- mell280
30/06/2025 09h37
ABIA: insumos estratégicos têm leve recuo nos custos em maio
Cenário favorece planejamento das indústrias de alimentos e reforça competitividade do país como fornecedor global de alimentos
O relatório de monitoramento de preços e abastecimento das principais matérias-primas agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), com resultados de maio, revela um cenário de estabilidade e leve recuo nos custos de insumos estratégicos como trigo, , soja, arroz e açúcar, favorecendo o planejamento das indústrias e reforçando a posição do Brasil como fornecedor global competitivo.
“Em um momento de alta volatilidade internacional e câmbio ainda pressionado, o desempenho das nossas cadeias agrícolas tem sido fundamental para conter os custos da indústria e promover o acesso aos alimentos à população”, afirma Cleber Sabonaro, gerente de economia e inteligência competitiva da ABIA.
Em maio, o dólar registrou uma ligeira retração, com média de R$ 5,67, representando uma queda mensal de 2,01%. No entanto, no acumulado dos últimos 12 meses, a moeda norte-americana mantém uma valorização de 10,4%. Paralelamente, o índice de preços de alimentos da FAO apresentou redução de 0,8% no mês, embora acumule alta de 6% no ano, impulsionada principalmente pelos aumentos nos preços de carnes e laticínios. Por sua vez, os segmentos de óleos vegetais, açúcar e cereais demonstraram maior estabilidade ao longo do período analisado.
“O Brasil se mantém como um dos pilares da segurança alimentar global. A indústria de alimentos precisa continuar investindo em inovação, produtividade e relações sustentáveis com o campo para manter essa vantagem estratégica”, conclui Sabonaro.
Trigo: produtividade e clima atenuam efeitos da entressafra
A produção nacional deve crescer 3,8%, de acordo com estimativa da Conab, a safra de trigo deve alcançar 8,19 milhões de toneladas. Os preços no Paraná, principal estado produtor, caíram 1% em maio, mesmo durante a entressafra.
No mercado externo, os preços seguem sob pressão de baixa, influenciados pela produção recorde global e pelo alto volume de exportações, especialmente dos Estados Unidos.
Milho: safrinha impulsiona oferta e preços recuam apesar da demanda aquecida
A produção brasileira de milho na safra 2024/25 está estimada em 128,2 milhões de toneladas, com crescimento de 11% em relação ao ciclo anterior. A chamada “safrinha”, responsável por cerca de 80% da produção, avança com bom desempenho nos principais estados produtores, como Mato Grosso e Paraná, beneficiados por condições climáticas favoráveis.
Internamente, os preços apresentaram queda de 12,4% em maio, mesmo com demanda interna elevada para alimentação animal e ração, especialmente nas cadeias de aves e suínos. No comparativo anual, o milho ainda acumula alta de 24,4%, reflexo das pressões de custo no início do ciclo agrícola.
“O milho é peça central na alimentação animal e seu abastecimento afeta diretamente a cadeia de proteínas, que é essencial para o consumidor e para a exportação brasileira. A safra recorde vem em boa hora para aliviar os custos industriais”, afirma Sabonaro.
No mercado internacional, os preços também recuaram em maio (-5,2%), embora a produção global tenha sido revista para cima pelo United States Department of Agriculture (USDA - em Português, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que projeta 1,266 bilhão de toneladas. Ainda assim, a redução dos estoques mundiais e o alto consumo mantêm o mercado em alerta.
Soja: safra recorde e disputa comercial entre EUA e China favorecem Brasil
Com produção estimada em 169,6 milhões de toneladas e crescimento de 14,8% em relação à safra anterior, a soja brasileira mantém sua força como carro-chefe do agronegócio nacional. A alta produtividade e a ampliação das áreas plantadas foram determinantes para o resultado.
No mercado interno, os preços registraram queda de 1,3% em maio, influenciados por uma ampla oferta que pressiona os valores para baixo. Essa tendência contribuiu para uma retração acumulada de 2,2% no ano em relação ao mesmo período do ano anterior, refletindo um cenário de maior disponibilidade e equilíbrio entre oferta e demanda. Em contrapartida, os preços internacionais (FOB) apresentaram alta de 1,9% no mês, embora ainda acumulem uma queda expressiva de 15,5% no ano. Esse comportamento indica volatilidade no mercado externo, impactada por fatores conjunturais e ajustes sazonais que afetam a dinâmica dos preços globais, gerando oscilações pontuais apesar da tendência de redução ao longo do ano.
“A disputa comercial entre os Estados Unidos e a China cria uma janela de oportunidade para o Brasil fortalecer seu papel como fornecedor preferencial de soja no mundo.”, avalia Sabonaro.
Óleo de soja: demanda aquecida no biodiesel equilibra preços
O óleo de soja, derivado estratégico da soja, apresentou queda de 2,1% nos preços internos em maio, apesar de acumular alta de 24,7% em 12 meses, o que mostra um arrefecimento recente após meses de pressão inflacionária.
A produção nacional para 2024/25 é estimada em 11,2 milhões de toneladas, crescimento de 5,6%, enquanto o consumo interno é projetado em 9,69 milhões de toneladas, impulsionado pela elevação do percentual de biodiesel no diesel, de 14% para 15% desde março. As exportações também devem subir, chegando a 1,4 milhão de toneladas (+7,7%).
“Mesmo com a pressão global sobre óleos vegetais, o mercado brasileiro vem reagindo com oferta ampliada e bom desempenho no processamento. O setor de biodiesel ajuda a garantir escoamento da produção e contribui para manter os preços sob controle”, analisa Sabonaro.
Internacionalmente, os preços ainda estão elevados, mas sob tendência de queda nos próximos meses, devido à oferta mais robusta e demanda relativamente estável.
Arroz: colheita antecipada derruba preços no mercado interno
A safra 2024/25 de arroz está estimada em 12,15 milhões de toneladas, um crescimento de 14,9%, alavancado por preços atrativos no momento do plantio, boas condições climáticas e investimentos em tecnologia. Os preços do arroz em casca caíram 3,4% em maio e 35,5% na avaliação interanual , puxados pela antecipação da safra e maior oferta no mercado interno.
“O arroz é um alimento-símbolo da segurança alimentar. Ter uma safra forte como essa reduz a pressão sobre o bolso do consumidor e ajuda a indústria a planejar estoques e preços com mais previsibilidade”, afirma Cleber Sabonaro, gerente de economia e inteligência competitiva da ABIA.
No cenário internacional, o USDA projeta uma produção global recorde de 541,6 milhões de toneladas, com destaque para a Índia, principal produtora mundial, beneficiada pelo início antecipado das monções e chuvas abundantes. Esse cenário reforça a tendência de oferta global elevada e menor pressão sobre os preços ao longo dos próximos meses.
Açúcar: oferta interna robusta e etanol competitivo aliviam pressão
O açúcar teve recuo de 3,4% nos preços domésticos em maio, em meio a uma safra favorável de cana-de-açúcar, estimada em 45,9 milhões de toneladas no Nordeste (aumento de 4%). A produção nacional segue em alta, beneficiada pela produtividade e clima estável.
“O equilíbrio entre etanol e açúcar é determinante no mercado. Com o petróleo em alta, o etanol se torna mais competitivo, reduzindo a oferta global de açúcar e sustentando os preços externos. No Brasil, no entanto, a boa safra está ajudando a conter aumentos”, explica Sabonaro.
No cenário global, o USDA estima produção mundial de 189,3 milhões de toneladas em 2025/26, enquanto o consumo sobe apenas 1,4%, o que também ajuda a evitar choques de preço.
Leite: produção firme mantém abastecimento estável
O preço do leite subiu 5,2% em maio e 17,9% em 12 meses, mas a produção nacional segue em alta mesmo na entressafra, com previsão de crescimento entre 2% e 2,5% em 2025. O equilíbrio entre oferta e demanda é favorecido pelas boas condições climáticas e pela recuperação das importações internacionais.
Café: safra recorde de conilon, mas estoques globais ainda baixos
A safra de café conilon está estimada em 18,7 milhões de sacas de 60 kg, um crescimento de 27,9%. Os preços caíram 8,4% em maio, mas acumulam alta de 54% em 12 meses, impulsionados pela baixa oferta global e estoques reduzidos.
Cacau: preços voláteis, mas oferta tende à normalização
O cacau subiu 0,6% em maio e 18,8% em 12 meses. A produção no Brasil foi ajustada para 292,4 mil toneladas e a produção mundial deve crescer 7,8%, puxada pela África. O mercado internacional está mais atento à qualidade do grão, após chuvas tardias afetarem lotes na Costa do Marfim.
Acesse o relatório completo: https://abia.org.br/commodities.php
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Sobre a ABIA
Criada em 1963, a ABIA é a maior representante da indústria de alimentos no País. Fazem parte da associação empresas produtoras de alimentos, bebidas, tecnologias e ingredientes: indústrias de pequeno, médio e grande portes, presentes em todo o território nacional, brasileiras e multinacionais que, juntas, representam cerca de 80% do setor, em valor de produção. A indústria de alimentos e bebidas é a maior do Brasil: processa 62% de tudo o que é produzido no campo, reúne 41 mil empresas, produz 283 milhões de toneladas de alimentos por ano, gera 2,075 milhões de empregos diretos e representa 10,8% do PIB do País.