- mell280
08/08/2025 08h39
A incrível sonoridade de Ossuna Braza
Esta semana o assunto é a Harpa. A origem da harpa é provavelmente relacionada ao tanger da corda do arco do caçador. As ilustrações sobreviventes do uso da harpa na antiguidade remontam ao Oriente Médio e Egito por volta do ano 3000 a.C. As harpas antigas eram pequenas e tinham poucas cordas, o que limitava a emissão notas. Já no século 18, eram construídas em madeira e as cordas podiam ser feitas de uma variedade de materiais, como tripa, crina de cavalo, latão, bronze ou seda.
As harpas foram se transformando com o passar do tempo tornando-se maiores, com mais cordas e ainda adquirindo pedais para aumentar ainda mais sua extensão (quantidade de notas). A harpa moderna é um instrumento bastante complexo. Possui 47 cordas, sendo as 11 mais graves de metal e as demais de tripa, e conta com 7 pedais. E desta feita trouxemos para uma conversa informal o harpista Ossuna Braza, que toca de Paulinho Simões e passeia pela música fronteiriça com maestria chegando agora ao seu caminho autoral. Um diálogo que certamente todos vão gostar, pois não falamos apenas de musica. Falamos de sonhos, vidas, planos e história. Ei-la:
A primeira faixa do seu EP UNA AZA é a a música "Cabeceira, como foi o processo de criação?
Essa música fiz nos idos de 2019, antes de começar a tocar harpa. Fiz a música no violão, é uma música instrumental... Já tentei colocar letra mas até então ela é instrumental, quem sabe num futuro próximo ganha letra. Mas é uma música que marca um início de um novo gosto nas minhas composições usando dos compassos compostos valseados, ternários, da música regional de fronteira de MS e misturando com influências de jazz brasileiro na época. E essa música pode ser dizer que também já estava prenunciando o meu interesse pela harpa da fronteira, a harpa latino americana, já chamada de harpa india e que já foi a harpa barroca: A harpa paraguaia.
E se tratando de harpa, e ainda latino americana, há um símbolismo e ligação muito forte com os elementos, espíritos e deusas das naturezas, e assim essa música que se chama "Cabeceira" que de forma instrumental tenta tratar sobre a cabeceira de um rio, sua nascente, e sobre o seu desaguar já se liga diretamente à harpa e seu nome em guarani "Ysapu" que significa: Som de água corrente.
O termo “Una Aza” – tem alguma concepção especial ma sua vida?
As vezes sinto contradições culturais ao tocar a harpa paraguaia, mas ao mesmo tempo sinto como se ela fosse um símbolo histórico de paz... E por isso o nome do EP "UNA AZA", pois onde nasci e cresci há uma herança histórica muito forte da guerra contra o Paraguai, e a harpa cresce como uma cachoeira em minha vida trazendo a força de antigos que viviam aqui e do vivo poder de arte que ela tem.
Mas a harpa é apenas "una aza" e voar com apenas isso é firmar uma montanha mina d'água que deságua em nosso chão fazendo brotar essas culturas e naturezas maravilhosas da polca, guarânia e chamamé,
Sabemos que produzir arte no Mato Grosso do Sul tem seu nível de dificuldade , mas qual seu objetivo maior?
Olha, esse meu primeiro EP tem um objetivo de introduzir e criar minhas bases conceituais, quero falar daquilo que o dinheiro não valoriza, da natureza que o homem esquece, da beleza da vida e de nossas contradições nas vivências com nós mesmos e com os outros bichos, humanos, florestas e ambientes.
Também quero falar de meus sonhos nesse Brasil profundo, tocando minha harpa, gaita e charango com minhas raízes nessa música regional de fronteiras e com o olhar atento para as coisas do resto do mundo que também me fascinam.
Eu particularmente conheci seu trabalho no Festival da América do Sul em 2023, quando eu estava no Conselho de Cultura daquele município, de lá pra cá, como tem sido suas apresentações?
Ah! Antes de responder, quero afirmar que estou alegre e honrado com esta entrevista. Em cada cidade que eu ando neste Mato Grosso do Sul, eu encontro um jornal que tem a sua coluna e isso me torna grato, e por esta possibilidade de te conhecer, pois eu lhe conhecia apenas de nome. Fiquei sabendo do espaço cultural em sua homenagem a ser inaugurado dia 16 em Corumbá e claro, pode anotar que irei me apresentar lá em breve. Mas voltando a resposta, eu acredito que o público se interessa pela harpa, e ela realmente é um instrumento extraordinário. Toquei na abertura do MS AO VIVO, para Ana Vitória, depois na Feira Literária de Jardim, e na Concha acústica da UFMS em comemoração aos seus 46 anos. E depois desta entrevista certamente terei muitos convites. Mas neste momento, a grande alegria é que o Álbum musical "Una Aza" está nas plataformas digitais. Desde o dia 21 julho.
Aproveito para dizer que esse trabalho é composto de 7 músicas autorais. E concomitantemente a isso o projeto “UNA AZA: Harpas e naturezas nas escolas está ativo e tem o objetivo de facilitar o acesso ao espetáculo de música autoral, instrumental e regional de fronteira para a comunidade jardinense, compartilhando letras que provoquem reflexões sobre a questão ambiental e cultural de Mato Grosso do Sul, e difundindo saberes, arte e cultura relacionando a harpa e natureza através de vivências artísticas com os alunos estimulando os talentos, a produção musical, e o contato com a harpa. Quero agradecer mais uma vez a oportunidade e espero vocês leitores no próximo evento musical, e que será divulgado em breve a agenda do mês de agosto para todos. Acompanhem minhas redes sociais, pois terão sempre novidades.
Abraços.www.koreoficial.com.br