Ferramentas digitais revolucionam acompanhamento gestacional e reduzem riscos materno-fetais

Uma revisão científica publicada pela revista científica “Núcleo do Conhecimento” demonstra que o uso de tecnologias digitais durante o pré-natal pode melhorar a qualidade da assistência e reduzir complicações graves. A análise, realizada entre janeiro e abril deste ano, examinou 61 estudos sobre o tema.

Os pesquisadores responsáveis pelo estudo são a doutora em Engenharia Biomédica, Fernanda Cláudia Amorim, e o especialista em Reprodução Humana Assistida, João Valadares Filho. Eles identificaram que ferramentas como aplicativos, telemedicina e infográficos têm capacidade para elevar a satisfação das gestantes e promover melhores desfechos materno-fetais. 

No cuidado pré-natal, a telemedicina se tornou uma das principais ferramentas, segundo o estudo. Por meio dela, mulheres grávidas podem acessar serviços de saúde essenciais através de consultas virtuais, eliminando barreiras de transporte e evitando aglomerações, o que contribuiu para o aumento dos cuidados precoces.

O modelo de teleconsultas em grupo mostrou resultados promissores, sendo adotado por profissionais em diferentes regiões do país, desde um obstetra no RJ até equipes multidisciplinares em outros estados. A pesquisa mostrou que 70% das participantes dos grupos de cuidados pré-natais virtuais se sentiram melhor preparadas para cuidar do bebê em casa. 

Cenário nacional mostra crescimento do uso tecnológico

A pesquisa TIC Saúde 2024, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, revela que 17% dos médicos brasileiros já utilizam Inteligência Artificial Generativa em suas rotinas. Em unidades privadas de saúde, esse percentual aumenta para 20%. 

O levantamento indica, ainda, que 29% dos profissionais empregam a tecnologia para melhoria da eficiência nos tratamentos, e 22% a consideram auxiliar essencial no diagnóstico de doenças.

Os aplicativos de saúde móvel também auxiliam no engajamento e na educação da gestante, uma vez que fornecem informações sobre saúde, lembretes de consultas e medicamentos, recursos que tanto um obstetra em SP quanto profissionais de outras localidades podem recomendar como complemento ao acompanhamento presencial tradicional.

Um ensaio clínico randomizado realizado no Nordeste do Brasil exemplifica essas contribuições. Publicado na Revista da Escola de Enfermagem da USP, o ensaio mostrou que gestantes que utilizaram um aplicativo móvel compareceram a um número maior de consultas de pré-natal em comparação com o grupo controle. A tecnologia se mostrou eficiente para melhorar a adesão ao cuidado.

Durante a pandemia de Covid-19, consultas virtuais e monitoramento remoto de pacientes se consolidaram como alternativas. O Ministério da Saúde do Brasil já implementa projetos como o TelePNAR (Telemonitoramento de Pré-Natal de Alto Risco) para levar esse cuidado a regiões de difícil acesso, especialmente comunidades indígenas na Amazônia.

No entanto, essas tecnologias não substituem equipes multidisciplinares qualificadas presencialmente, funcionando como ferramentas essenciais para melhor distribuição do cuidado.