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[Artigo] Assinaturas impulsionam transformação no consumo digital


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18/11/2025 13h44

[Artigo] Assinaturas impulsionam transformação no consumo digital

Gabriel Moreira


Por Luan Gabellini, CEO da Betalabs*

A venda recorrente deixou de ser uma tendência para se consolidar como uma resposta estratégica às transformações profundas do consumo digital. Em um cenário em que conquistar novos clientes custa cada vez mais caro e a atenção se dispersa entre inúmeras opções, insistir no modelo de venda única é escolher uma estratégia de curto prazo. Empresas dependentes de transações pontuais perdem previsibilidade de caixa, reduzem sua capacidade de investimento e deixam de construir relacionamentos duradouros com o público. De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o e-commerce nacional movimentou R$ 204,3 bilhões em 2024, e o modelo de assinaturas cresceu 41% nos últimos três anos, um sinal inequívoco de que a chamada economia da recorrência já é uma realidade consolidada.

Quando se observa o impacto financeiro desse formato, entende-se por que tantas empresas têm migrado para ele. A previsibilidade de receita é apenas o ponto de partida. O modelo recorrente amplia o valor de vida útil do cliente (LTV), sustenta estratégias de fidelização, upsell e cross-sell e aumenta a resiliência diante das oscilações de mercado. Segundo a consultoria Zuora, companhias com receita recorrente crescem, em média, 4,6 vezes mais rápido do que aquelas baseadas em vendas únicas. O relatório Subscription Economy Index 2024, da mesma consultoria, reforça o contraste ao mostrar que negócios recorrentes registraram alta média de 11,6% na receita anual, enquanto empresas tradicionais avançaram apenas 4,1%. Em um ambiente econômico incerto, combinar previsibilidade e escalabilidade é um diferencial competitivo de enorme valor.

Mas migrar para a recorrência está longe de ser apenas trocar o botão de compra por um plano de assinatura. A mudança exige rever processos operacionais, repensar indicadores e adotar soluções de pagamento eficientes. Um dos principais desafios está na recuperação de transações falhas e no controle da inadimplência. Dados da Adyen mostram que cerca de 10% das assinaturas são canceladas por falhas de pagamento e não por decisão do consumidor. Ferramentas de retry inteligente e atualização automática de cartões ajudam a resolver esse gargalo, reduzindo o churn involuntário e garantindo estabilidade à base de receita.

É verdade que o modelo também enfrenta críticas. A chamada fadiga de assinaturas é real. Pesquisa da Deloitte, de 2024, mostra que 45% dos consumidores cancelaram ao menos um serviço nos seis meses anteriores. Ainda assim, 70% permanecem fiéis aos programas que oferecem conveniência, personalização e benefícios tangíveis. O problema, portanto, não está no formato de cobrança, mas na experiência que cada marca é capaz de oferecer. Quando há valor percebido, o vínculo se torna emocional, e a assinatura passa a fazer parte da rotina. É o que explica o sucesso de plataformas como Netflix e Spotify ou, no Brasil, de clubes como Wine e Glambox, que transformaram o consumo recorrente em uma extensão natural do estilo de vida de seus clientes.

Adotar um modelo de recorrência exige mais do que ajuste financeiro. Requer mudança cultural. É preciso rever políticas de precificação, redefinir métricas de sucesso e adotar uma mentalidade voltada à retenção, e não apenas à aquisição. Segundo dados da Statista, o mercado global de vendas recorrentes movimentou mais de US$ 2 trilhões em 2024 e deve ultrapassar US$ 3 trilhões até 2027, consolidando-se como um dos motores centrais da nova economia digital.

Em um mercado de custos de aquisição crescentes e consumidores que priorizam acesso, conveniência e continuidade, apostar na recorrência deixou de ser uma opção. É uma decisão de sobrevivência. Vender mais para os mesmos clientes, de forma previsível e sustentável, é hoje uma das estratégias mais inteligentes para garantir crescimento duradouro. As empresas que compreenderem essa virada sairão à frente, enquanto aquelas que insistirem em modelos puramente transacionais correm o risco de assistir à revolução do e-commerce de fora, vendo o mercado avançar sem elas rumo à era da recorrência.

*Luan Gabellini é empreendedor e especialista em tecnologia para e-commerce e vendas recorrentes. Atua como CEO da Betalabs, empresa brasileira que desenvolve plataformas SaaS voltadas para a gestão de assinaturas e automação de negócios digitais.


 





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