12/09/2025 15h41 - Atualizado em 12/09/2025 16h46
Ponta Porã assume liderança e desbanca Maracaju como maior produtora de soja
Após quase duas décadas no topo, Maracaju perde posto histórico com queda de 26,1% na produção
Por Jhefferson Gamarra
Pela primeira vez desde 2005, o município de Maracaju deixou de ser o maior produtor de soja de Mato Grosso do Sul. De acordo com dados da PAM (Pesquisa Agrícola Municipal) 2024, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Ponta Porã conquistou o posto de líder estadual, com uma produção de 869.400 toneladas, superando as 843.772 toneladas registradas por Maracaju, que amargou uma expressiva queda de 26,1% em relação a 2023.
O desempenho reposiciona Mato Grosso do Sul no cenário nacional: entre os 20 maiores municípios produtores de soja do Brasil, o estado agora aparece apenas com Ponta Porã, que ocupa o 20º lugar no ranking. No ano passado, MS tinha dois representantes, Maracaju figurava na 12ª posição e Ponta Porã na 16ª. No topo nacional seguem São Desidério (BA), com 2,09 milhões de toneladas, e Sorriso (MT), com 2,08 milhões.
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A mudança encerra um ciclo de quase duas décadas de hegemonia de Maracaju, que desde 2005 vinha liderando a produção estadual de soja e figurando entre os grandes players nacionais da oleaginosa. A quebra da sequência acende um sinal de alerta para o setor agrícola local, que vinha se consolidando como motor econômico do município.
Embora a soja continue sendo o carro-chefe da agricultura sul-mato-grossense, representando 55,9% da área total destinada à colheita, outros produtos apresentaram movimentações significativas em 2024, segundo a pesquisa.
A produção estadual de milho sofreu uma queda de 41,4% na comparação com 2023, totalizando 7,88 milhões de toneladas em 2024. Apesar da retração, Mato Grosso do Sul manteve-se como o 4º maior produtor do país, atrás de Mato Grosso, Paraná e Goiás. Maracaju aparece como o 12º maior produtor de milho do Brasil, com 1,15 milhão de toneladas, e Sidrolândia ocupa a 30ª posição nacional, com 703 mil toneladas.
A produção de cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul chegou a 52,49 milhões de toneladas em 2024, um aumento de 1,4% sobre o ano anterior. O estado ocupa a 4ª colocação nacional, e Nova Alvorada do Sul se destacou como o 2º maior produtor municipal do país, com 8,1 milhões de toneladas, atrás apenas de Uberaba (MG). Rio Brilhante aparece em 6º lugar nacional, com 6,19 milhões de toneladas.
Mato Grosso do Sul subiu para a 3ª posição entre os maiores produtores de algodão herbáceo do Brasil, com 150,4 mil toneladas em 2024, um aumento de 6,9% em relação ao ano anterior. Os destaques estaduais são Costa Rica (82,7 mil t), Chapadão do Sul (41,1 mil t) e Alcinópolis (10,1 mil t).
A produção de feijão caiu 29,3%, passando de 17,8 mil toneladas em 2023 para 12,6 mil em 2024. Bonito lidera o ranking estadual com 4.040 toneladas. Já a mandioca apresentou crescimento de 9,6%, alcançando 1,26 milhão de toneladas e garantindo a 4ª posição nacional no cultivo da raiz.
Os números da PAM 2024 revelam uma reconfiguração do mapa agrícola de Mato Grosso do Sul. Se por um lado a soja mudou de mãos entre os municípios líderes, por outro a diversidade produtiva do estado se fortalece, com crescimento de culturas como o algodão e a cana-de-açúcar e manutenção da relevância em milho, mesmo com a forte queda na safra.
