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Teste genético para câncer de mama no SUS só existe em Goiás, apesar de leis em outros quatro estados


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20/10/2025 08h51

Teste genético para câncer de mama no SUS só existe em Goiás, apesar de leis em outros quatro estados

Rodolfo Milone


Mais de 400 exames já foram feitos em parceria com a Universidade Federal de Goiás; Rio, Minas, DF e Amazonas têm legislação, mas ainda não implantaram o serviço

 

 

O avanço da medicina de precisão vem mudando a prevenção e tratativa do câncer, sobretudo os tumores de mama, considerados os mais comuns entre mulheres no Brasil e a principal causa de mortalidade feminina. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), são estimados mais de 73 mil novos casos anuais no período de 2023 a 2025.

Diante desse cenário, cresce a relevância dos testes genéticos, capazes de identificar mutações hereditárias que aumentam a propensão ao desenvolvimento da doença, permitindo que medidas de prevenção sejam adotadas antes mesmo do surgimento dos nódulos. Segundo Arthur Silva, Gerente Regional LATAM de Diagnósticos de Oncologia e Precisão da QIAGEN, essa tecnologia representa um divisor de águas na luta contra o câncer de mama.

“Para além da mamografia, considerada o principal exame para diagnóstico precoce, com a técnica de sequenciamento de nova geração (NGS), é possível analisar trechos específicos do DNA e identificar mutações associadas a diversos tipos de câncer hereditário. Alterações nos genes BRCA1 e BRCA2, por exemplo, elevam o risco de câncer de mama, ovário, próstata e pâncreas. Essa informação antecipada fornece informações antecipadas para decisões clínicas, reduz custos futuros ao sistema de saúde e abre caminho para decisões clínicas mais assertivas”, afirma.

Como funciona o teste genético para o câncer

Silva explica que o exame genético para o câncer de mama pode ser realizado a partir de uma simples coleta de sangue ou saliva, posteriormente processada em laboratório por meio de kits de reagentes — como os fornecidos pela QIAGEN – e equipamentos de tecnologia avançada. Caso seja encontrada uma mutação, o resultado indica maior risco para determinados tumores.

“Isso permite que médicos orientem os pacientes sobre cirurgias preventivas, rastreamentos regulares ou mudanças de estilo de vida. Por outro lado, quando não há mutações, o acompanhamento médico continua importante, mas o risco é considerado menor”, pontua.

E no SUS, já está disponível?

Apesar do potencial transformador, a disponibilidade do teste genético no Sistema Único de Saúde ainda é restrita. Em 2015, o Rio de Janeiro instituiu a chamada “Lei Angelina Jolie” (Lei nº 7.049/2015), que abriu caminho para a oferta do exame no SUS. Minas Gerais, Distrito Federal, Amazonas e Goiás também aprovaram legislações semelhantes. Entretanto, apenas Goiás efetivamente implementou o serviço.

No estado, a iniciativa é resultado de uma parceria entre a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) e a Universidade Federal de Goiás (UFG), dentro do programa Goiás Todo Rosa. Desde o início de 2024, já foram realizados 409 exames gratuitos, que identificaram 73 casos positivos em pacientes e familiares até maio de 2025. Todas as pessoas diagnosticadas passam a ser acompanhadas pelo SUS.

“Aos pacientes com convênio médico, o exame já integra o rol de procedimentos obrigatórios da ANS quando há histórico familiar de câncer. Mas o grande desafio é expandir essa oferta a todos. Esperamos que mais estados avancem do papel para a prática, como Goiás fez ao integrar políticas públicas e instituições de pesquisa, garantindo acesso equitativo a uma ferramenta que pode salvar milhares de vidas”, conclui Silva.

 



 


 





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