17/10/2025 06h14
Outubro Rosa amplia o olhar da prevenção e inclui a saúde mental das mulheres no trabalho
Especialista defende que cuidar da saúde feminina também reconhecer os impactos emocionais e promover políticas corporativas de acolhimento e segurança psicológica
A pressão profissional e a carga mental excessiva estão entre as principais causas de adoecimento das mulheres brasileiras no trabalho. Segundo o relatório Women @ Work 2024 da Deloitte, 53% das profissionais no país relatam níveis mais altos de estresse em relação ao ano anterior, e apenas 28% afirmaram receber suporte adequado de suas empresas para lidar com a saúde mental. O levantamento indica que o debate do Outubro Rosa precisa ir além da prevenção do câncer de mama, incorporando também o cuidado integral com o bem-estar emocional das colaboradoras.
A advogada e psicóloga Jéssica Palin Martins, fundadora da IntegraMente e especialista em saúde emocional corporativa, explica que os chamados riscos psicossociais, agora reconhecidos como obrigatórios de monitoramento pela Portaria nº 1.419/2024 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), afetam diretamente a saúde integral das mulheres. “O corpo feminino reage de forma intensa ao estresse contínuo. Ambientes hostis e ausência de apoio institucional ampliam quadros de insônia, distúrbios hormonais, baixa imunidade e até sintomas psicossomáticos”, observa.
Segundo a especialista, também fundadora da Palin & Martins, o ambiente de trabalho é um espaço determinante na promoção da saúde física e emocional. “Prevenção também significa criar segurança psicológica. Empresas que investem em diagnósticos emocionais e devolutivas para lideranças reduzem afastamentos e fortalecem a cultura de cuidado”, acrescenta.
A desigualdade na divisão de tarefas domésticas amplia o desgaste emocional. Dados do IBGE mostram que, em 2022, as mulheres dedicaram, em média, 9,6 horas por semana a mais do que os homens aos afazeres domésticos e ao cuidado de pessoas: 21,3 horas semanais contra 11,7 horas no caso dos homens. Essa sobrecarga, somada à rotina corporativa, intensifica o cansaço físico e emocional, sobretudo em cargos de alta responsabilidade.
A IntegraMente, plataforma criada por Jéssica, oferece programas de gestão emocional baseados em dados, com testes psicológicos validados, planos de ação e painéis de acompanhamento voltados a lideranças e equipes de recursos humanos. A metodologia atende às exigências da Lei nº 14.831/2024, que institui o Certificado de Empresa Promotora da Saúde Mental e reconhece organizações que adotam práticas estruturadas de bem-estar psicológico.
Para a especialista, o avanço das políticas de saúde mental depende de compromisso contínuo das empresas. “O emocional não pode ser tratado como tema de campanha. Ele precisa estar previsto na política interna, com metas, orçamento e mensuração. Ambientes que cuidam de forma estruturada previnem adoecimento e fortalecem vínculos de confiança”, defende.
Martins destaca ainda o papel das lideranças femininas nesse processo. “Gestoras identificam sinais de esgotamento mais cedo porque vivenciam esses desafios na própria trajetória. Criar espaços de escuta genuína e apoio mútuo entre mulheres é uma das formas mais eficazes de transformar a cultura emocional das empresas”, conclui.
Sobre Jéssica Palin
Jéssica Palin Martins é advogada, psicóloga e especialista em saúde mental no ambiente corporativo, graduada em Direito pela Universidade Paulista (UNIP) e em Psicologia pelo Centro Universitário do Norte Paulista (UNORP), mestre em Direito pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET) e especialista em Intervenção Familiar Sistêmica pela pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, FAMERP.
Fundadora da IntegraMente, desenvolveu uma metodologia que combina testes psicológicos validados com planos de ação estratégicos para lideranças e RHs. Sua atuação tem como foco no gerenciamento de riscos ocupacionais deve abranger os riscos que decorrem dos agentes físicos, químicos, biológicos, riscos de acidentes e riscos relacionados aos fatores ergonômicos, incluindo os fatores de risco psicossociais relacionados ao trabalho.
Seu trabalho ganhou relevância especialmente após a publicação da Lei 14.831/2024, que instituiu o Certificado de Empresa Promotora da Saúde Mental. A norma, já aprovada e aguardando regulamentação, estabelece critérios claros para a promoção da saúde emocional no trabalho.
Paralelamente, a Portaria nº 1.419 do Ministério do Trabalho e Emprego, publicada em 27 de agosto de 2024 (DOU de 28 28/08/2024 - Seção 1), que aprova a nova redação do capítulo “1.5 Gerenciamento de Riscos Ocupacionais” e altera o “Anexo I – Termos e definições” da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) que incluiu oficialmente os fatores psicossociais como riscos ocupacionais, reforçando a necessidade de estratégias corporativas de prevenção.
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