros elevam incerteza no câmbio - Créditos: Divulgação
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