- mell280
07/11/2025 09h03
COP30 no Brasil pode ser ponto de inflexão nas negociações climáticas globais, avalia especialista
COP30 no Brasil pode ser ponto de inflexão nas negociações climáticas globais, avalia especialista
Sediada em Belém, conferência deve consolidar o papel do país na transição para uma economia climática baseada em natureza e em novos modelos de prosperidade
São Paulo, novembro de 2025 - Os mercados de carbono estarão no centro das atenções durante a COP30, que será realizada a partir do próximo dia 10/11, em Belém (PA). O evento marca um ponto de inflexão nas negociações climáticas globais, com expectativa de avanços concretos na implementação do Artigo 6 do Acordo de Paris, que estabelece as regras para as transações internacionais de créditos de carbono.
“A COP30 será o marco de transição entre o discurso e a prática. O mundo está percebendo que o crédito de carbono, por si só, não resolve a crise climática. Ele é uma ferramenta, não um fim. O desafio agora é garantir integridade ambiental e valor socioeconômico, conectando o capital global a quem realmente conserva: as comunidades que mantêm a floresta em pé. O Brasil tem condições únicas de liderar esse modelo, transformando conservação em prosperidade e bioeconomia em inclusão”, afirma Pedro Plastino, especialista em negócios climáticos e membro da delegação do Brasil na COP30.
A discussão sobre a precificação do carbono ocorre em um momento em que o Brasil se consolida como um dos principais protagonistas da agenda ambiental global. Com a maior floresta tropical do planeta e cerca de 20% do potencial mundial de geração de créditos de carbono baseados na natureza, o país tem a oportunidade de liderar uma nova etapa da economia verde, pautada na integridade ambiental, na transparência e no impacto socioeconômico positivo.
Enquanto o Congresso Nacional avança na tramitação do Projeto de Lei nº 2148/2015, que cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões, Plastino aponta que o grande desafio do país está em garantir que o mercado de carbono vá além das compensações e se torne uma ferramenta efetiva de desenvolvimento sustentável.
Segundo ele, a COP30 representa também um ponto de convergência entre a diplomacia climática e a economia real. “Estamos diante de uma mudança estrutural na forma como o mundo enxerga valor. O carbono se torna um ativo de impacto, e o Brasil, com sua biodiversidade e conhecimento tradicional, pode oferecer ao planeta não apenas créditos, mas um novo paradigma de desenvolvimento baseado em natureza”, completa Plastino.
Nos bastidores da COP30, espera-se que as discussões avancem sobre a integração entre os mercados regulado e voluntário, a governança dos registros de créditos e a definição de critérios de adicionalidade e rastreabilidade. O objetivo é fortalecer a confiança dos investidores e garantir que cada tonelada de carbono evitada corresponda a um benefício ambiental real e mensurável.



