- mell280
12/12/2025 11h59
Intervenção de Alckmin evita colapso na cadeia têxtil e abre diálogo para nova política industrial
Vice-presidente atendeu apelo do setor e articulou a revogação da medida antidumping sobre fios de poliamida 6, que poderia elevar os custos em até 76% e comprometer milhares de empregos em todo o país
O vice-presidente Geraldo Alckmin, em diálogo direto com representantes da indústria têxtil brasileira, desempenhou papel decisivo na revogação da medida antidumping sobre fios de poliamida 6 importados da China. A intervenção evitou um colapso na cadeia produtiva e abriu caminho para o desenvolvimento de uma nova política industrial para o setor.
A medida antidumping, que estipulava uma sobretaxa de US$ 1,97 por quilo de fio, poderia elevar em 76% o custo do insumo, resultando em um aumento de até 30% no preço final de produtos como roupas esportivas, íntimas e uniformes escolares, além de comprometer milhares de empresas em toda a cadeia têxtil. A revogação garantiu a continuidade da produção e assegurou estabilidade ao mercado nacional.
A reunião contou com a participação dos senadores Esperidião Amin e Cid Gomes, que contribuíram para a articulação política que resultou na suspensão da medida e na abertura de um novo canal permanente de diálogo entre a indústria e o governo.
Equilíbrio e escuta técnica
Os empresários apresentaram dados técnicos e projeções que não estavam visíveis no escopo inicial da medida. O governo demonstrou escuta ativa e responsabilidade econômica ao avaliar o impacto sistêmico sobre toda a cadeia.
A dependência absoluta de poliamida 6 importada torna o setor vulnerável a rupturas imediatas. “Qualquer encarecimento ou restrição antes de existir produção nacional teria efeito direto nos custos, nos preços ao consumidor, na competitividade das empresas e no emprego”, afirma Paulo Boss Demo, sócio e COO da LIVE!, de Jaraguá do Sul (SC).
Segundo Demo, o diálogo com o vice-presidente Alckmin foi o ponto de virada: “ele evitou um choque econômico que atingiria toda a cadeia têxtil do país. Agora temos a oportunidade de construir uma política industrial coerente com a realidade do mercado e com a necessidade de fortalecer a indústria têxtil nacional.”
Além da LIVE!, Texneo, Diklatex, Rosset, DeMillus, CrisDu e Moça Bella apresentaram dados técnicos e socioeconômicos que embasaram a decisão final.
Desafios da indústria têxtil
O Brasil consome 80 mil toneladas anuais de poliamida 6, sendo cerca de 50% provenientes da Huading Nylon. Não há produção nacional desse insumo. Já a poliamida 6.6, produzida no país pela Solvay e pela Nilit, não substitui a poliamida 6 utilizada nas aplicações têxteis. A aplicação da medida antidumping poderia gerar desabastecimento já em janeiro de 2026.
Segundo Fabrício Axt, sócio-diretor da Texneo,“por não haver produção nacional de fios de poliamida 6, a aplicação do antidumping refletiria diretamente na competitividade do mercado, estimulando a entrada de produtos importados já confeccionados e desestruturando uma cadeia produtiva que ocupa a 4ª posição mundial em produção de vestuário.”
Empregos afetados
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), a indústria têxtil e de confecção compreende 25,3 mil empresas com mais de cinco funcionários, gerando 1,3 milhão de empregos diretos e contribuindo com R$ 32,9 bilhões em salários e remunerações. Os dados ratificam a posição da indústria têxtil e de confecção brasileira entre as maiores do mundo.
No encontro com o vice-presidente as empresas destacaram que o impacto atingiria toda a cadeia produtiva e comercial. Entre os dados apresentados:
- Rosset – 1.200 empregos diretos
- RVB – 600 empregos diretos
- Comercial Marimar – 90% das compras de PA6 provenientes de importação
- DeMillus – 8.000 empregos diretos + 280 mil mulheres revendedoras
- CrisDu – 900 empregos diretos + 220 mil mulheres na força comercial
- LIVE! – 3.000 empregos diretos e 4.000 indiretos
- CPS – 5.500 empregos diretos
- Moça Bella – 3.000 empregos diretos
Essas empresas representam elos estratégicos, desde a produção de malhas até a confecção e o varejo.
Comércio exterior e arrecadação
As importações brasileiras de poliamida 6 representam aproximadamente US$60 milhões em arrecadação anual, ou cerca de R$340 milhões, reforçando o peso fiscal e econômico desse insumo para o país.
Com a decisão do governo federal de suspender a aplicação imediata da medida, abre-se espaço para uma política industrial específica para o setor têxtil, voltada à inovação, previsibilidade e redução da dependência externa. As empresas reiteram o compromisso de construir, com o governo, um ambiente produtivo robusto e competitivo.



