- mell280
15/01/2025 16h03
Hamas diz que acordo de cessar-fogo é um 'grande ganho' e afirma que Israel fracassou em ocupação de Gaza
Sami Abu Zuhri disse que tratado foi alcançado pela resistência do povo de Gaza. Acordo será implementado em fases e promete pôr um fim definitivo ao conflito.
Uma liderança do Hamas ouvida pela agência Reuters afirmou que o acordo de cessar-fogo alcançado com Israel é um "grande ganho". O tratado foi anunciado nesta quarta-feira (15) e entrará em vigor a partir de domingo (19). Segundo Catar e Estados Unidos, o acordo será implementado em fases e permitirá o fim definitivo da guerra, além da libertação de todos os reféns que estão sob o poder do Hamas na Faixa de Gaza. À Reuters, Sami Abu Zuhri, uma autoridade do grupo terrorista, disse que o acordo reflete a "firmeza de Gaza, de seu povo e pela bravura de sua resistência".
"Isso também reafirma o fracasso da ocupação em alcançar qualquer um de seus objetivos", disse Sami Abu Zuhri, se referindo a Israel.
A guerra na Faixa de Gaza começou no dia 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense e lançaram um ataque em larga escala. Naquele dia, mais de 1.200 pessoas morreram e outras 200 foram sequestradas em Israel.
Nos dias seguintes, Israel declarou guerra ao Hamas e iniciou uma operação terrestre na Faixa de Gaza. De lá para cá, o território palestino foi amplamente destruído, provocando uma crise humanitária na região.
Mais de 46 mil pessoas morreram em Gaza, sendo a maioria mulheres e crianças, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
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Um homem acena bandeiras palestinas enquanto os palestinos reagem às notícias sobre um acordo de cessar-fogo com Israel, em Deir Al-Balah, Gaza — Foto: REUTERS/Ramadan Abed
Principais pontos do acordo de cessar-fogo
O acordo de cessar-fogo prevê uma série de medidas que serão aplicadas em três fases. A última fase daria início a uma reconstrução de Gaza e levaria ao término definitivo da guerra — não há garantias, no entanto, de que isso acontecerá de fato.
Veja abaixo os principais pontos do acordo, baseado em parâmetros estabelecidos pelo presidente dos EUA, Joe Biden, e endossado pelo Conselho de Segurança da ONU.
- Libertação dos reféns
Na primeira fase, que durará cerca de um mês e meio, o acordo prevê a devolução de todos os reféns civis — vivos ou mortos.
Em um primeiro momento, 33 deles serão libertados. Isso inclui crianças, mulheres (sendo cinco soldados israelenses do sexo feminino), homens acima de 50 anos, feridos e doentes. Israel acredita que a maioria está viva, mas não recebeu confirmação oficial do Hamas.
Se seguir conforme o planejado, no 16º dia após o início do acordo, começariam negociações para uma segunda etapa, na qual os demais reféns vivos — soldados homens e civis jovens do sexo masculino — seriam libertados, e os corpos dos sequestrados que morreram seriam devolvidos.
Em troca dos reféns, Israel libertará mais de 1.000 prisioneiros e detidos palestinos, incluindo 30 que cumprem sentenças de prisão perpétua.
No entanto, terroristas do Hamas que participaram do ataque de 7 de outubro de 2023 em Israel não serão libertados.
- Retirada de tropas israelenses
A retirada será feita em etapas, com as forças israelenses permanecendo ao longo da fronteira com Gaza para proteger as cidades e vilarejos fronteiriços de Israel.
Haverá arranjos de segurança no corredor da Filadélfia, uma faixa de território ao longo da fronteira de Gaza com o Egito, ao sul do território palestino, com Israel se retirando de partes dele após a primeira fase do acordo.
Residentes desarmados do norte de Gaza poderão retornar, com um mecanismo para garantir que nenhuma arma seja transportada para lá. Tropas israelenses se retirarão do corredor Netzarim, no centro de Gaza.
A travessia de Rafah, entre o Egito e Gaza, começará a operar gradualmente, permitindo a passagem de pessoas doentes e casos humanitários para tratamento fora do enclave.
- Aumento de ajuda humanitária
Haverá um aumento significativo na ajuda humanitária à Faixa de Gaza, onde organizações internacionais, incluindo a ONU, afirmam que a população enfrenta uma grave crise humanitária. Israel permite a entrada de ajuda no enclave, mas há uma discrepância entre a quantidade permitida a entrar em Gaza e a que realmente chega às pessoas necessitadas.
- Governança futura de Gaza
Quem administrará Gaza após a guerra é uma incógnita nas negociações. Parece que essa questão foi deixada de fora da proposta atual devido à sua complexidade e à probabilidade de atrasar um acordo limitado.
Israel afirmou que não encerrará a guerra com o Hamas no poder. Também rejeitou que Gaza seja administrada pela Autoridade Palestina, entidade apoiada pelo Ocidente e criada sob os acordos de paz provisórios de Oslo, há três décadas, que exerce soberania limitada na Cisjordânia ocupada.
Israel declarou desde o início de sua campanha militar em Gaza que manterá o controle de segurança sobre o enclave após o fim dos combates.
A comunidade internacional insiste que Gaza deve ser administrada pelos palestinos, mas esforços para encontrar alternativas entre líderes da sociedade civil ou clãs locais têm sido amplamente infrutíferos.
No entanto, houve discussões entre Israel, Emirados Árabes Unidos e Estados Unidos sobre uma administração provisória para governar Gaza até que uma Autoridade Palestina reformada possa assumir o controle.
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