15/09/2025 09h02
Hurst Capital lança operação com ativos judiciais americanos
Voltada ao mercado de indenizações por acidentes de trânsito no estado do Texas, a iniciativa oferece rentabilidade projetada de 25% ao ano em dólar
A Hurst Capital, maior ecossistema de ativos alternativos da América Latina, acaba de anunciar uma nova operação de investimento nos Estados Unidos. Desta vez, voltada ao mercado de indenizações por acidentes de trânsito no estado do Texas. A iniciativa oferece aos investidores brasileiros a possibilidade de aplicar recursos em ativos dolarizados com rentabilidade projetada de 25% ao ano.
O investimento é baseado na aquisição indireta de direitos creditórios originados de honorários advocatícios decorrentes de indenizações pagas por seguradoras norte-americanas. Os recursos captados serão destinados ao financiamento de um portfólio de casos geridos pela Hyde Trial Tribe, escritório de advocacia sediado no Texas e especializado em litígios de lesões pessoais.
O aporte mínimo exigido é de R$ 10 mil, com prazo estimado de 12 meses. A operação é classificada como judicial e envolve risco atrelado ao desempenho de seguradoras norte-americanas. A estrutura jurídica do Texas, considerada previsível e regulada, contribui para a estabilidade dos recebíveis.
A Primeira Série da emissão é classificada como Sênior, o que garante prioridade no pagamento aos investidores desta tranche. Os recebíveis gerados pelos casos serão destinados integralmente à liquidação da série sênior até que a remuneração projetada seja atingida.
Segundo dados do Departamento de Transporte do Texas, em 2023 foram registrados cerca de 560 mil acidentes no estado, resultando em mais de 250 mil vítimas com direito a compensação. A legislação local exige cobertura mínima de seguro por parte dos motoristas, o que inclui US$ 30 mil por pessoa para lesões corporais, US$ 60 mil por acidente para lesões corporais e US$ 25 mil por acidente para danos materiais. Coberturas adicionais, como a de motorista não segurado ou subsegurado, ampliam a previsibilidade dos recebíveis.
“O modelo jurídico adotado no Texas permite que os advogados atuem com honorários entre 33% e 40% do valor da causa, cobrados apenas em caso de êxito. A Hyde Trial Tribe conduz todas as etapas do processo, desde a análise de elegibilidade até a negociação com seguradoras e eventual judicialização. Atualmente, 70% dos casos são resolvidos por meio de acordos extrajudiciais, com assertividade geral de 80%. Em casos judicializados, o escritório apresenta histórico de 100% de êxito”, explica Arthur Farache, CEO da Hurst Capital.
Ele observa que a mediana dos honorários recebidos historicamente é de US$ 10 mil, em casos que ultrapassam US$ 200 mil. Cerca de 40% dos processos são liquidados em até seis meses, enquanto 80% são encerrados em até dez meses. Esses indicadores reforçam a previsibilidade do fluxo de recebíveis e a eficiência do modelo adotado.
A operação é estruturada por meio da securitização de uma carteira de recebíveis originados de contratos de prestação de serviços e de empréstimo entre a HRM One Limited e a HRM One US LLC. Esta segunda atua como investidora da Hyde Trial Tribe e é responsável pelo financiamento dos leads jurídicos. Os valores das indenizações são pagos pelas seguradoras em contas fiduciárias, que funcionam como ambientes segregados e auditáveis. Os honorários advocatícios são repassados à HRM One US LLC, que realiza os pagamentos à HRM One Limited, responsável por remunerar a securitizadora.
“Essa operação representa um avanço na internacionalização dos investimentos alternativos, com exposição a um mercado sólido e regulado como o dos Estados Unidos”, afirma Farache e acrescenta que o objetivo é ampliar o acesso dos investidores brasileiros a ativos dolarizados com alto grau de previsibilidade e proteção estrutural.
A tese de investimento contempla mecanismos de proteção ao investidor, como a subordinação de 20% aportada pelos sócios da operação, que assumem as primeiras perdas. A razão de cobertura da operação é superior a 3x, considerando a relação entre o valor dos recebíveis e a remuneração estimada. Além disso, há provisão de perdas de 20% já incorporada ao cenário base.
A estrutura permite ao investidor exposição indireta a um portfólio de casos já estruturados, com fluxo mensal de liquidação e remuneração em dólar. A operação está inserida em um mercado regulado, com volume anual superior a US$ 60 bilhões em indenizações por lesões pessoais nos Estados Unidos.