- mell280
23/09/2025 08h40
Agronegócio sustentável começa com energia inteligente
*Por Pedro Al Shara
O agronegócio brasileiro sempre foi movido a sol, das lavouras que florescem sob sua luz até a resiliência de produtores que enfrentam os desafios do clima com inovação. Mas agora, mais do que nunca, o sol está se tornando uma fonte literal de energia para o setor. A transição para matrizes energéticas renováveis não é apenas uma tendência: é uma resposta estratégica aos desafios de custo, acesso e sustentabilidade que impactam diretamente a produção no campo.
Nos últimos anos, observamos uma movimentação significativa no setor rural em direção à adoção de soluções como a energia solar fotovoltaica. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), só em 2023 houve um crescimento de quase 35% na potência instalada da geração solar distribuída no agronegócio. O setor já responde por cerca de 14,5% de toda a capacidade instalada no país, o que equivale a mais de 3,5 GW espalhados por mais de 190 mil sistemas em propriedades rurais. A curva ascendente não surpreende: em um cenário de custos crescentes e oscilações no fornecimento de energia elétrica, a geração distribuída garante previsibilidade e autonomia para o produtor.
Esse movimento tem sido reforçado por incentivos financeiros e políticas públicas que reconhecem o papel das fontes limpas na competitividade do campo. O Plano Safra 2023/2024, por exemplo, trouxe R$ 364 bilhões em crédito rural, parte dos quais direcionados para práticas sustentáveis e tecnologias verdes, incluindo sistemas de energia renovável. Além do apoio institucional, a queda no custo dos equipamentos e a melhoria na eficiência tecnológica têm tornado os projetos cada vez mais acessíveis, mesmo para pequenos e médios produtores, tradicionalmente mais vulneráveis às oscilações do mercado energético.
O impacto da energia renovável vai além do fator econômico. Em tempos de emergência climática e pressão por práticas sustentáveis nas cadeias globais de suprimento, utilizar energia limpa se tornou uma vantagem competitiva. Países compradores têm exigido rastreabilidade e indicadores ambientais de ponta a ponta. Neste contexto, a capacidade de demonstrar que a produção agrícola brasileira é abastecida por fontes de baixo impacto ambiental pode abrir portas, agregar valor à produção e consolidar a imagem do Brasil como potência verde.
A adoção de energia solar também contribui para resolver um desafio crônico da infraestrutura rural: a falta de acesso confiável à rede elétrica. Em áreas remotas ou de difícil acesso, a geração local de energia permite que sistemas de irrigação, armazenagem e processamento operem com estabilidade — fator crítico para evitar perdas e otimizar o rendimento da safra. O que antes era visto como uma utopia tecnológica, hoje se materializa em painéis instalados nos telhados de galpões, nas margens de plantações e até em sistemas flutuantes sobre reservatórios de água.
É interessante observar como essa transformação energética no campo está ocorrendo de forma descentralizada, silenciosa e eficiente, sem depender de grandes usinas ou megaprojetos. A natureza modular da energia solar combina perfeitamente com a lógica da produção rural, onde cada hectare tem sua especificidade e cada produtor precisa de soluções sob medida. O avanço é técnico, mas também cultural: os produtores estão cada vez mais conscientes de que investir em energia limpa é investir na longevidade do seu negócio.
Não há dúvidas de que a transição energética representa uma nova fronteira para o agronegócio nacional. Mais do que uma resposta às dores do presente, trata-se de um passo estratégico rumo a um futuro em que produtividade e sustentabilidade caminham lado a lado. E esse futuro já começou a nascer, com a luz do sol refletida nos painéis, alimentando não só máquinas, mas também a esperança de um Brasil rural mais forte, resiliente e sustentável.
*Pedro Al Shara é CEO da TS Shara indústria nacional fabricante de nobreaks, inversores e estabilizadores de tensão e protetores de rede inteligente.
Informações para imprensa:
Capital Informação
Gabriela Calderon - gabrielacalderon@capitalinformacao.com.br
Adriana Athayde – adriana@capitalinformacao.com.br
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