No Brasil, cerca de 1 milhão de empresas são abertas todos os anos, segundo dados do Mapa de Empresas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Por outro lado, mais de 330 mil empresas fecham anualmente, sendo que a maioria delas não chega a completar cinco anos de existência. No universo das startups, a estatística é ainda mais alarmante: 9 a cada 10 startups brasileiras não sobrevivem ao período inicial, de acordo com levantamento recente da Startup Genome.

O principal motivo por trás desses encerramentos? Falta de gestão estratégica e desalinhamento interno, de acordo com estudos da Endeavor e do Sebrae. É nesse contexto que uma função antes restrita ao alto escalão do governo americano vem ganhando protagonismo no setor privado, inclusive no ecossistema de inovação: o Chief of Staff (CoS).

Segundo Carolina Laboissiere, Diretora Regional da Chief of Staff Association (CSA) no Brasil e América do Sul, o cargo de CoS, especialmente no universo das startups e scale ups, deixou de ser um luxo para se tornar uma necessidade estratégica. “O CoS atua como uma âncora operacional, garantindo que a visão de longo prazo não se perca no dia a dia dos negócios. É o profissional que transforma estratégia em realidade, assegurando que todas as ‘peças da organização’ se movam na mesma direção", explica.

Em um mercado de mudanças rápidas e complexas, esse papel vai além de conectar visão e execução. “O CoS atua como um verdadeiro multiplicador de eficiência. Mais do que organizar fluxos e antecipar obstáculos, ele garante que a empresa avance de forma estruturada, mesmo em cenários de alta incerteza”, diz.

De acordo com a CSA, nos últimos dois anos a demanda global por CoS especializados em diferentes segmentos do mercado - incluindo o ecossistema de inovação - cresceu 28%, impulsionada pela instabilidade econômica e pela busca por modelos de gestão mais ágeis e sustentáveis. “É uma posição cada vez mais valorizada por startups, que precisam de velocidade para crescer rapidamente, sem perder o controle”, resume Carolina.

Pensando nisso, a Diretora Regional da CSA listou 5 motivos para as startups / scale-ups contratarem um Chief of Staff:

1. Escalabilidade estruturada: startups que crescem rápido correm risco de se perder na própria expansão. “O Chief of Staff é quem garante que o crescimento seja sustentável, sem queimar etapas ou comprometer a operação. Ele organiza a escalada de forma previsível, evitando que a empresa seja mais uma entre as 90% que não sobrevivem aos primeiros anos”, afirma Carolina.
   
   
2. Eficiência multiplicada: de acordo com a CSA, CEOs e founders gastam grande parte do seu tempo resolvendo questões operacionais que poderiam ser delegadas. “Com o CoS, o líder máximo volta a focar na estratégia e na captação de recursos, enquanto a execução corre no trilho certo. Esse ganho de eficiência pode ser decisivo na fase crítica de captação ou entrada em novos mercados”, explica a executiva.
   
   
3. Alinhamento entre áreas: desalinhamento interno está entre as principais causas de fechamento das startups, segundo o Sebrae. “O Chief of Staff conecta tecnologia, produto, marketing e operações, garantindo que todos falem a mesma língua. É a pessoa que desmonta silos e cria coesão organizacional, algo vital para empresas que ainda estão formando sua cultura”, detalha.
   
   
4. Antecipação de riscos: a CSA reforça que crises em startups poderiam ser evitadas com monitoramento adequado de processos. “O CoS tem essa função preventiva: identificar entraves antes que virem incêndios. Ele não só apaga o fogo, mas constrói sistemas para minimizar impactos externos ou prevenir que incêndios internos ocorram”, ressalta.
   
   
5. Cultura e retenção de talentos: um dos maiores desafios para o early stage é reter profissionais em um ambiente de pressão e mudança constante. “O CoS ajuda a preservar a visão de longo prazo e a traduzir essa visão para o time. Isso aumenta o engajamento e reduz a rotatividade, que costuma ser até 30% maior em startups do que em empresas consolidadas”, ressalta.

CoS como elo de conexão nas empresas

O cargo não substitui outras funções de liderança, como CFOs, COOs ou Diretores / Heads de área, mas atua como um catalisador da estratégia, articulando times, destravando gargalos e antecipando riscos. “Ele é o que chamamos de ‘quinto elemento’ da alta liderança: um parceiro direto do CEO, com visão ampla do negócio, e capacidade de navegar entre áreas para garantir a execução daquilo que realmente importa”, acrescenta Carolina.

“Para scale-ups em busca de escalabilidade, previsibilidade e alinhamento interno, o Chief of Staff pode ser o ‘trunfo secreto’ para atravessar a ‘fase crítica’ dos 5 primeiros anos com maior clareza e eficiência e, mais importante, sobreviver ao crescimento com sustentabilidade”, finaliza a Diretora Regional da CSA. 

Sobre a The Chief of Staff Association (www.csa.org) - koreoficial.com.br/Fundada em 2020, é a maior associação internacional para Chiefs of Staff de grandes corporações, governo e outras entidades, representando membros que ocupam posições de influência em mais de 70 países. Seus associados atuam em diversos setores, em algumas das empresas mais proeminentes do mundo - entre elas: Google, Deloitte, governo dos EUA e Salesforce, entre outras.