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Brasil, terra do improviso? Fraca gestão compromete a competitividade no país, aponta especialista


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  • mell280

10/01/2025 14h09

Brasil, terra do improviso? Fraca gestão compromete a competitividade no país, aponta especialista

Agência Souk


Mestre em Administração por Harvard, Stephen Kanitz, explica porque a cooperação molda o destino das nações

Ao longo da história, a capacidade humana de cooperar em grande escala definiu o progresso das civilizações. Desde tribos nômades até impérios globais, a chave para a sobrevivência sempre foi a organização eficiente de pessoas em torno de objetivos comuns. 

“Contrariando expectativas, não foi o direito, a sociologia ou a economia que mais contribuiu para a cooperação humana, mas sim a administração”, afirma Stephen Kanitz, mestre em administração por Harvard e bacharel em Contabilidade pela USP. 

De pequenas oficinas a conglomerados internacionais, a arte de gerir pessoas e recursos permitiu que sociedades prosperassem.

Por mais de dois milênios, o número médio de trabalhadores em uma fábrica de arados era de apenas 10 pessoas. Somente em 1820 esse número subiu para 100, e até 1950, chegou a 500. Hoje, empresas globais contam com até 2,3 milhões de funcionários, unidos por um propósito comum.

Kanitz explica que esse avanço foi possível graças à administração profissional, que transformou pessoas desconhecidas em equipes produtivas. Esse modelo rompeu com o antigo formato de empresas familiares, baseadas em vínculos pessoais e laços de sangue.

Apesar disso, a importância da administração ainda é subestimada. Economistas seguem exaltando a "mão invisível" de Adam Smith, ignorando a "mão visível" do administrador — conceito central no clássico "The Visible Hand", de Alfred Chandler. Infelizmente, essa obra nunca foi traduzida para o português, limitando seu impacto no Brasil.

Em Sapiens - Uma Breve História da Humanidade, Yuval Harari argumenta que a capacidade de cooperação em grande escala é uma das principais razões para o sucesso da espécie humana. Ele atribui essa capacidade a estruturas sociais, narrativas compartilhadas e sistemas de crenças, como religiões, mitos e instituições políticas.

No Brasil, essa ausência de valorização histórica resultou em políticas econômicas mal implementadas. Em 1945, durante o governo de Getúlio Vargas, escolas de administração foram desativadas, privando o país de uma formação sólida nessa área.

Como consequência, a economia nacional foi moldada por pequenas empresas familiares, nas quais a gestão formal nunca foi uma prioridade. Isso impediu a formação de grandes corporações brasileiras competitivas no mercado global.

“O Brasil não é o país da cooperação em larga escala, mas sim do cada um por si”, afirma Kanitz. Enquanto o direito definiu regras sociais e a engenharia facilitou a interação entre humanos e máquinas, a administração continua sendo negligenciada no Brasil. Sem grandes multinacionais próprias, o país depende de commodities como soja e minério.

Kanitz argumenta que uma política econômica ancorada na administração pode corrigir esse curso. Para ele, uma economia de mercado eficiente precisa de gestores qualificados tanto quanto de liberdade econômica.

“O futuro do Brasil depende de um resgate da ciência da administração como motor de empresas mais competitivas e uma sociedade mais cooperativa no cenário global”, finaliza.

 

 





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